28/05/2018 as 10:32

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EDITORIAL: Adotar é gesto de amor



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O Brasil discute, com mais atenção, o cadastro nacional de crianças e adolescentes que aguardam pela adoção. No Dia Nacional da Adoção, lembrado nesta sexta, 25, estima-se que 8,7 mil crianças e adolescentes em todo o país ainda aguardam uma família em meio a um total de 43,6 mil pessoas que constam como pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na última década mais de nove mil adoções foram realizadas no país, sendo 420 entre janeiro e maio deste ano. A entidade afirma que, por meio do cadastro eletrônico, criado em 2008, varas de infância de todo o país passaram a se comunicar com maior facilidade, o que agilizou as chamadas adoções interestaduais. Até então, os processos de adoção dependiam de busca manual por parte das varas de infância para conseguir uma família.

Esses números são consequência da falta de políticas públicas ao longo de muitos anos e da demora em se olhar para o contexto do abrigamento e do acolhimento. Grande parte dessas 8,7 mil crianças e adolescentes é composta por grupos de irmãos e por menores com algum tio de deficiência. Em Sergipe, segundo o cadastro, é muito baixa à média anual de adoções. Em 2015 foram apenas seis. No ano seguinte, houve um crescimento expressivo de adoções: 22. Em 2017 foram 23 adoções e este ano, até o mês de abril, foram apenas três adoções em Sergipe.

Um dos problemas que travam a adoção é que se deixa tudo sob a responsabilidade dos pretendentes. Outro dado que pesa é a questão da idade e do sexo: maioria quer criança pequena, e de preferência, menina. Há ainda a falta de profissionais trabalhando no processo que antecede o abrigamento. Enfim, são vários aspectos a serem analisados nessa discussão.

O CNJ disponibiliza, em seu portal, a publicação “Três Vivas para a Adoção” – uma espécie de guia com um passo a passo explicativo, informações sobre busca ativa e os diversos tipos de adoção. É possível ler ainda depoimentos de famílias que se formaram por meio do processo, com histórias envolvendo adoção tardia e adoção de crianças com deficiência, entre outras.

Nessa discussão cabe ainda abrir cada vez mais o processo para pretendentes internacionais. É preciso quebrar paradigmas e frear o discurso xenofóbico de quem, por preconceito ou por desconhecimento, defende que crianças e adolescentes que não despertaram o interesse para uma adoção nacional permaneçam no país, em vez de serem adotados internacionalmente.

O que devemos buscar é viabilizar o melhor atendimento ao interesse das crianças e adolescentes.