03/07/2018 as 09:25

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EDITORIAL: Será outra promessa não cumprida?

Os planos do Governo não podem ficar apenas no papel. A Transnordestina saiu do papel, mas se tornou um grande descaso.

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A greve dos caminhoneiros mostrou como o país é dependente do transporte rodoviário. Por várias ocasiões o governo mostrou vontade de criar alternativas, anunciando incentivos para hidrovias e ferrovias, mas nada saiu do papel, como a Transnordestina, ferrovia que prometia levar progresso a três estados e ampliar a malha ferroviária do país.

Agora o Governo Federal anuncia que recorrerá à iniciativa privada para construir ferrovias consideradas estratégicas. Em troca, essas empresas terão outros contratos, como concessão de linhas férreas, renovados por 30 anos. Dois projetos terão prioridade. O primeiro será a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). O segundo, o Ferroanel, de São Paulo.

É louvável o desejo do governo de ampliar a capacidade de transporte da malha ferroviária brasileira nos próximos sete anos. Atualmente, apenas 15% das cargas no país são transportadas por trem. A pretensão é aumentar para 31% até 2025 com realização de investimentos de infraestrutura em parceria com o setor privado.

O governo anunciou a inclusão no programa de 14 empreendimentos que gerarão um investimento de R$ 100 bilhões nos próximos anos. E também anunciou o lançamento dos editais de concessão, por 30 anos, da Rodovia Integração Sul, formada pelas BRs 101, 290, 386 e 448, no Rio Grande do Sul, e o início dos estudos para a concessão das BRs 153, 282 e 470, em Santa Catarina.

Dos projetos considerados prioritários no Programa de Parcerias de Investimentos, 95 empreendimentos já foram concluídos e vão gerar cerca de R$ 150 bilhões nos próximos anos. A União aprovou a modelagem (regras para a concessão) da Ferrovia Norte-Sul e das Rodovias de Integração Sul.

A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) deverá proporcionar a ligação do Estado do Mato Grosso à Ferrovia Norte-Sul. Inicialmente, vai ligar o Município de Água Boa (MT) a Campinorte (GO). O Ferroanel Norte será um ramal ferroviário de 53 quilômetros que vai desviar os trens de carga que hoje dividem os trilhos com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

Os planos do governo não podem ficar apenas no papel. A Transnordestina saiu do papel, mas se tornou um grande descaso. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o contrato atual da obra previa que a ferrovia deveria ter sido concluída no fim de janeiro. Em uma década, no entanto, apenas 600 quilômetros de trilhos foram colocados de 1.753 da extensão total.

No restante do trajeto, que atravessa 35 municípios em Pernambuco, 28 no Ceará e 18 no Piauí, não há nenhum sinal de trabalho em andamento. O ponto de partida é a cidade de Salgueiro, cuja posição estratégica, equidistante de várias capitais do Nordeste, a transformou em epicentro da Transnordestina. É por isso que o município abriga o canteiro industrial da obra. Mas está tudo parado.