16/07/2018 as 07:22

EDITORIAL

Saúde pública até quando?

O SUS é uma dor de cabeça em períodos de bonança financeira, e em tempos de crise é o caos

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O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma dor de cabeça em períodos de bonança financeira, e em tempos de crise é o caos. E está definhando ainda mais. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), com base no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde, em oito anos mais de 34,2 mil leitos do SUS foram fechados. Nada menos que uma média de 12 leitos desativados por dia.


Ainda segundo o levantamento, em maio de 2010 o Brasil tinha 336 mil leitos para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), número que caiu para 301 mil em 2018, o que representa uma média de 12 leitos fechados por dia ao longo do período analisado. Somente nos últimos dois anos, mais de oito mil unidades foram desativadas.


As especialidades com a maior quantidade de leitos fechados, em nível nacional, são psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. Tudo isso por má gestão. Onde o SUS é bem cuidado, gerido com responsabilidade, o cenário é bem diferente. A redução de leitos significa a diminuição de acesso a 150 milhões de brasileiros que recorrem ao SUS para atenção à saúde. Sem leitos de internação não há como o profissional médico prestar os seus cuidados ao paciente.


Os dados coletados pelo CFM mostram queda dos leitos em 22 estados e 18 capitais. A região Sudeste apresentou a maior redução de leitos, com o fechamento de quase 21,5 mil em oito anos – o representa uma queda de 16% em relação ao número de leitos existentes na região em 2010. Só no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 9.569 leitos foram desativados desde 2010. Na sequência, aparecem São Paulo (-7.325 leitos) e Minas Gerais (-4.244).


Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, a diminuição foi de cerca de 10% dos leitos no período apurado, com saldo negativo de 2.419 e 8.469, respectivamente. O Sul foi a região com a menor redução, tanto em números absolutos – menos 2.090 unidades –, quanto em proporção (-4%). Já no Norte, houve crescimento de 1%.


Entre as capitais, Rio de Janeiro teve a maior perda de leitos na rede pública (-4.095), seguida por Fortaleza (-904) e Curitiba (-849). Nove delas – Belém, Boa Vista, Cuiabá, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Salvador e São Luís – elevaram o indicador. 


Outra constatação é que enquanto a rede pública teve 10% dos leitos fechados desde 2010 (34,2 mil), as redes suplementar e privada aumentaram em 9% (12 mil) o número de leitos em oito anos. Conforme o levantamento, os leitos privados cresceram em 21 estados até maio de 2018. Apenas Rio de Janeiro e Maranhão sofreram decréscimos: 1.172 e 459 leitos.


O SUS definha e o brasileiro que não pode pagar um plano de saúde acaba prejudicado por maus gestores. É inconcebível que o sistema continue perdendo leitos.