16/11/2018 as 07:49

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EDITORIAL: Um país cada vez mais desigual

Estados do Nordeste estão entre os cinco com maior desemprego: Sergipe (17,5%), Alagoas (17,1%), Pernambuco (16,7%) e Bahia (16,2%).

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O problema do desemprego, no Brasil, não é apenas uma questão de ocupação do mercado de trabalho. É muito mais do que uma estatística econômica, é um grave problema social. Está na cor e na área onde residem os brasileiros que estão sem trabalho.


Essa triste realidade está estampada nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa consta na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad Contínua Tri). A taxa de desocupação no Brasil caiu para 11,9% no terceiro trimestre de 2018, mas chega a 14,4% na região Nordeste, a 13,8% para a população parda e a 14,6% para a preta – grupos raciais definidos na pesquisa conforme a declaração dos entrevistados.


Esses números mostram que o mercado de trabalho é discriminatório na hora de selecionar candidatos. Quando analisado o gênero, as mulheres, com 13,6%, têm uma taxa de desemprego maior que a dos homens, de 10,5%. Quatro estados do Nordeste estão entre os cinco com maior desemprego: Sergipe (17,5%), Alagoas (17,1%), Pernambuco (16,7%) e Bahia (16,2%).


A região Sul tem a menor taxa de desocupação do país, com 7,9%, e Santa Catarina é o Estado com o menor percentual, de 6,2%. No trimestre anterior, a região Sul tinha taxa de desocupação de 8,2% e o Nordeste, 14,8%.


Do contingente de 12,5 milhões de pessoas que procuraram emprego e não encontraram, 52,2% eram pardos, 34,7% eram brancos e 12% eram pretos. Tais percentuais diferem da participação de cada um desses grupos na força de trabalho total: pardos (47,9%), brancos (42,5%) e pretos (8,4%).


No terceiro trimestre de 2018, o número de desalentados somou 4,78 milhões de pessoas. O contingente ainda está próximo dos 4,83 milhões contabilizados no segundo trimestre, o maior percentual da série histórica. O IBGE considera desalentado quem está desempregado e desistiu de procurar emprego.


O Nordeste é o mais afetado e Sergipe lidera essa triste realidade. O percentual de pessoas desalentadas chegou a 4,3% e tem sua maior taxa no Maranhão e em Alagoas onde chega a 16,6% e 16%. O Maranhão também tem o menor percentual de trabalhadores com carteira assinada (51,1%).


A taxa de subutilização da força de trabalho no Brasil foi de 24,2%, o que representa 27,3 milhões. Esse número soma quem procurou emprego e não encontrou, quem não procurou, quem procurou e não estava mais disponível para trabalhar e quem trabalha menos de 40 horas por semana e que gostaria de trabalhar mais. A população ocupada somou 92,6 milhões de pessoas. Somos um país cada vez mais desigual.