10/01/2019 as 07:46

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EDITORIAL: Interiorização de imigrantes



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O processo de interiorização dos venezuelanos, que começou em abril do ano passado, organizado pela Casa Civil da Presidência da República e a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), continua levando os imigrantes da capital Boa Vista, no Estado de Roraima (RR), para que se estabeleçam em outros Estados. Até agora, 3.271 imigrantes foram levados pelo programa federal para 29 cidades, como São Paulo, Manaus, Brasília, Curitiba e Rio de Janeiro. Sergipe recebeu ontem 35 deles, que terão atenção especial da Igreja Católica.


Conforme avaliação da pesquisadora do Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rosana Baeninger, um processo de interiorização promovido pelo Governo Federal pode proporcionar mais garantias de direitos aos imigrantes. Ela entende que a presença do Estado e de outros atores institucionais, como a Acnur, o Fundo de Populações das Nações Unidas e as instituições que recebem esses imigrantes nas cidades, têm um ponto importante que é justamente a garantia dos direitos humanos.


Essas instituições em conjunto tentarão uma inserção laboral que acaba sempre tentando proteger de condições análogas ao trabalho escravo. A presença do Estado nessas migrações, que eu chamo de migrações dirigidas, é importante por isso. Tem um acompanhamento inclusive da Acnur nesse processo, em que esses imigrantes já estão instalados nos abrigos”, acrescentou.


O grande número de venezuelanos entrando no Brasil pela fronteira de Pacaraima (RR) e Santa Elena de Uairén (Venezuela) faz com que o Estado de Roraima concentre a chegada dos imigrantes. Cerca de 5.700 venezuelanos estão acolhidos em 13 abrigos construídos pelo Governo Federal em Roraima, sendo 11 em Boa Vista e dois em Pacaraima.


O transporte dos venezuelanos para outros estados surgiu, então, da necessidade de diminuir a pressão sobre os serviços públicos de Roraima, além de oferecer oportunidades de trabalho aos imigrantes e assim eles passem a ter melhores condições de vida, reduzindo a presença do poder público em suas vidas.