10/05/2019 as 07:45

ARTIGOS

EDITORIAL: A UFS sobreviverá

Nos últimos dez dias, o clima de terror tomou conta das universidades federais.

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O Governo Federal não demonstra nenhum pingo de boa vontade em expandir o ensino público superior e também trabalha com o nítido propósito de reduzir o tamanho e os gastos das instituições federais de ensino superior, embora tenha conhecimento que essas Ifes são detentoras do que se pode chamar de ensino de qualidade no Brasil.


Nos últimos dez dias, o clima de terror tomou conta das universidades federais. Primeiro foi anunciado o desejo do MEC de fechar os cursos de Filosofia e Sociologia. Em seguida, o próprio MEC revelou cortes de até 30% das verbas orçamentárias da UnB, UFF e UFBA. Logo depois, a mesma medida foi direcionada para todas as Ifes, inclusive a Universidade Federal de Sergipe, a mais antiga e única pública existente no Estado, onde a falta de recursos financeiros poderá fazer com que paralise as suas atividades em setembro próximo.


A UFS é uma instituição muito jovem (seria uma recém-nascida, numa comparação com as mais antigas do mundo, as Universidades de Karaouine, fundada em 859, Universidade de Bolonha, 1088, Universidade de Oxford, 1096. Universidade de Salamanca, 1134, e a Universidade de Cambridge 1209) e completa 51 anos no próximo dia 16.


A Federal de Sergipe até recentemente era classificada como uma universidade de pequeno porte e hoje é avaliada como de médio porte, aproximando-se do grande. Ela vem crescendo muito nos últimos 20 anos. Saiu de um campus (São Cristóvão/Rosa Elze) para seis (Aracaju, Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto e Sertão) e os seus alunos somam hoje mais de 30 mil em todos eles.


Hoje contando com 113 opções de cursos de graduação em seus campi, 1.560 professores e 1.428 técnicos-administrativos, a UFS possui 54 programas de pós-graduação, quatro deles com nota cinco pela Capes. Aproximadamente 90% dos alunos de mestrado (1.511) e doutorado (724) do Estado. O número de programas de pós-graduação da UFS saiu de dez em 2007 para os atuais 54 em 2018, um crescimento de 440%. A UFS é uma instituição pública com mais de meio século de serviços prestados à sociedade, é a única universidade pública do Estado, patrimônio imaterial da sociedade sergipana.


A UFS é a única instituição de ensino do Estado que conta com dois hospitais universitários, um em Aracaju e outro em Lagarto. Esses hospitais atendem exclusivamente pelo SUS, incluindo serviço especializado para crianças portadoras de microcefalia. Nos campi há pesquisa para prevenção e tratamento de doenças como chikungunya e zika vírus, que atingem grande parte da população brasileira.


A instituição federal está na 38ª posição entre as melhores universidades do país pelo ranking da Folha de SP, além de ter papel fundamental na pesquisa científica do Brasil. É por tudo isso que a sociedade sergipana luta e defende a sua universidade, que vive hoje um momento ameaçador. Mas, acreditamos, sobreviverá.