21/06/2019 as 08:12

ARTIGOS

EDITORIAL: Ofertar saneamento é ofertar saúde

O Brasil tem até 2033 para universalizar o saneamento básico e pelos números está muito longe do ideal.

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Num levantamento realizado com 1.868 municípios, sobre saneamento básico – os demais 3,7 mil municípios brasileiros sequer possuem essas informações –, apenas 85 cidades possuem todos os requisitos para ofertar à população um sistema de saneamento básico adequado.


Os números foram divulgados pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, criando assim o Ranking da Universalização do Saneamento. Os municípios foram avaliados quanto à oferta de serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta e destinação adequada de resíduos sólidos.


Em cada uma das cinco categorias, as cidades receberam uma nota que vai até 100. Aqueles que tiveram um desempenho com a soma das notas acima de 489 ocuparam o topo do ranking e foram classificados como Municípios Rumo à Universalização. Na outra ponta, na base do ranking, estão aqueles que obtiveram nota abaixo de 200 e foram classificados como Primeiros Passos para a Universalização. Ao todo, 251 dos municípios avaliados ficaram nessa faixa. 


Os resultados foram alarmantes. Pior que as conclusões preocupantes sobre a falta de saneamento básico no país é constatar que 3,7 mil municípios brasileiros sequer possuem essas informações. Os dados são referentes a 2017. 


O Brasil tem até 2033 para universalizar o saneamento básico e pelos números está muito longe do ideal. O saneamento não é tratado como prioridade na grande maioria dos municípios. E deveria. O grande ganho do saneamento não está em si próprio, está na redução das doenças de veiculação hídrica. Esse é o grande ganho que os governantes têm que entender para poder promover mais serviços de saneamento.


A ausência de saneamento adequado e a falta de higiene têm impactos negativos significativos à saúde da população. A ausência desse serviço é apontada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como responsável por aproximadamente 88% das mortes por diarreia, segunda maior causa de mortes em crianças de até cinco anos. 


Estima-se que 94% dos casos de diarreia no mundo são devidos à falta de acesso à água de qualidade e ao saneamento precário. Melhorar esse sistema resulta também em melhorias na saúde. Ofertar saneamento é ofertar saúde.