19/09/2018 as 09:17

Salários

Mulheres têm mais diplomas do que homens

A estimativa da OCDE é que 80% das diplomadas trabalhem, enquanto entre os homens esse percentual é de 89%.

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Mulheres têm mais diplomas do que homensCLAUDIA Soledade, presidente da ABRH/SE

De acordo com o estudo “Panorama da educação”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado na terça-feira (11), em 2017, cerca de 50% das mulheres entre 25 e 34 anos tinham Ensino Superior contra apenas 38% dos homens. A estimativa da OCDE é que 80% das diplomadas trabalhem, enquanto entre os homens esse percentual é de 89%. Além disso, essas mulheres ganham 26% menos que o sexo masculino.

Para Claudia Soledade, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Sergipe (ABRH/SE), o dado levantado pela pesquisa é também uma realidade encontrada em Sergipe. Ela lembra que pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada esse ano revelou que as mulheres estudam mais, porém ganham menos 23,5% que os homens.

“É uma realidade! Vai levar um bom tempo para essa realidade mudar e sanarmos essa discriminação que ainda existe, mas estamos buscando essa conquista. Em 2001 foi feito um pacto global que levou as empresas a discutirem os problemas complexos que nós temos, dentre eles está a igualdade de gênero. Tais problemas não serão resolvidos só pelo governo, mas também pelas empresas, sociedade civil, de todos para que essas mudanças ocorram de forma mais acelerada. Estudos revelaram que ainda levará cerca de 80 anos para a mulher alcançar o mesmo patamar salarial dos homens, mas se depender dos movimentos hoje existentes trabalhando em prol dessa causa, isso com certeza vai reduzir e muito, pois várias são as ações mundiais para que isso aconteça de forma mais rápida”, aponta.

Questionada se existe certa “preferência” entre os patrões para que empreguem homens em vez de mulheres, e se questões biológicas exclusivas das mulheres como gravidez, menstruação e até mesmo as cólicas poderiam influenciar nessa preferência, a presidente da ABRH acredita que hoje não tanto, mas infelizmente ainda existem algumas pessoas com pensamento discriminatório.

“Na hora de avaliar as pessoas, é preciso focar nas competências do indivíduo, dar as mesmas oportunidades para homens e mulheres e avaliar pela sua capacidade de entrega, dedicação e resultados. A mulher é detalhista, tem visão sistêmica, empatia, capacidade de focar no resultado sem deixar de olhar para as relações, para as pessoas, consegue fazer com maestria mais de uma coisa ao mesmo tempo, investem mais na educação e no seu desenvolvimento. São competências que as diferenciam dos homens”, salienta.


Soledade comenta ainda que é possível que ainda haja em algumas empresas gestores com esse pensamento retrógrado o que pode inclusive, leva-la ao fracasso. “Mudar o mindset não é fácil, mas é possível quando temos a consciência que precisamos evoluir com o mundo e buscamos ver o que as organizações estão fazendo de melhorias. As empresas que se destacam no mundo têm políticas e práticas de gestão bem definidas e que incentivam, por exemplo, o empoderamento feminino, tem programas com estímulos para as mulheres engravidarem, tem creches nas empresas, programas de carreira, entre tantas outras práticas. Não é à toa que essas empresas são consideradas as melhores para se trabalhar”.

Quanto ao posicionamento da mulher na empresa, Cláudia Soledade acrescenta que ela deve demonstrar competência para conquistar seu espaço. “É claro que ainda é um desafio estar em altas posições, mas a mulher precisa acreditar na sua capacidade de realização e transformação. Eu, particularmente, acredito muito no poder e na capacidade da mulher. Temos habilidades específicas que nos diferenciam muito dos homens. Um estudo recente mostrou que as mulheres em cargo de comando podem melhorar até 15% os resultados das empresas. As empresas que estão abrindo esses espaços e dando as mesmas oportunidades para homens e mulheres já estão colhendo os resultados. É preciso que haja equilíbrio! Não é dar mais oportunidade a um que a outro, é sim convergir os talentos que existem, trabalhar com a meritocracia, focar nas competências e resultados, não no gênero”, acredita.

Para as mulheres, Cláudia deixa ainda um recado. Para ela, o público feminino deve buscar seu espaço, mudar a postura, agir, mostrar para que vieram e o que podem agregar. Para isso, é necessário dialogar, entender cenários, conhecer a empresa de forma sistêmica, não focar só na nossa área, mas entender como a atividade realizada pela mulher impacta nos negócios da empresa, quando seu valor é agregado.
“Acredito que também depende muito da nossa postura frente às situações. Trabalhei em grandes corporações e, particularmente, não vivi isso na pele, pelo contrário, as oportunidades quando surgiram, eu estava pronta. Talvez pela minha característica de traçar metas, focar no meu desenvolvimento e ir atrás. Foi fácil? Não, mas eu acreditei que poderia chegar nas posições que ocupei, me preparei, estudei e mostrei através das minhas competências que estava preparada. Pedir feedback dos nossos pares, superiores e subordinados nos ajuda muito no processo de preparação”, finalizou Cláudia Soledade, presidente da ABRH.