21/01/2019 as 10:36

Entrevista

Marcony Cabral: “Deveríamos ter 9 mil policiais militares em Sergipe”

Quem fez a avaliação foi o próprio comandante da Polícia Militar de Sergipe, Marcony Cabral Santos, nesta entrevista exclusiva concedida ao JORNAL DA CIDADE.

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Marcony Cabral: “Deveríamos ter 9 mil policiais militares em Sergipe”

Por Max Augusto

O Estado de Sergipe deveria ter hoje nove mil policiais militares. Quem fez a avaliação foi o próprio comandante da Polícia Militar de Sergipe, Marcony Cabral Santos, nesta entrevista exclusiva concedida ao JORNAL DA CIDADE. A corporação hoje conta com apenas 4.800 homens e essa lacuna foi fruto da falta de concurso em governos passados. Inclusive, Marcony confirmou que em breve serão convocados os aprovados no último certame para praças e oficiais da corporação. Leia a entrevista e confira também o balanço que ele fez sobre o trabalho da Segurança Pública em Sergipe. 

 

JORNAL DA CIDADE - Qual a análise que o senhor faz da redução dos homicídios em Sergipe em 2018? O que gerou isso?
MARCONY CABRAL - Isso foi resultado da estratégia de integração das forças da Segurança Pública, lideradas pelo secretário João Eloy, que semanalmente se reúne com o GGO, avaliando as questões do setor, as estatísticas, os números da violência no Estado. E também há a preparação diária e constante das diversas unidades, com a criação de novas forças de segurança na Polícia Militar, a exemplo das Forças Táticas. Tudo isso tem contribuído decisivamente para os números favoráveis de redução da violência em todo o Estado de Sergipe.

JC - Como está o andamento do concurso da PM?
MC - O concurso público da Polícia Militar é um anseio de todos nós, porque realmente estamos com a necessidade urgente de efetivo e o Governo do Estado está trabalhando diretamente nessa questão. Está na fase final e a nossa expectativa é que no final de fevereiro nós tenhamos a finalização do certame e a preparação para o início dos cursos, para 300 soldados e 30 novos oficiais.

JC - Então o efetivo atual não é suficiente?
MC - O efetivo da Polícia Militar está abaixo do previsto, que são 6.127 homens. Nós hoje estamos com em torno de 4.800. Mas o Governo do Estado está sensível à questão e nós deveríamos hoje, em função das demandas do Estado de Sergipe, ter algo em torno de nove mil policiais militares. Em função de termos uma lacuna muito grande em outros governos, esse tem feito a parte dele e esperamos que nesse primeiro momento, se chegarmos ao efetivo previsto, já teremos um bom avanço.

JC - No início do ano houve fatos lamentáveis de violência contra PMs. Como o comando tem acompanhado isso?
MC - Nós sempre lamentamos qualquer sinistro envolvendo policiais militares, mas é importante que a sociedade entenda que o agente da segurança pública, nesse caso o policial militar, é sempre uma peça vulnerável, independente de estar em serviço, fardado ou à paisana, ele estará combatendo o crime e às vezes, infelizmente, paga com a própria vida. Mas essas mortes não têm sido em vão e têm servido para que nos unamos cada vez mais para combater a criminalidade e fazer com que as ruas e logradouros públicos sejam da população, dos homens de bem, e não dos meliantes.

JC - O secretário João Eloy alegou que a sua permanência no comando se deve à “extrema confiança” e alinhamento. Qual avaliação que o senhor faz sobre a sua permanência neste posto?
MC - Inicialmente, agradeço a Deus por ter me dado a honra de ter chegado ao comando da Polícia Militar. Mas o secretário João Eloy é realmente um grande parceiro, uma pessoa que dispensa qualquer apresentação, é um ícone da Segurança Pública do Estado de Sergipe. Agradeço a ele a confiança depositada e não tenha dúvida que a nossa lealdade é constante. Temos a certeza que o chefe da Segurança Pública no Estado é o secretário João Eloy, estamos aqui para cumprir suas diretrizes e alinharmos o pensamento que é essa estratégia de integração entre as forças de segurança.

JC - Há questionamentos da tropa sobre o tíquete-alimentação. O comando trabalha com algum ajuste?
MC - A questão do tíquete-alimentação está sendo trabalhada junto ao Governo do Estado, mas não podemos esquecer que o Governo de Sergipe fez um avanço muito grande em todas as demandas que foram apresentadas em 2016. E o tíquete-alimentação vem sendo trabalhado por uma questão de dificuldade muito grande no orçamento por que passa o Estado, mas isso já está no planejamento para que nesse novo governo que se iniciou agora em janeiro essa questão possa ser resolvida, e quem sabe até com a criação do auxílio-alimentação, que é um anseio da corporação.

JC - Em 2018 foram apreendidas 1.343 armas de fogo, boa parte delas pela PM. Os números de apreensão têm aumentado a cada ano. Qual a orientação para esse tipo de trabalho?
MC - A orientação nossa é sempre fazer um trabalho de abordagem. Hoje, por exemplo, nós tivemos uma reunião de preparação para o final de semana: reunimos todos os comandantes de todas as unidades, combinamos e planejamos uma operação que estava sendo desencadeada com o fito de tirar armas de circulação e prevenir a criminalidade, o que é o nosso mister. Então, essas armas que são apreendidas são nada mais e nada menos do que fruto desse trabalho constante dos policiais militares nas ruas.

JC - Qual a sua opinião sobre a flexibilização da posse de arma de fogo?
MC - Sou totalmente favorável, mas acredito que nós temos que ter muita cautela com relação ao porte de arma, porque não é todo mundo que pode ter a arma, pois pode se voltar até contra quem está portando, se não tiver um preparo. Mas apesar de ser um tema polêmico, eu acredito que dentro das casas, como defesa, nós podemos tranquilamente abraçar essa causa e fazer com que a população, os homens de bem, tenham direito de defesa nas suas residências.

JC - A integração com a Polícia Civil tem realmente funcionado?
MC - Eu diria que em Sergipe é fundamental, o secretário João Eloy está de parabéns, é um caminho que nós estamos trilhando e que vem dando muito resultado. A Polícia Civil é uma grande parceira, uma instituição seríssima, muito respeitada no Estado de Sergipe. Aliás, o nosso serviço de investigação é um dos melhores do país. É uma honra para nós podermos contar com os companheiros da Polícia Civil e estaremos marchando juntos nesse trabalho, porque eu tenho certeza que dividir só trará prejuízos para todos nós. Temos que cada vez mais somar nossos esforços. E evidencio o trabalho excelente da grande parceira, grande amiga e excelente delegada Katarina Feitoza, nesse trabalho também de integração.

JC - Qual o planejamento da PM para o campeonato estadual de 2019, tendo em vista alguns episódios de violência que já aconteceram nos estádios?
MC - Nós sabemos que o futebol é uma festa do desporto, é uma festa da sociedade também e tem participação do interesse público. Então, o Governo do Estado autorizou mais uma vez a participação da Polícia Militar, a exemplo dos domingos. E eu tenho certeza que as pessoas de bem poderão ir aos estádios. Infelizmente ainda têm grupos que querem criar problemas, principalmente no entorno e nos terminais, mas estamos preparados e monitorando, inclusive com a novidade da utilização de drone. Já temos o equipamento e o pessoal preparado para isso e estaremos festejando a volta do Campeonato Sergipano nessa parceria do Governo do Estado com a Federação Sergipana de Futebol. Então, estamos prontos e preparados. E com o apoio do Governo do Estado de Sergipe a Polícia Militar estará presente mais uma vez no Campeonato Sergipano.

JC - Gostaria de fazer alguma consideração final?
MC - Eu quero finalizar minhas palavras agradecendo o espaço que está sendo dado à Polícia Militar, através desta entrevista, e reforçar o compromisso da corporação com a defesa da sociedade sergipana. E agradecer a confiança do governador do Estado, do secretário João Eloy, com a manutenção desse trabalho que vem dando resultado, e eu tenho fé em Deus e certeza de que o ano de 2019 será ainda melhor. Quero registrar o meu profundo agradecimento a cada policial militar que está em todos os municípios sergipanos fazendo seu trabalho de forma digna e, inclusive, aos familiares, que nós sabemos que são quem dá o suporte para que possam exercer nosso trabalho. Então, eu peço a Deus que abençoe a todos e vamos em frente, que a Polícia Militar de Sergipe, a Segurança Pública de Sergipe, continuará atenta na defesa da sociedade.