Chuva causa estrago e derruba casas e árvores

Foto: Jadilson Simões/Equipe JC

Por volta das 13h de ontem os sergipanos foram surpreendidos por fortes rajadas de vento, raios e trovões. De acordo com a meteorologia, a velocidade dos ventos chegou aos 50 quilômetros por hora, o que causou queda de árvores, destelhamento de casas e o registro de um desabamento no bairro 17 de Março, que deixou uma família desabrigada e uma criança precisou de atendimento médico e foi encaminhada ao hospital. Famílias de 20 apartamentos do Condomínio Residencial Governador Sebastião Celso de Carvalho foram orientadas a deixar as casas e dormir nas residências de parentes ou ir para o local fornecido pela prefeitura.

Na rua 18, quadra 18, do bairro 17 de Março, Telma Santos estava desolada com o desmoronamento de sua casa e nem conseguia falar. Quando o fato ocorreu, ela estava em casa com a irmã e com os dois filhos pequenos de 5 e 7 anos, além da sobrinha. Segundo a amiga de Telma, Luciene Silva, o filho mais velho ficou preso entre as telhas e concretos e foi levado ao hospital.

“Ainda não sabemos o estado de saúde dele, foi meu marido quem o levou ao hospital. Na hora que a casa estava desabando Telma pulou em cima dos meninos para protegê-los. O mais novo ainda sofreu escoriações e o mais velho se machucou mais porque estava almoçando e não deu tempo dele se esconder”, contou.

A dona de casa Maria Inês de Jesus Nascimento, moradora da rua I, comentou que estava em casa com os filhos, quando ouviu um barulho forte. Ao verificar o que tinha acontecido, viu que o telhado e o portão da residência haviam caído. “Foi um barulho muito grande, tomei um susto, achei que era alguém entrando porque o portão caiu, e o telhado uma parte voou e a outra caiu dentro de casa”, relata.

O aposentado Urbano Correio de Menezes disse que estava assustado e que nunca havia presenciado um vento tão forte como o que ocorreu ontem. “Eu não estava em casa no momento, mas meus vizinhos ligaram para mim e eu corri para casa achando que o pior tinha acontecido. Quando cheguei em casa, todo o telhado da garagem havia sido arrancado e por sorte meu carro não foi atingido”, disse.

Os moradores do Condomínio Residencial Governador Sebastião Celso de Carvalho também estavam preocupados e não queriam voltar para casa. É que durante o vendaval as telhas do quarto andar dos prédios voaram e o forro de PVC também se deslocou. Por conta da situação, representantes da Defesa Civil Municipal, da Secretaria de Assistência e de Defesa Social, da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) estiveram no local e interditaram o quarto andar das unidades habitacionais.

A desempregada Jenifer Islaene está grávida e tem três filhos pequenos. Ela contou que está com medo de voltar ao apartamento. “Apesar de eu não morar no quarto andar, o prédio está com rachaduras e com o vento e os trovões o vidro quebrou. Imagine como é que eu vou voltar para casa estando grávida e ainda com filhos pequenos?”, questiona.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Aracaju, major Sílvio Prado, foi preciso fazer um isolamento da área externa porque algumas telhas ainda podem cair. No quarto pavimento de cada prédio houve um deslocamento no forro PVC provocada pela queda das telhas que caíram em cima do forro e outra parte porque acumulou água e acabou.

“Foi feita a avaliação de risco em todos os prédios, foram elencadas as prioridades e as pessoas que estão com necessidade de alojamento, pois hoje pela manhã a prefeitura já entra com os serviços de recuperação do telhado. O único risco é da chuva entrar no apartamento, mas não há risco de queda do telhado”, disse major Silvio, informando ainda que 30 prédios foram vistoriados. “Os 120 apartamentos que ficam no quarto andar foram verificados, mas só houve a necessidade de 20 apartamentos serem desabrigados”.

O secretário de Assistência Social de Aracaju, Antônio Bittencourt, destacou que foi feito o levantamento das famílias que precisam da ajuda imediata da prefeitura para que se possa ajudar as pessoas. “Cerca de oito residências no 17 de Março tiveram dano maior. Agente está resolvendo a questão de abrigo para a população e, depois, com as ações de conserto dos telhados. Ninguém ficará desassistido. Todos terão a colaboração da Prefeitura para que sejam abrigados e que recebam alimentos”, disse.

Queda de árvore
Na rua João Batista Machado, no bairro Orlando Dantas, ao lado do Colégio Estadual Judite Oliveira, os ventos provocaram a queda de quatro árvores. O fato foi filmado e divulgado nas redes sociais. Depois do ocorrido, equipes da prefeitura estiveram no local para remoção das árvores.

Maré
Também na tarde de ontem foi registrado em Aracaju a maior maré de 2019, que alcançou 2.4 metros. Como ocorre todos os anos, os canais localizados nas avenidas Anízio Azevedo, Guilhermino Rezende e Acrísio Cruz transbordaram. Durante toda a tarde agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Transito (SMTT) ficaram no local orientando os condutores. O diretor de trânsito da SMTT, Thiago Alcântara, disse que, com a alta da maré, a água chegou a inundar a parte baixa da Acrísio Cruz e, por medida de segurança, a pista foi interditada para evitar que os carros quebrassem, foi feito o bloqueio da via.

“A interdição serve para evitar uma queda de motociclista ou carro que enguice ou outra situação que venha causar um transtorno maior para o condutor. Assim que a maré for baixando, a via vai sendo liberada”, disse Thiago.

Chuva deve continuar nos próximos cinco dias

De acordo com informações do meteorologista Overland Amaral, as chuvas dos últimos dias, que estão atingindo tanto a capital quanto o interior, são um prenúncio do período chuvoso em Sergipe, que já começa no mês de abril. “Chuvas como a que ocorreram nesta quinta-feira devem continuar pelos próximos cinco dias, com chuvas intercaladas e trovoadas, já dando início ao período de chuvas frequentes, no mês de abril. Sendo assim, a situação chuvosa é normal para a estação”, explica.

Diante do período chuvoso que está por vir, Overland alerta que algumas áreas do Estado precisam de uma atenção especial. “Estamos desenvolvendo alertas para o litoral e a região da Grande Aracaju, principalmente pelo registro de marés elevadas. Nos próximos cinco dias, a maré vai estar bem alta, podendo causar situações de risco”, avisa o meteorologista.

Ainda segundo ele, os ventos que chegaram a Aracaju foi entre 40 e 50 quilômetros por hora, com rajadas que passaram pela Bahia e atingiram Sergipe.