10/05/2019 as 08:57

POBREZA E EXTREMA POBREZA

Aracaju: pobreza atinge 102 mil pessoas

Segundo Bittencourt, existem políticas públicas direcionadas especificamente para às famílias em situação de pobreza extrema.

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Aracaju: pobreza atinge 102 mil pessoas

Aracaju possui atualmente 102.308 pessoas e 37.166 famílias vivendo em situação de pobreza e extrema pobreza, conforme dados do Observatório Social da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA). Em comparação ao período de março de 2018 com o mesmo mês em 2019, os números representam um aumento de 4,2%. A capital também possui mais de 72 mil famílias de baixa renda e um total de 174.499 pessoas inseridas no Cadastro Único Municipal (CadÚnico).


De acordo com índices estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), estão enquadrados em situação de extrema pobreza todas as famílias que possuem renda per capita de até R$ 89,00 e em pobreza as famílias que possuem renda de até R$ 178,00. Pelo recorte de renda domiciliar das famílias inseridas no CadÚnico atualmente, varia de nenhuma remuneração a até três salários mínimos no contexto geral.


O Observatório Social é um núcleo novo, criado no primeiro ano da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira e tem o objetivo principal o acompanhamento das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, contando com o CadÚnico como principal base de dados para as avaliações. Segundo as análises do Observatório, Aracaju tem dois grandes bolsões de pobreza: na zona Sul o Bairro Santa Maria e na zona Norte os bairros Porto Dantas e Japãozinho. São áreas que concentram o maior número de pessoas em situação de vulnerabilidade, menor renda per capita e com índices de pobreza que casam também com os baixos índices educacionais.


“O perfil das pessoas de baixa renda é de uma população mais jovem, mulheres e crianças, mas isso varia de acordo com a localidade. A gente faz o estudo e nossa referência é bairro e as bases de dados, como o CadÚnico. Cada bairro tem a sua especificidade, mas, de maneira geral, as pessoas em situação de vulnerabilidade são um público mais jovem. Além disso, onde temos o maior número de pessoas em situação de pobreza é onde temos também os índices de educação mais baixos. É tanto que hoje a intervenção municipal da prefeitura na área da educação é justamente dotar de infraestrutura as escolas públicas”, aponta o coordenador do Observatório, Marcelo Giovane da Cruz.


Ainda pelos dados do Observatório Social, houve aumento de 1,4% entre março de 2018 e março de 2019 no número de famílias beneficiárias do Bolsa Família. Atualmente, são 31.202 famílias inseridas no programa em Aracaju, dando um total de 91.144 pessoas recebendo o bolsa família.

De acordo com o secretário da Assistência Social da PMA, Antonio Bittencourt, existem políticas públicas direcionadas especificamente para às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza em Aracaju. A exemplo de atenção básica, com a realização de cursos para a qualificação profissional, bem como políticas para geração de novas habitações, para que saiam de espaços de sub ocupações.

“Em parceria com o Governo Federal serão construídas 1.110 casas. São ações nesse sentido que atendem diretamente a população em pobreza e extrema pobreza. As pessoas que estão cadastradas no sistema único são potenciais beneficiados da política de habitação. No atendimento à população em situação de rua nós temos centros de referência assistencial, abrigos, e uma série de equipes que fazem o acompanhamento dessas pessoas. Não podemos obrigar que saiam das ruas para ir aos nossos abrigos. É uma relação de sensibilização para que eles queiram ir”, explica o secretário.


Ainda conforme Bittencourt, a real situação da extrema pobreza não só em Aracaju, mas no contexto geral está diretamente ligada aos problemas socioeconômicos que o país enfrenta desde o ano de 2015. “A qualidade de vida das pessoas caiu consideravelmente durante o franco processo de crise do Brasil. Aumentou a informalidade, a desocupação, o desemprego é gritante. Isso implica no aumento de possibilidade de vulnerabilidade. Tem pessoas que estão em situação de rua que já foram professores, ou que já foram trabalhadores de empresas importantes, como a Petrobras. Recentemente, levamos para a casa de acolhimento uma pessoa que era funcionária da Petrobras, que tem uma base intelectual, mas infelizmente a vida o colocou nessa circunstância”, revela o secretário.

O Observatório Social de Aracaju é responsável pela coleta de dados de renda, situação econômica, faixa etária, emprego e ocupação, justamente para que o governo possa ter entendimento real da situação e aplicar as medidas políticas fundamentais para o combate à situação.


“A gente precisa entender que essa realidade é presente no Brasil. O poder público não deve se abster da reponsabilidade. E só se combate com ações. Sabemos que não é fácil. No caso do Bairro Santa Maria, por exemplo, é uma área completamente desestrutura do ponto de vista de saneamento, mas desde o início da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira algo em torno de 50 ruas estão sendo pavimentadas e saneadas”, cita o secretário.