18/09/2019 as 17:32

FALTA ACESSIBILIDADE

Aracaju está longe de ser uma cidade “caminhável” e acessível, aponta estudo

Levantamento avalia a estrutura das calçadas e ruas da capital sergipana e revela que muitas apresentam problemas como regularidade do piso, largura de calçada, sinalização para pedestre, etc

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Um levantamento feito pela Mobilize Brasil revela que Aracaju é uma das capitais do país que não oferece boas condições de calçadas e ruas para transeuntes. A Campanha “Calçadas do Brasil” analisou a situação conforme a sinalização para pedestres, conforto e segurança para quem caminha no entorno de edifícios e praças mantidas pelo poder público e estabeleceu uma nota de zero a dez, onde a capital sergipana ficou com a média 5,35.

Ao todo, foram avaliadas 27 capitais brasileiras, onde nenhuma oferece condições civilizadas para a circulação de pedestres e cadeirantes nas calçadas, ruas e faixas de travessia, conforme o levantamento. Além de estreitas, as calçadas apresentam buracos, degraus, postes, faixas apagadas, semáforos ausentes ou deficientes, ambientes agressivos e poluídos e nenhum local para descanso em dia de calor ou chuva.

“Isso explica, em parte, porque tantas pessoas usam carros mesmo para pequenas saídas até a padaria ou ao cabeleireiro. Em outras palavras, as cidades brasileiras apresentam baixa caminhabilidade”, ressalta o estudo.

A avaliação foi realizada por uma rede de colaboradores. Em Aracaju, foram coordenadas pela professora Pedrianne Barbosa de Souza Dantas, da Universidade Tiradentes, e pela equipe do vereador Lucas Aribé. Eles visitaram, fotografaram e tomaram mediações, atribuindo notas de zero a dez para cada um dos 13 itens considerados na pesquisa: regularidade do piso, largura da calçada, inclinação transversal do piso, existência de barreiras e obstáculos, condições de rampas de acessibilidade, faixas de pedestres, semáforos de pedestres, mapas e placas de orientação, arborização e paisagismo, mobiliário urbano, poluição atmosférica, ruído urbano e segurança.

A média nacional ficou em 5,71, considerada baixa já que os critérios do estudo estabelecem que o mínimo aceitável seria nota 8. Aracaju teve nota abaixo da média nacional, com 5,35. Entre os mais de 30 locais avaliados na capital sergipana, com alto fluxo de pessoas caminhando, estão Palácio dos Despachos, na Avenida Adélia Franco, Empresa Sergipana de Tecnologia da Informação (Emgetis), Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no bairro Siqueira Campos, Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), Rodoviária Nova etc.

Para o vereador Lucas Aribé, Aracaju necessita de uma implementação política municipal de recuperação das calçadas e passeios públicos. Inclusive, esse ano o parlamentar se reuniu por duas vezes com o prefeito Edvaldo Nogueira e entregou uma proposta, no entanto, até agora não obteve retorno.

“A cidade humana da qual a gestão tanto fala só pode ser uma realidade quando todos os seus cidadãos tiverem liberdade e autonomia para ir e vir com segurança. Precisamos de um trabalho efetivo visando solucionar essa problemática, começando pela definição do padrão normativo a ser seguido e, posteriormente, produzindo conteúdos informativos para orientar a população quanto à execução dos serviços, visando eliminar todas as barreiras que impedem o direito dos pedestres, especialmente, as barreiras atitudinais”, diz o vereador, que este ano promoveu uma campanha educativa em prol da mobilidade a pé.

Prefeitura Municipal de Aracaju

Em resposta, a Prefeitura de Aracaju informa que visa avançar na acessibilidade da capital obedecendo todos os critérios nas obras estruturantes executadas na cidade pela atual gestão, e cita locais como Loteamentos Barroso, Jardim Petrópolis e Pantanal, bairros Coqueiral e 17 de Março, e a Avenida Caçula Barreto, no conjunto Augusto Franco, como exemplos do compromisso da atual administração em garantir uma cidade acessível para a população.

"Além disso, as mais de 30 obras que estão em execução também irão cumprir todas as condições de acessibilidade: calçadas, rampas, sinalização, entre outros aspectos. Entre essas obras estão os corredores de transporte que fazem parte do Projeto de Mobilidade Urbana da capital. Somente na obra executada na Beira Mar serão 100 rampas de acesso em toda a extensão da via", reitera a PMA. 

  

|Reportagem: Laís de Melo

||Fotos: Retiradas do site Mobilize Brasil