14/02/2020 as 08:55

Praias

Manchas de óleo soterradas ressurgem

Área afetada é a Praia das Dunas. MP quer que o Estado financie plano de monitoramento realizado pela UFS

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Pequenos resquícios de óleo ainda teimam em aparecer na localidade conhecida como Praia das Dunas, no litoral Sul do Estado, no Município de Estância, bem próximo à Praia do Saco. Apesar disso, a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) afirma que não há indícios para pânico.

De acordo com o analista ambiental da Adema Antonelle Moraes, o fenômeno é algo normal e está intimamente ligado à alta da maré.

“A Adema está fazendo o acompanhamento de todos os pontos que foram atingidos pelo derramamento de óleo. Iniciamos pelo litoral sul e cumprimos um cronograma semanal. Não tem motivo para pânico. O que está acontecendo, de fato, é que com a alta da maré o óleo que estava enterrado está ressurgindo. Isso é um processo natural”, explica o analista da Adema.

Na manhã de quinta-feira, 13, o Ministério Público de Sergipe (MP/SE), por meio da Coordenadoria-Geral, reuniu a imprensa para apresentar o relatório com o resultado das pesquisas referentes à contaminação de água e de pescados causada pelo derramamento de óleo no litoral nordestino.


O levantamento foi feito pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e pelo Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS). Nele, os órgãos deixam claro que não se constatou dano imediato a quem teve contato com a substância.
“Os nossos alunos e pesquisadores fizeram uma avaliação qualitativa e quantitativa de análise dos compostos da água e dos pescados. Foram avaliados dez estuários onde tinham maior concentração de óleo. As análises seguiram critérios técnicos e científicos de padronização internacional. Em termos de compostos, quantidades mínimas foram encontradas e não oferecem riscos à população. Porém, há a necessidade de monitoramento da qualidade da água desse pescado. Em casos como esse, algumas normas dizem que temos que monitorar por um prazo de dez anos”, explica o vice-reitor da UFS, Valter Santana.


A informação foi ratificada pela promotora de Justiça Euza Missano. “O que foi encontrado não é pernicioso para a população. Ninguém foi contaminado, ninguém sofreu esse risco imediato de contaminação. Mas aquilo foi um trajeto emergencial e inicial, não pode parar aí. O que se falou foi que esse efeito é acumulativo, que pode ser iminente e tem que continuar”, disse.
Ela ponderou a necessidade de continuidade do trabalho realizado pelos pesquisadores da UFS, reiterando que acionará o Estado para que um aporte financeiro garanta o desenvolvimento das ações.


“A universidade precisa do apoio, evidentemente financeiro. O Ministério Público vai aguardar esse levantamento e vamos designar uma reunião envolvendo o Estado para que a gente possa tentar fazer esse aporte para que a universidade continue realizando esses laudos. Vamos ver qual o período que a universidade acha necessário realizar esse monitoramento, se dois anos, três anos, porque existe esse efeito bioacumulativo e o Estado deve financiar essas análises. Estamos atentos e vamos continuar monitorando”, finalizou a promotora Euza Missano.