14/02/2020 as 10:50

ACONTECENDO HOJE

Trabalhadores da Petrobrás em SE aderem ao movimento nacional e realizam ato

Eles pedem apoio da população para que o movimento continue se fortalecendo

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A greve dos petroleiros está acontecendo desde o dia 1º de fevereiro e permanece sem previsão para o encerramento em todo o país. Trabalhadores de mais de 100 unidades da estatal aderiram ao movimento, além das mais de 50 plataformas, 11 refinarias, 23 terminais, sete campos terrestres, sete termelétricas, três UTGs, usinas de biocombustível, de fertilizantes, lubrificantes, usina de xisto, duas unidades industriais e três administrativos.

Na manhã desta sexta-feira, 14, foi a vez dos trabalhadores da Petrobrás de Sergipe de dará início ao movimento e irem às ruas. Reunidos na sede da estatal, localizada na Rua do Acre, com carro de som e cartazes, os trabalhadores apontaram demissões de servidores concursados, fechamento de fábricas, venda das refinarias, e desmonte da Petrobrás em todo o Nordeste como motivos principais da greve. 

Em Sergipe três concursados da Petrobrás já foram demitidos. “Essa sede está sendo fechada. Muitos já foram transferidos para outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Espirito Santo, e uma parte menor foi para o município de Carmópolis. Além disso também estão sendo transferidos os trabalhadores do Tecarmo, porque a ideia é vender. Isso é uma falta de respeito com os trabalhadores”, disse a diretora do Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos nos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE), Gilvani Santos.

Ainda conforme a diretora, a empresa impôs um acordo coletivo para a categoria com posições muito rebaixadas, inclusive, permitindo a demissão de qualquer trabalhador, o que foi considerado uma derrota para os petroleiros.

“Ainda tem o plano de incentivo à aposentadoria, que não deixa de ser uma demissão, onde muitos estão sendo pressionados e assediados para que saiam. Muitas vezes esses trabalhadores não estão em condições de sair, estão perto de se aposentar, doentes. Fizemos até uma intervenção junto ao Ministério Público, e algumas pessoas estão sendo ouvidas, mas, a maioria está sendo pressionada para sair”, conta Gilvani.

Impactos

O Sindipetro chama atenção da população para os impactos do fechamento da Petrobrás em Sergipe. Por exemplo, o comércio local será amplamente afetado. Além disso, o Estado como um todo também será prejudicado, já que, segundo Gilvani, 30% do ICMS equivale aos impostos arrecadados com a sede, com a Fafen e o Tecarmo.

“A Petrobrás tem um compromisso social. Ela é a estatal que podemos fiscalizar e defender. Toda essa região de comércio será afetada. Os restaurantes, trabalhadores informais, prestadores de serviços, todos vão fechar e perder clientes. Além do impacto para o Estado, por conta do imposto”, disse a diretora.

O preço do combustível também será diretamente afetado, segundo o Sindicato. “A Petrobrás por ter a obrigação de fornecer o combustível. Então, ao ser privatizado, o governo vai ter que importar os derivados de petróleo. Já está reduzida a capacidade. Se o governo não tiver condições de comprar, porque vai sair a preço de dólar, então vai impactar o preço. A gente já paga caro. Então se continuar dessa forma, as empresas privadas, acionistas, os grandes detentores, eles têm interesses no lucro. Se na região não for interessante, eles podem muito bem não produzir, mandar fechar. Então aquele Estado vai ter que comprar mais caro o produto”, alerta.

A greve segue por tempo indeterminado no Brasil e já é uma preocupação para a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Conforme foi divulgado no JORNAL DA CIDADE, na edição do impresso desta sexta-feira, 14, a greve dos petroleiros pode prejudicar o abastecimento.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, inclusive encaminhou um ofício ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde ressalta que, embora a Petrobrás vise uma solução temporária, tendo realocação de equipes de contingência para atuar nas unidades e a contratação de temporários, a fim de assegurar a operação e segurança, “a situação foge da normalidade”.

|Reportagem: Laís de Melo

||Fotos: André Moreira