27/03/2020 as 11:31

CLIMA E TEMPO

Meteorologista alerta para período de fortes chuvas e possibilidade de inundações

A previsão é para os próximos meses (abril, maio e junho), onde as características climáticas da estação se apresentam com chuvas em volumes elevados

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O período chuvoso está chegando em Sergipe. Desde o início dessa semana a Defesa Civil Municipal emite alertas de fortes chuvas para a capital. Ontem, 26, choveu durante toda a manhã em Aracaju, com uma trégua durante a tarde e noite. As temperaturas também se mantiveram elevadas durante esta quinta-feira. Segundo o balanço da Defesa Civil de Aracaju, foi registrado o volume de chuva de 30,6mm nas últimas 24h na capital. 

A partir de agora, a tendência é que as chuvas passem a ser mais frequentes e volumosas, segundo aponta o meteorologista Overland Amaral, em todo o estado de Sergipe. Segundo ele explica, as zonas de convergência do Atlântico Sul que se deslocam para o estado, possuem características de chuvas convectivas, com grande formações verticais.

“O que se percebe agora é condições de chuvas mais intensas em todo o litoral, desde o litoral sul ao norte. Deslocando-se ao longo do rio São Francisco, chegando para o alto sertão. Basicamente, esses sistemas convectivos trazem quase sempre características de descargas elétricas, como raios e trovões”, pontua Overland.

Ainda conforme o meteorologista, abril é o mês da estação chuvosa, porém, as precipitações já iniciaram de forma antecipada, com os últimos registros em todo o Estado ainda no mês de março. “De abril em diante, ela se intensifica ainda mais. Tendo um período máximo de chuvas em maio e junho. Estamos vivendo o nosso período chuvoso, onde temos muitas instabilidades convectivas, especialmente de nuvens quentes e profundas, indo desde a superfície, acima de mil metros até o topo da atmosfera. São aquelas nuvens bem grandes que se formam, com característica de cogumelo”, explica o especialista.

Portanto, diante das características da estação, Overland alerta para a possibilidade de chuvas acima da média, o que ele chama de chuvas copiosas. Como aconteceu em 2019, as chuvas dos meses de abril, maio e junho, foram tão intensas que provocaram transbordamento de rios e inundações em diversas localidades, a exemplo do bairro Jabotiana, em Aracaju.

Neste local, o Largo da Aparecida foi o mais prejudicado. Com dezenas de famílias atingidas, onde a água chegou a bater na cintura dos moradores. Muitos perderam móveis, eletrodomésticos e ficaram à deriva.

“Ai vai a nossa informação de que é preciso que tenhamos muita atenção durante todo esse período. Em especial durante o mês de maio. Ano passado aconteceram aquelas inundações em vários locais”, aponta e relembra Overland.

De acordo com a Defesa Civil de Aracaju, com as chuvas das últimas 24h não houveram registros de acidentes graves, e também não ocorreu transbordamento de canas. Foram realizadas três chamadas via 199 desde a noite de ontem, 26, no entanto, nenhuma ocorrência com gravidade, segundo aponta a Defesa.  

O coordenador do órgão, Major Silvio, reitera que diversas medidas estão sendo implementadas afim de minimizar os possíveis impactos das chuvas, diante dos ocorridos do ano passado. Segundo ele, foram instalados alarmes de inundação no Largo da Aparecida, um equipamento que dispara som quando a cota do rio Poxim se elevar, indicando o transbordamento.

“Esse alarme vai servir para que as pessoas possam salvaguardar seus bens, levantar o que puder, e sair das casas. Foi instalado não só no Largo da Aparecida, mas, nas ruas Antonio Doria e Manoel Antonio Franco Leite também”, disse o Major.

A Defesa está ainda realizando a instalação de um sensor de inundação no Rio Poxim. “Ele irá medir a cota do rio em tempo real, fazendo uma comunicação direta através de aplicativo. Estamos com um enfoque grande na área do Jabotiana, com amplo monitoramento. Toda a parte de Assistência Social já está preparada. Se tivermos que tirar aquelas pessoas de lá, já temos um esquema de abrigo, com alimentação pronta, colchões e cestas básicas”, conta.

Além disso, também foram adquiridos sacos herméticos para embalar os móveis e eletrodomésticos dos moradores da região, e assim evitar que elas percam os bens com as chuvas e inundações. Foram providenciados até mesmo caminhões que poderão guardar esses itens. 

“Tudo isso a gente vem fazendo no sentido de minimizar o impacto. Ainda não temos um modo de evitar que aconteça a inundação, mas, temos essas ações para minimizar os efeitos”, ressalta o major.

Também foi licitada a aquisição de pluviômetros automáticos, que servem para medir a quantidade de chuva em determinadas regiões. “Hoje nós temos quatro pontos. Mas, vamos ampliar para mais 18. Ele mede chuva, temperatura, velocidade de vento e pressão atmosférica. Isso ajuda a gente a saber a quantidade de chuva por bairro, para que a gente possa dar uma atenção maior para determinadas localidades”, destaca o coordenador.

A Defesa também está providenciando a instalação de sensores de movimentação de massa, onde será possível medir o solo e identificar a possibilidade de deslizamento de terra. Eles serão colocados na zona norte. “Teremos também sete câmeras de clima ao vivo, para poder verificar por elas como está a movimentação de massa de chuvas, tanto vindas pela mar, quanto pelo continente”, acrescenta o major.

A previsão é de que em até 30 de abril todas essas medidas já estarão instaladas e em funcionamento. Segundo Major, tudo já se encontra licitado e com contrato.

|Repórter: Laís de Melo

||Fotos: André Moreira