18/11/2020 as 08:31

EDUCAÇÃO

Professores decidem não retomar aulas presenciais

Rede pública: Seduc mantém retorno e garante que escolas estão seguras

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Na última segunda-feira, 16, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) comandou uma assembleia para tratar de definições referentes ao retorno das aulas presenciais na Rede Pública de Ensino, programadas para esta terça- -feira, 17, onde deveriam retornar os estudantes do 3º ano do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos, do curso pré-vestibular e da educação profissionalizante.

De acordo com a direção do Sintese foi firmado posicionamento contrário ao retorno das aulas presenciais até que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), garanta as condições seguras de trabalho, diante da pandemia de Covid-19, e cumpra todas as medidas e protocolos estabelecidos pelo documento “Diretrizes para as Atividades Escolares Presenciais”, elaborado pela própria Seduc.

A entidade também apontou graves problemas estruturais que fazem parte da maioria das unidades de ensino da rede estadual, e que tornam a retomada das aulas presencias um verdadeiro risco à vida de estudantes, professores e, consequentemente, de suas famílias. Ainda segundo o Sintese, as escolas têm estrutura precária. Nos banheiros, as pias e descargas não funcionam. Há falta, em toda a Rede, de executores de serviços gerais para fazer a higienização dos ambientes das escolas. As salas são pequenas e sem ventilação adequada, o que pode facilitar a propagação da Covid 19.

Os professores também questionam a testagem para a Covid-19, que até o momento, segundo eles, não teve início. Antes mesmo da tomada de decisão por parte dos professores, o Sintese dialogou com o superintendente da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), Ricardo Santana, que pontuou durante audiência com a diretoria do sindicato que as escolas que não tiverem uma estrutura adequada, não tiverem executores de serviços básicos para garantir a higienização necessária aos cuidados de combate à Covid 19, estas não irão retomar suas atividades presenciais até que tudo seja resolvido.

Segundo o Sintese, ele também colocou que as escolas só vão retornar de acordo com suas possibilidades, em uma retomada gradativa. Já com relação à testagem, Ricardo Santana disse que ela não será feita em massa, mas sim por amostragem, que ao todo 6 mil pessoas, entre estudantes, professores e demais trabalhadores das escolas, serão sorteadas para serem testadas. Essa testagem terá início a partir da próxima semana e pode se estender até dezembro.

A presidente do Sintese, Ivonete Cruz, pontuou sobre a disposição do sindicato em dialogar com a Seduc. Ela afirmou que a discussão sobre o retorno não deve ser resolvida através de portarias, decretos ou ações judiciais. “Antes de sair com uma portaria ou entrar em uma ‘quebra de braço’, através de ações judiciais, é necessário que a Seduc ouça aqueles que estão nas escolas, que conhecem profundamente a sua realidade. É preciso formar uma comissão com estudantes, professores, pais, mães, funcionários de escolas, diretores, pedagogos, enfim com a comunidade escolar, para construir saídas para o ano de 2020 e perspectivas para 2021”, pontua Ivonete.

Ela vai mais além: “Precisamos fazer busca ativa, trazer os estudantes de volta às aulas, dando condições de acesso. A Seduc precisa viabilizar estas condições, assegurar acesso à internet para que os estudantes que foram excluídos deste processo possam retomar seus estudos, de maneira não presencial, que efetivamente é a única condição segura no momento. A Secretaria de Estado da Educação precisa assumir um compromisso com a vida e com a educação”, cobra a sindicalista. Por último, a presidente do Sintese insiste que a retomada de um grupo reduzido vai ampliar a exclusão entre os estudantes e trazer ainda mais instabilidade para a Rede Estadual de Ensino.

Para ela, este pouco tempo para o final do ano deveria ser usado para buscar saídas, apontar rumos e resgatar os estudantes que viram 2020 com um ano perdido. “As diferentes condições de retorno para estes estudantes, só vai aumentar a desigualdade abismal que vivemos em 2020, entre aqueles que tiveram acesso às aulas remotas (e foram muitos poucos) e aqueles que ficaram invisíveis no durante todo este ano.

Nossos estudantes precisam voltar a ser enxergados e não é 1 mês e 15 dias de aulas presenciais, de um retorno capenga, para alguns, que vai resolver isso”, finaliza Ivonete Cruz. Em nota, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (seduc) mantém o retorno das aulas presenciais de forma parcial, gradual e segura a desta terça-feira, 17, em 209 escolas estaduais de Sergipe. Segundo a Seduc, todas elas retornarão até o dia 30 de novembro, pois estão prontas para receber os alunos, professores e servidores e seguem os protocolos sanitários, pedagógicos e de gestão.

A Seduc diz ainda que nesse primeiro momento, 6 mil alunos professores e servidores serão testados voluntariamente por amostragem, com cálculo científico realizado pela Universidade Federal de Sergipe, levando em consideração o universo quantitativo de estudantes e professores que deverão retornar presencialmente.

|Da Redação do JC

||Foto: Jadilson Simões