17/05/2022 as 10:27

VIOLÊNCIA

Crianças e adolescentes são alvo de violência sexual em SE

De 2021 até agora, foram registrados mais de 850 casos no Estado

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Crianças e adolescentes são alvo de violência sexual em SE

De 2021 para cá, mais de 850 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados em Sergipe. Esse ano, até o momento, já são 188 inquéritos policiais desta natureza no Estado.

De acordo com policiais que atuam diretamente com este tipo de crime, durante a pandemia da Covid-19 houve uma subnotificação, mas com o retorno das atividades escolares presenciais os casos já apresentam crescimento. Conforme dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), no ano de 2021 foram registrados 667 casos de violência contra crianças e adolescentes, com maior número de estupro de vulneráveis (518). Em 2022, até o dia 27 de abril foram registrados 188 casos, sendo 134 estupros de vulnerável.

Segundo o delegado do Departamento de Atendimento à Criança Vítima, Ronaldo Marinho, em cerca de 90% dos casos, o autor do crime tem ligação direta com a vítima, sendo um parente ou vizinho próximo. “Os dados demonstram que a pessoa autora de abuso sexual contra criança está acima de qualquer suspeita. Mais de 90% são pais, padrastos, primos, tios, vizinhos da família, pessoas que transitam facilmente na residência da vítima”, revela.

A subnotificação dos casos de violência sexual contra crianças de zero a 17 anos ocorreu, segundo Ronaldo, devido ao isolamento social causado pela pandemia da Covid-19. “Os professores são parceiros principais na identificação de abusos. Porque eles percebem as coisas e também as crianças se sentem à vontade para conversar. Então, tínhamos diversos relatos que eram trazidos por meio das escolas, que com a falta das aulas presenciais, deixou de existir. Houve redução considerável de registros de 2019 para 2020. Os dados desse ano já apresentam aumento com relação ao ano passado, mas não chega ao patamar de 2019”, explica.

Nesta quarta-feira, 18, acontece o Dia Nacional de Enfrentamentos ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil. De acordo com delegado Ronaldo, os familiares devem estar atentos aos sinais e mudanças de comportamento das crianças, pois estas podem ser possíveis vítima de abuso sexual. “A primeira coisa a se fazer é não duvidar das crianças. Se ela relatar algo, ouça com cuidado e carinho. Quando a gente fala em ouvir, é ouvir com atenção, sem questionar muito a criança, porque ela não pode ser revitimizada pelas dúvidas. O primeiro passo é levar a criança para o atendimento seja no Conselho Tutelar, ou no Crea da região, mas também pode trazer para a delegacia”, orienta o policial.

Apesar de crianças terem a mente criativa, Ronaldo não acredita na possibilidade de se inventar casos de abuso. “A criança não inventa tudo. Ela pode ter uma criatividade muito grande, mas quando se trata de abuso é preciso ouvir com atenção. A dúvida deve ser tirada na delegacia de polícia para avaliar se há ou não procedência nessa denuncia”, explica. Segundo ele, possíveis sinais de agressão podem ser percebidos quando as crianças mudam de comportamento. Por exemplo, ficar muito retraída de uma hora para outra, se recusar a ficar em um local com determinada pessoa, entre outros. “A criança começa a apresentar alguns comportamentos de cunho sexual incompatíveis com a idade dela. São comportamentos que os familiares devem perceber para encaminhar essa criança para assistente social ou psicólogo do Crea, para verificar se há procedência ou não”, ressalta.

|Por Laís Melo
||Foto: Divulgação