21/08/2018 as 09:32

Cultura

Atividades culturais marcam a Semana do Folclore em Aracaju

Oficina de Musicalidade e o show musical ‘Vozes da Restinga: um Tributo às Catadoras de Mangaba’ celebram a cultura popular.

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Atividades culturais marcam a Semana do Folclore em AracajuFoto: Divulgação

A vivência de musicalização por meio da arte da capoeira é o propósito da oficina que acontece desde ontem, 20, no Centro de Criatividade, com o Mestre Nego Ativo, de Minas Gerais. Numa aproximação entre arte, história e comunidade, o encontro estimula a percepção musical a partir de contato sensorial holístico entre corpo e mente. Também cineasta, Mestre Nego Ativo conclui os dois dias de oficina hoje, 21, com a exibição do curta metragem sobre a vida e história do Mestre Waldemar da Liberdade. Essa é só mais uma das atividades que acontecem na capital sergipana durante a Semana do Folclore, cujo dia é celebrado em 22 de agosto.


Na cadência do berimbau, Mestre Nego Ativo destaca a importância do encontro para o conhecimento e aprimoramento de habilidades para além da música. “É a primeira vez que venho a Aracaju para essa vivência por meio do arco dirigida a todas as pessoas, não somente praticantes de capoeira, mas outras que percorrem pelas mais diversas linguagens artísticas. Isso porque apresentamos os três elementos fundamentais da música, o ritmo, a melodia e harmonia, que dialogam diretamente com os elementos da natureza humana. E isso numa comunidade quilombola urbana, que é a Moloca, com a participação de pessoas dos mais variados perfis. É a música promovendo reflexões na contramão desse mundo imediatista e das aparências”, afirmou Mestre Ativo.


Sob a organização de Raphael Bittencourt, professor Jeguinho, o evento integra as atividades do grupo Capoeira Brasil em difundir a prática esportiva como forma de socialização, além de preservação da historicidade. “A sociedade nos dias de hoje se encontra em conflito de valores, sejam eles morais, éticos ou sociais e a capoeira nesse contexto é uma grande aliada na construção dos valores. E existe uma necessidade de o povo brasileiro conhecer melhor a sua cultura. Aqui em Sergipe não é diferente. A capoeira, além de ser o esporte brasileiro mais praticado em todo o mundo, é uma arte polissêmica, caracterizada entre outros como esporte, luta, cultura, corporeidade e musicalidade. E tudo isso em uma só atividade. Eventos assim promovem uma maior visibilidade na nossa arte tão pouco conhecida e explorada por nós”, destacou professor Jeguinho.


Ainda segundo ele, com a capoeira é possível desenvolver habilidades motoras, capacidades físicas, como força, agilidade, flexibilidade, resistência, potência e coordenação, além do ritmo com a vivência musical que é constante no dia a dia da vivência da capoeira. “Essa foi a nossa ideia quando da organização do evento, possibilitando uma maior proximidade com a capoeira e reconhecimento enquanto atividade que sempre teve uma boa expressividade aqui no estado, mas que tem sido desvalorizada diante da falta de incentivo, especialmente por parte do setor público”, disse.

Vozes da Restinga
Ainda em comemoração ao mês dedicado à cultura popular no Museu da Gente Sergipe, a cantora e compositora Patrícia Polayne apresenta o show musical ‘Vozes da Restinga: Um Tributo às Catadoras de Mangaba’, amanhã, 22, às 19h. O projeto ‘Vozes da Restinga’ foi concebido a partir de pesquisa etnomusical da arte educadora Mary Barreto, que descobriu um verdadeiro tesouro sonoro enquanto desenvolvia um trabalho de mapeamento socioambiental, nas cooperativas e comunidades extrativistas, cujas práticas envolvem atividades de produção agrícola, artesanato, coleta de mariscos e frutos da restinga sergipana.


As catadoras de mangaba são mulheres cantoras da restinga que têm no seu canto a presença do brincar, nas figuras do Reisado, das cantigas de roda, das danças, das rezas e dos folguedos, retratados nas canções que atravessam o tempo e servem como o alento da lida diária. Com o material recolhido, foram produzidos dois álbuns: Canto das Mangabeiras, (2011) e Quero Ver Rodar. Com as Griôs na Restinga Sergipana (2016); sendo este último; indicado ao XXVII Prêmio da Música Brasileira, na categoria grupo regional, daquele ano.


Com arranjos e direção musical de Dami Doria, o show contempla as canções de domínio público dos dois discos, num repertório de cocos, baiões, galopadas e xotes, sob uma atmosfera brincante e feminina, interpretada pelas vozes de Patricia Polayne, Mary e Marlene Barreto; além da participação de Maísa Nascimento, ao violino. Por difundir e dar visibilidade aos saberes das comunidades tradicionais da região costeira sergipana, o show Vozes da Restinga contribui com um importante legado musical de registro e pesquisa para esta e as futuras gerações, que se interessam por valores alinhados ao sentimento de pertença e identidade cultural.


O show, que acontecerá no deck do Café da Gente, é gratuito e aberto ao público em geral. Ainda no dia 22, antes do show ‘Vozes da Restinga’, às 14h, ocorrerá mais ação educativa ‘Um dia de brincante’, dessa vez com o grupo Parafusos, que fará um bate-papo com o público e em seguida seguirá em cortejo até o Largo da Gente Sergipana. Mais informações, entrar em contato com o Instituto Banese através do telefone (79) 3218-1551.