09/06/2020 as 11:06

FOTOGRAFIA

Uma mostra ‘Distante2Metros’

Exposição virtual da fotógrafa Mônica Flávia registra o "Novo Normal" e revela relatos de histórias que habitam as ruas de Aracaju

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O cotidiano de dias mascarados; realidades ainda mais distantes que o típico atual recomendado pela Organização Mundial de Saúde e a distopia em sensibilidade aguçada da fotógrafa Mônica Flávia constituem a exposição Distante2Metros, que acontece até o próximo dia 24, no “arroba” homônimo da mostra.

Selecionada no edital “Reinvente-SE’, lançado pelo Governo do Estado de Sergipe através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Mônica exibe o olhar de olhares; a rotina de transeuntes aleatórios; a sobrevivência na rua; o tempo de espera que não se sabe quando acaba, numa sala aberta à apreciação necessária ao encaixe perfeito ao modo quadrado do Instagram e reflexão contínua em todo o “feed”.

“Mostra virtual é algo diferente, até porque é visualizada através de um computador ou celular. É uma imagem que não tem a dimensão de 50x70cm e também tem as cores, as conversas e o contato. Virtual não é a mesma coisa, porém está disponível para todos em qualquer parte do mundo, basta ter internet.

O projeto tem apoio do edital Reinvente-SE, da Funcap, e tem início e fim. Porém, já resolvi dar continuidade a ele com o objetivo de lançar talvez uma mostra com uma realidade diferente, em qual todos possam estar juntos, olho a olho, dando as mãos. Alcançar os menos favorecidos, os que sempre viveram no isolamento social, pois hoje sofremos na pele e vemos o quanto isso é triste”, destacou Mônica Flávia.

Sobre os caminhos feitos e encontros favoráveis às fotografias de cenários reais e pessoas protagonistas de histórias desconhecidas, Mônica conta as surpresas de encontros conduzidos pela aleatoriedade. “As saídas foram aleatórias, os encontros e as histórias foram surgindo.

Como sou muito comunicativa ajuda bastante, Uma mostra ‘Distante2Metros’ EXPOSIÇÃO VIRTUAL DA FOTÓGRAFA MÔNICA FLÁVIA REGISTRA O “NOVO NORMAL” E REVELA RETALHOS DE HISTÓRIAS QUE HABITAM AS RUAS DE ARACAJU embora tenha ocorrido um episódio de homem correr de mim com medo, achando que eu era investigadora.

No mais, a receptividade das pessoas foi positiva. Inicialmente, andei nas imediações de minha casa, e como moro em uma avenida, saí rumo ao Bairro Suíssa à procura de cenas, vilas, trabalhadores. Passei até por uma feira municipal que acontece às sextas-feiras e que por ventura não sabia.

Depois, escolhi o Bairro Santo Antônio e lá registrei muitas imagens. Fui também até o calçadão da Laranjeiras, onde tive a felicidade de me deparar com as três freiras de máscara”, relatou. A felicidade ressaltada foi enquadrada e descrita por Mônica num vídeo explicativo da mostra também publicado e disponível no @distante@ metros, onde ela conta a história de cada registro, numa revelação interessante de histórias em retalhos e que leva o “seguidor” a acumular interpretações e instigar a própria compreensão enquanto ser, estar, permanecer e/ou mudar.

Guiada pela realidade distópica, Mônica se deixou levar pelos bons ventos, desafiando- -se profissionalmente e descobrindo outras formas das relações, compartilhando de um conhecimento que vai para além do ser fotógrafa. “Foram muitos pensamentos e sentimentos.

Estamos vivendo um momento muito difícil e desenvolver um projeto com essa realidade é um desafio, isso porque é a primeira vez que saio da minha zona de conforto e acabo extrapolando alguns limites, porém isso alimenta mais essa ‘busca’. A mostra Distante2Metros une imagens com histórias que não deixam de ser um desabafo para o fotografado e para mim. Honestamente, todas as histórias me emocionaram, até porque foram realidades diferentes.

Cada imagem, cada pessoa me passou uma mensagem. Mas posso afirmar que a história que mais vai emocionar ainda está por vir. Em dias normais, eu simplesmente não estaria nessa posição de descoberta, até porque a linha que mais me atraia era a fotografia conceitual. A quarentena e o isolamento despertaram em mim o interesse da forma que o outro está vivendo, como está vivendo. Não cheguei nas casas, nas pessoas, falando apenas de fotografia, mas sim do interesse em projetar o que a pessoa estava vivendo. Foi e está sendo muito bom para mim, emocionalmente falando”, disse.