29/06/2020 as 13:17

MÚSICA

A voz e a vez do voo de Pardal

Ele lança hoje nas plataformas digitais o primeiro single: “Fui Escolhido”.

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No palco da vez, na fala de sempre e lugar de talento desde nascença, o jovem sergipano Wesley dos Santos, que se criou “Pardal”, é arte expressa em letra, som e corpo. Múltiplo e consciente das expressões artísticas que o inspira e cerca, encontrou inicialmente na dança a própria manifestação do diálogo; no poema, o desabafo social; e agora, no canto, a pujança amplificadora de uma escolha já determinada quando do primeiro verso escrito.

MC, poeta, rapper, preto da periferia, B-Boy e bailarino contemporâneo, Pardal integra o movimento Hip Hop há 12 anos e nesta segunda, 29, lança nas plataformas digitais o primeiro single: “Fui Escolhido”. “Essa composição é de 2018, quando já escrevia alguns poemas e sempre que mostrava aos amigos eles sugeriam transformar em música.

Até então, cantava em rodas de samba, encontro de amigos e quintal de casa. Nunca pensei em me tornar MC, mas foi acontecendo e lançar esse single agora, o primeiro de um EP que vai chegar em breve, é significativo pelo momento que estamos vivenciando, o que nos mostra a atemporalidade da arte e esta como ferramenta de diálogo com o público”, destacou Pardal.

Na poética de Pardal, a vivência presente reencontra o passado numa linha contínua de preconceito racial, social e religioso, numa exposição de conquistas, luta, embates, silêncio, eco certeiro de uma realidade que visa modificações no breve amanhã. “É a minha vida. Sou da “quebrada”, minha inspiração é diária, ao sair de casa já tenho uma história para contar. Aberto às possibilidades artísticas e entendendo ela como ferramenta de transformação, desejo que o meu trabalho se multiplica, reverbere e que outras pessoas tenham os espaços que se abriram para mim, como conheceu comigo em diversos saraus da cidade, a exemplo do Sarau da Quebrada, comandado pelo Hot Black, minha inspiração também, enquanto ser humano e artista”, declarou.

“Fui Escolhido” apresenta voo livre, sem perdas rítmicas, com referências ao jazz, soul, funk e samba, num início acelerado de verdades diárias e atemporais que encontram no pedido de licença ao sofrimento em “Depois Eu Volto”, do Batatinha, a suspensão do refletir social em favor de uma diversão passageira. “A arte é para a gente pensar, é beleza, é amor. Em que pese a letra trazer todo uma realidade que nos entristece, fico feliz em soar artisticamente e contribuir de alguma forma para dias melhores a partir do uso da arte como meio de informação, esclarecimento e clarear de ideias”, disse Pardal.

O EP com seis músicas está em fase de produção, atividade suspensa devido à pandemia instalada no país, mas o jovem rapper acredita que a obra vai chegar. “Já estávamos finalizando, definindo as estratégias de lançamento, mas então a pandemia se instalou e tivemos que adiar alguns processos. Mas estamos felizes com o lançamento desse primeiro single e à medida que essa realidade se transforme novamente vamos definindo a chegada desse EP, que está lindo com uma seleção de músicas que contam uma história. E o nosso desejo é que tudo isso passe e possamos lançar fisicamente também, mas aí vai depender de tudo isso que estamos enfrentando”, concluiu.

|Por Gilmara Costa
||Foto: Rita Avellar