09/07/2020 as 09:37

ANIMAÇÃO

‘Os Olhos de Cabul’ estreia nas plataformas digitais

O longa, de Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévelle, foi lançado no Festival de Cannes (2019) e premiado no Festival de Cinema de Animação de Annecy (2019)

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A Vitrine Filmes lançou ontem, 8, a animação “Os Olhos de Cabul”, dirigida por Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévelle, nas plataformas Net Now, Apple TV, YouTube Filmes, Vivo Play, Google Play e Sky Play. Após a suspensão dos lançamentos nas salas de cinema, essa é a primeira estreia da distribuidora realizada prioritariamente no ambiente digital. O lançamento, feito primeiro em parceria com o Cinema Virtual, plataforma de aluguel de filmes criada com o intuito de minimizar o impacto da Covid-19 no setor de exibição, chega agora às plataformas de TVOD (Transactional Video on Demand). Os valores da locação variam de acordo com a plataforma. 

“Desde que os cinemas fecharam, em março, ficamos preocupados com as atividades do setor audiovisual. Poder lançar um filme com o selo de Cannes, como “Os Olhos de Cabul”, durante este período traz satisfação para a Vitrine. Estamos oferecendo para o nosso público uma animação de excelente qualidade, premiada em grandes festivais do mundo”, comentou Felipe Lopes, diretor da distribuidora.  

A animação, que teve estreia mundial no Festival de Cannes (2019), na mostra Un Certain Regard, e venceu o prêmio Gan Foundation Award for Distribution, no Festival de Cinema de Animação de Annecy (2019), narra a história de Zunaira e Mohsen, um casal jovem e apaixonado, que vive numa Cabul sob o regime do grupo radical islâmico Talibã. Apesar de toda a violência e miséria diária, eles alimentam a esperança de um futuro melhor. Ela, uma pintora liberal na arte e na personalidade, vê sua liberdade completamente retirada ao ter que se enquadrar às regras do regime. Ele, um professor universitário que foi obrigado a deixar seu cargo após a destruição da Universidade de Cabul, também sofre ao ser submetido às ordens machistas para manter-se dentro do esperado pela sociedade ao qual faz parte.

Paralelamente, o longa também acompanha a jornada de Atiq e Mussarat, um casal mais velho que se adaptou ao sistema como forma de sobrevivência. Ele é carcereiro de uma prisão destinada a mulheres condenadas à execução e aliado do Talibã. Apesar de questionar-se sobre as atitudes que toma, ele cede frequentemente à pressão do regime por medo. Mussarat, sua esposa, que está com uma doença terminal, luta entre manter-se viva, sustentar seu casamento e cumprir o papel de companheira submissa, estabelecido pelas regras do radicalismo.

O longa costura a história dos quatro personagens e traz à tona o quanto o regime político influencia a vida de todos, sem exceção. Dirigido por duas mulheres, as francesas Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévellec, a forma como a animação retrata a vida das afegãs e o machismo avassalador que as cerca é sutil e poderosa. O filme é uma adaptação do livro “As Andorinhas de Cabul”, de Yasmina Khadra.

Além do Festival de Cannes e do Festival de Cinema de Animação de Annecy, ambos na França, o longa foi exibido no Festival de Cinema de Valletta, em Malta (2019), onde ganhou o Audience Awards, e no Festival Freistadt, na Áustria (2019), vencendo como Melhor Filme. Por aqui, a animação foi exibida na 43ª Mostra Internacional de Cinema, no último Festival do Rio, e estava selecionada para o Festival Varilux de Cinema Francês deste ano, suspenso por conta da pandemia. Além do lançamento nas plataformas, a animação será disponibilizada para os exibidores de cinema de arte quando houver a reabertura do setor, dentro dos protocolos de segurança e bem-estar.

|Foto: Divulgação