Cassiano Celestino lança livro em Aracaju

Ainda inebriado com o lançamento do livro “Corpos em Chamas: Masculinidades e Práticas Sexuais no Medievo Ibérico” na cidade natal, Simão Dias, o historiador e doutorando Cassiano Celestino se prepara para apresentar a primeira obra escrita no Museu da Gente Sergipana, no próximo dia 30, às 17h30.

Fruto da dissertação de mestrado realizado na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o livro foi publicado pela a Editora Diário Oficial de Sergipe (Edise) e aborda a temática da sexualidade na época medieval, promovendo a reflexão necessária da atualidade, numa contínua discussão de gênero, preconceito e conhecimento. “O livro é dividido em três capítulos em que faço uma análise do discurso jurídico sobre a sodomia na Idade Média, mais especificamente no Século XIII.

Reúno códigos jurídicos, analisando as leis diante das práticas sexuais consideradas desviantes, a exemplo da sodomia. Portanto, a relação amorosa ou sexual entre pessoas do mesmo sexo era condenada, queimadas na fogueira ou quando não, tinham as genitais castradas. Isso mostra que o preconceito não é de hoje. E a gente fala do passado, vivenciando e refletindo sobre o presente, fruto do nosso tempo. A história é contemporânea e abordar essa temática, fruto de uma ampla pesquisa, em livro é ainda um sonho que não acredito estar sendo realizado”, disse Cassiano Celestino.

Ainda sobre a obra, Celestino fala sobre as chamas dos corpos em resistência àqueles que repudiam a sexualidade, definindo como repugnante qualquer ato, gênero ou relação que não convergem com o estabelecido como correto e puro. Um pensamento mediável que se encontra na contemporaneidade dos dias. “Temos vivido em nosso país grandes tentativas de retrocesso no que diz respeito às temáticas de corpo, gênero e sexualidades. Corpos (e também pesquisas) que se desviam das normas-modelos-padrões estabelecidos, legitimados e constantemente reforçados como o ‘correto’, têm sido permanentemente alvo de perseguições”, analisou o historiador Cassiano Celestino. Ao ressaltar a vida acadêmica na educação pública, o jovem autor destaca a potencialidade do saber e o enfretamento das precariedades.

“Sempre fui aluno de escola pública. A educação tem o poder libertador e emancipatório. Publicar um livro sempre foi uma realidade distante, porém ela chegou. E fazer o primeiro lançamento presencial no Centro de Excelência Milton Dortas, em Simão Dias, foi de um significado muito importante, pois foi um momento de reencontros para a recepção de uma obra que sempre digo que fé um livro coletivo, sendo grato a cada um que de alguma maneira contribuiu para que ele se concretizasse. Há momentos que ainda não acredito que ele está publicado”, disse.

MAIS LIVROS
E com fôlego e conhecimento de sobra para novos escritos, o jovem autor destaca e agradece à Edise, bem como garante que novas publicações surgirão. “É uma felicidade que não cabe em mim. Tenho uma admiração enorme pela Edise, que tem cumprido um papel fundamental no território sergipano, publicar um livro por esta editora é verbalizar e publicizar para os sergipanos o que temos produzido dentro da Universidade Federal de Sergipe. Espero que assim como meu livro, a Edise tenha vida longa. E esse é só o primeiro de outros livros que desejo escrever”, diz Cassiano Celestino.

|Por Gilmara Costa
||Foto: Divulgação