Michel de Oliveira lança primeiro romance

Aguçar aos menos três dos cinco sentidos ao primeiro olhar e toque de um livro é o caminho para o alcance dos demais pelo despertar da imaginação, num mergulhar de histórias alheias, porém próximas (ou não!), deliciosamente fictícias e genuinamente reais quando o leitor se faz protagonista da narrativa à vista.

O primeiro romance do escritor Michel de Oliveira é desses que seduzem, literalmente, pela capa, em poucas palavras e vários despertares. “Meus Dedos Sentem Falta do seu Cheiro”, segundo ele, “Talvez seja uma história de incêndios e afogamentos”, e chega ramificando sentimentos, relações e outras temas, no próximo dia 14, a partir das 18h, no Museu da Gente Sergipana. Publicado pela Editora Moinhos, este será o quinto livro de ficção do autor, que tem uma escrita bastante eclética, com destaque para os contos, mas também passando pela poesia e pela escrita acadêmica. “Apesar de ser meu quinto livro, o romance marca minha estreia na narrativa longa, então estou curioso para saber qual será a reação dos leitores”, contou Michel de Oliveira.

Sobre a escrita estreante do gênero romance, Michel fala sobre o desafio imposto a si, o longo percurso e alinhavo da narrativa. “Na realidade, esse foi meu segundo livro. Eu só demorei a publicar. Mas a escrita da narrativa longa é mais difícil, porque precisa de mais fôlego para organizar a história. Os detalhes precisam estar todos alinhados. Mas foi um exercício importante para minha carreira me dedicar à escrita do romance, porque foi um desafio que me coloquei e consegui finalizar”, revelou.

O livro narra os encontros e desencontros de L., um recluso estudante de Letras de Londrina, e Miguel, um cearense passional que escuta Diana e Belchior. Depois do encontro inesperado, se desenrola a narrativa marcada por lacunas, silêncios e sentimentos que os personagens não sabem como lidar. “Apesar de tratar de temas como homoafetividade, saudade e ghosting, a palavra da moda que significa um sumiço inesperado, considero que o fio condutor do romance é, na realidade, os desafios da comunicação. Temos inúmeros aparatos, mas não conseguimos, de fato, estabelecer diálogos”, detalhou Michel.

Assombros
Quem já leu os escritos de Michel sabe que o autor gosta de mexer com o que há de mais profundo, aqueles sentimentos que se busca deixar escondidos, temas espinhosos e polêmicos. Mas no romance os sentimentos são outros, mais viscerais. “Queria escrever uma história episódica, lacunar e meio brega. Apesar de ter elementos característicos da minha escrita, como frases curtas e diretas, sinto que o narrador desse livro é mais passional, com uma visão quase adolescente do amor e dos sentimentos, o que faz com que muitas das ações dos personagens sejam exageradas e desmedidas”, considerou o escritor.

No texto de apresentação, o premiado escritor Raimundo Neto comenta que Michel escreve o primeiro romance em tons de assombro sentimental. “L. e Miguel encontraram no amor e no desejo um abrigo e um precipício, irremediavelmente, e tudo isso permeado por sentimentos coloridamente eviscerados, do sexo casual iniciado em flertes anônimos na internet, invenções do amor e seus novos nomes”, descreveu.

Trajetória de sucesso
Michel de Oliveira é natural de Tobias Barreto, Sergipe. Escritor, fotógrafo, artista visual, jornalista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e doutor em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É autor de “Fatal Error” (Moinhos, 2021), “O amor são tontas coisas” (Moinhos, 2021), “O sagrado coração do homem” (Moinhos, 2018), “Cólicas, câimbras e outras dores” (Oito e Meio, 2017) e do livro de não ficção “Saudades eternas: fotografia entre a morte e a sobrevida” (Eduel, 2018). Participou ainda das antologias “Como tudo começou: a história e 35 histórias dos 35 anos da Oficina de Criação Literária da PUCRS” (ediPUCRS, 2020) e “Qualquer ontem” (Bestiário, 2019).