23/07/2018 as 11:11

Mercado

Estiagem reduz a produção de grãos em Sergipe

Na manhã desta segunda-feira, técnicos se reuniram com o Banco do Nordeste e Banco do Brasil para buscar uma solução.

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Estiagem reduz a produção de grãos em SergipeFoto: Ascom/Faese

Devido ao período de estiagem e falta de chuva em Sergipe, principalmente nos municípios que compõem o cinturão do milho no estado, a produção de grãos e de leite vai sofrer uma redução de aproximadamente 50% em relação ao ano de 2017. O milho é o principal grão produzido em Sergipe, em 2017 foram produzidas 850 mil toneladas do produto, a previsão era de que em 2018 fossem produzidas 800 mil toneladas.  

 

Segundo o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Sergipe, Ivan Sobral, as expectativas para a produção de grão para esse ano eram as melhores possíveis, “Tivemos uma boa produção em 2017, foi um ano realmente de grande produção, as expectativas e os índices eram muito bons para 2018, infelizmente isso foi frustrado e agora estamos correndo atrás desse prejuízo para minimizar os impactos”, analisou.

 

Além do milho, a produção de leite também será afetada, o presidente da Faese explicou que como os animais produtores de leite se alimentam de silagem, um tipo de forragem que vem do milho, a produção de leite pode ficar mais cara por conta da escassez do alimento. Segundo Ivan, o leite ainda não foi afetado, mas com a queda da produção de milho, certamente essa produção também será prejudicada.

 

O prejuízo da safra é equivalente ao valor R$ 78 milhões, além de R$ 204 milhões que deixarão de ser movimentados na economia do Estado.

 

Para o presidente da Faese, é difícil mensurar algum aumento de preço neste momento, “Nós temos uma grande produção no Alto Sertão Sergipano, com uma boa produção temos geração de emprego e renda o que movimenta toda a economia daquele município, o que nós temos consciência é que para o comércio local dessas cidades com certeza teremos uma grande perca”, afirmou. Todos os municípios da região foram prejudicados, juntamente com alguns municípios da Bahia que também fazem parte do cinturão do milho.

 

Buscando uma solução para o problema, técnicos projetistas se reuniram na manhã desta segunda-feira, 23, na Faese, juntamente com agentes financeiros do Banco do Brasil e Banco do Nordeste para discutir medidas para amenizar as perdas dos produtores.

 

Os principais objetivos da Faese é sensibilizar os bancos a agilizar a liberação de áreas para produção de silagem, além de realizar a análise da cobertura do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e ainda efetuar eventuais renegociações de dívidas pelo manual de crédito rural. “Faremos um alinhamento estratégico com os técnicos projetistas e os técnicos do Banco do Nordeste e Banco do Brasil para liberarmos o mais rápido possível os laudos para a liberação do Proagro”, informou Ivan Sobral.

 

Presente na reunião, o engenheiro agrônomo representante do Banco do Nordeste, Braz Costa, explicou o que os produtores precisam fazer para ativar o Proagro, “Eles precisam comprovar juntamente ao banco, através de laudo técnico que eles plantaram e utilizaram os insumos que nós financiamos, feita essa comprovação o Banco do Nordeste vai enviar um perito na propriedade dele para que seja feito uma mensuração de quanto foi a perda, depois disso essa documentação é analisada pelo Banco do Nordeste para que ele tenha direito a ressarcimento de parte do financiamento”. O engenheiro agrônomo disse que o principal dever do Banco do Nordeste é o de instruir os produtores sergipanos nesse momento.

 

O produtor rural Adailton Almeida avaliou a situação de forma apreensiva, “O cenário hoje é de cerca de 70% da área já perdida, se chover até o dia 15 de agosto, pode se tirar alguma coisa, de 30 a 40%, se não teremos 100% de perda”, concluiu.

 

O milho representa a maior área de lavoura do Estado e maior valor bruto de produção. Ainda segundo a Faese, representa 33% de todas as operações de credito rural no estado, sendo 90% do custeio agrícola. São 3.500 operações com o valor total de R$ 145 milhões por ano.