16/04/2018 as 12:02

Copa 2018

Rússia afunda em lesões

Técnico trava relacionamento conturbado com jornalistas e jogadores

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Rússia afunda em lesões

AGÊNCIA O GLOBO - Inexperiência, desequilíbrio e opções limitadas. Para qualquer lado que se olha, a Rússia inspira mais desconfiança do que certezas a dois meses de ser anfitriã da Copa do Mundo. A seleção dirigida por Stanislav Cherchesov chegará à estreia contra a Arábia Saudita, no dia 14 de junho, mergulhada em dúvidas diante da escassez de vitórias em amistosos, do insucesso em torneios da Fifa e da combinação de uma entressafra de talentos com falta de planejamento para forjar uma nova espinha dorsal a tempo do Mundial de 2018.

Desde a vitória na abertura da Copa das Confederações de 2017, diante da Nova Zelândia, a seleção russa disputou oito partidas. Venceu apenas um amistoso contra a Coreia do Sul, em outubro, e sofreu cinco derrotas. A mais ampla aconteceu em março deste ano, contra o Brasil, quando os anfitriões da Copa perderam por 3 a 0 no estádio Lujniki, em Moscou, que será palco da abertura e da final. Depois daquele jogo, Cherchesov desabafou: disse que a sensação era de que precisava começar “tudo do zero”. Quando se trata da defesa, a frase cai como uma luva.

Ao assumir o comando, após o fracasso da Rússia na Eurocopa de 2016, Cherchesov apostou na formação com três zagueiros como trunfo para conter o ataque de adversários poderosos. Só que a seleção perdeu a mesma quantidade de defensores naquela época: Sergei Ignashevich, de 38 anos, decidiu encerrar a carreira internacional depois da eliminação na primeira fase da Euro, com direito a derrota por 3 a 0 contra Gales. Os irmãos gêmeos Vasili e Alexei Berezutsky, de 35 anos, seguiram a deixa e largaram a seleção no fim daquele ano, alegando não terem condições físicas para atuar em alto nível pelo país. Todos os três seguem em atividade pelo CSKA, time que chegou às quartas de final da Liga Europa neste ano.

Na seleção, Cherchesov supriu as ausências com o jovem Georgi Djikiya, de 24 anos, do Spartak, e os veteranos - embora sem qualquer bagagem na seleção - Viktor Vasin (29), do CSKA, e Fyodor Kudryashov (31), do Rubin Kazan. Só que os dois primeiros lesionaram ligamentos do joelho no início do ano e têm pouquíssimas chances de disputar a Copa. O primeiro jogo sem a dupla foi justamente o duelo contra o Brasil. Cherchesov também não teve naquele amistoso Aleksandr Kokorin, de 27 anos, atacante do Zenit, outro que rompeu ligamentos do joelho e dificilmente vai ao Mundial.

-- Esse tipo de derrota (para o Brasil) não é culpa dos jogadores. É preciso entender as dificuldades que estamos enfrentando - pontuou Cherchesov. - Não queríamos apenas jogar, e sim vencer, mas nosso adversário foi mais forte. Mesmo assim, eu sinto que os jogadores se superaram. Todos disseram que aprenderam muitas lições.

 

O tempo de aprendizado da seleção russa, porém, é reduzido. Na comparação com as seleções que representaram a Rússia nas edições anteriores da Copa do Mundo - incluindo os tempos de URSS, conjunto de repúblicas socialistas que incluía os russos e existiu até os anos 80 -, o grupo atual é o mais velho: a média de idade beira os 28 anos.