30/06/2020 as 09:00

ABANDONO

População de Campo do Brito lamenta abandono do Complexo Desportivo

Estrutura que já foi motivo de orgulho para população do município, hoje envergonha pela total degradação

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Gestão após gestão, o município de Campo do Brito, localizado no agreste central sergipano, vive um dilema quando o assunto é esporte. O Complexo Desportivo José Roque da Cruz, inaugurado no ano de 2004, com campo de futebol, quadras poliesportivas e piscina, acompanhado de iluminação e estrutura adequada, deveria estar proporcionando aos munícipes maior qualidade de vida, bem como descobrindo novos talentos. Acontece que a estrutura, que já deu muita inveja para outros municípios, hoje envergonha a população local.

O complexo, que foi promessa de campanha, continua completamente abandonado por parte da prefeitura. Construído com recursos federais, o complexo vive a sua pior fase desde a sua inauguração. Vidraças quebradas, estruturas metálicas enferrujadas, pinturas externas e internas desgastadas, equipamentos de iluminação quebrados, e um matagal que toma conta do cenário. É importante ressaltar que nessa época de fortes chuvas, o local é propício para o acúmulo de água parada, possibilitando a proliferação do mosquito Aedes aegypti - transmissor de doenças como a dengue, o zika vírus, a febre amarela e a chikungunya.

De acordo com o então secretário de cultura, esporte, lazer e turismo durante a gestão do prefeito Manoel de Souza, no ano de 2011, Sandro D’Jota, a atual gestão não concede a importância necessária para fomentar o esporte da região, até porque, segundo ele, além do abandono do complexo, a cidade e povoados não possuem espaços adequados para a realização das práticas. “As ações relacionadas ao esporte no município de Campo do Brito são pífias.

É basicamente campeonato de futsal, futebol, mesmo assim não é anual. Seria muito importante que a prefeitura se dedicasse mais ao esporte, porque tem pessoas que não gostam de futebol e nem de futsal, mas gostam de vôlei, handebol, entre outros. A administração está fazendo o básico do básico aqui no município e, de vez em quando, apoiando as entidades que fazem o esporte particular ou de alguma outra forma que precisa do apoio da prefeitura”. Um morador que preferiu não se identificar, e que reside próximo ao complexo despor tivo, lamenta o desprezo que o gestor tem dado à população, especialmente em relação a essa pasta. “Infelizmente o que vivemos em Campo do Brito é uma tristeza, não só no esporte, mas em outras áreas como saúde, educação e segurança. Esse complexo que deveria estar funcionando fica a mercê de usuários de drogas, bem como de animais e insetos.

O prefeito prometeu reerguer na campanha eleitoral, mas, até o momento, nada foi feito”. José Carlos Santos, professor da rede municipal e estadual de Campo do Brito, que trabalhou como diretor de esporte nas gestões de Manuel de Souza e Alesxandro Menezes, contou que durante as duas passagens utilizou dos espaços para realizar competições esportivas. “É lamentável ter que assistir como ficou uma obra construída com dinheiro público e que, no período de 16 anos, foi destruída. No final da gestão de 2005 a 2012 (Manuel de Souza), nos dois últimos anos, já vimos o princípio do abandono. Depois segue na gestão de 2013 a 2016 (Alexsandro) a continuação do descaso. E na gestão atual, permaneceu o descaso e o abandono e nos deparamos com uma completa destruição de uma obra pública. Eu sei que os 74 municípios de Sergipe, tirando a capital, gostariam de ter uma obra dessa, e Campo do Brito foi agraciada e não souberam cuidar.” O professor José Carlos disse também que os políticos não se importam com o esporte, pelo simples fato de, segundo ele, não dar voto e deixou um alerta importante para os vereadores.

“Infelizmente, não temos um projeto a nível municipal que envolva os jovens em diversas modalidades como vôlei, basquete, atletismo, ciclismo, futsal e futebol de campo. Por várias vezes, eu e outras pessoas sugerimos as administrações a criação de escolinhas, onde o aluno estudaria em um horário e praticaria esporte em outro, um calendário com práticas esportivas e culturais, mas ainda prevalece a triste constatação de que esporte e cultura não dão voto. Por fim, não tenho conhecimento de que a Câmara Municipal, em 16 anos, tinha pedido explicações sobre o abandono e destruição do complexo desportivo, nem por parte de setores da justiça”. Curioso é que o complexo leva o nome do ex-prefeito que inaugurou a obra. Atualmente, a sua esposa é presidente da Câmara Municipal e apoia o prefeito Marcell Souza (PSDB).

Porém, nada faz para cobrar do atual gestor um posicionamento para recuperação do equipamento público. RESPOSTAS Em nota, a prefeitura de Campo do Brito informou que “a promessa de campanha registrada no TRE/SE, diz: ‘Buscar junto ao Governo Federal emenda para a reforma do Complexo Esportivo de Campo do Brito’, e que foi exatamente o que o prefeito Marcell Souza junto à administração municipal fez”. A gestão afirma ainda que o abandono aconteceu na gestão do ex-prefeito Alexsandro Menezes Rocha e repudiou as declarações dos secretários de esporte. “Nós respeitamos a opinião dos moradores que por algum motivo querem ver seus bairros com quadras poliesportivas, como já é uma realidade de alguns bairros e povoados, mas lamentamos e repudiamos a intenção desses secretários de gestões passadas que nada fizeram e ainda assim, buscam desinformar a população através de fake news”, destaca a nota de resposta.

A administração de Marcell Souza esclareceu que “no momento as atividades não estão sendo realizadas presencialmente, pois a prefeitura está seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde no que se refere às medidas de combate a covid-19. No entanto, tem realizado vídeo aulas com atividades físicas, alongamento e dança para os idosos do município. E concluiu que não pretende fazer obras até o fim do ano para melhorar o complexo. “Apesar do investimento para uma reforma como a do Complexo Esportivo ser dispendiosa, a prefeitura seguirá buscando recursos e parcerias com o Ministério dos Esportes para viabilizar a reforma desse espaço que foi abandonado completamente pela gestão anterior”.