25/08/2025 as 11:24

ENTREVISTA

A força da música e da inclusão no trabalho da JYNgle

Em entrevista, Tio Jovis fala sobre a proposta do grupo, o impacto da arte no desenvolvimento infantil e os próximos passos da JYNgle.

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Referência no cenário cultural infantil de Sergipe, a JYNgle é mais do que um grupo musical, é um projeto afetivo, inclusivo e educativo que vem encantando crianças e adultos com uma linguagem acessível e cheia de propósito. Criada coletivamente por Jovilson Ramos, o “Tio Jovis”, sua esposa Nadja Tatiane e a filha do casal, Yarin Ramos, o grupo nasceu com o compromisso de respeitar a infância e promover experiências sensoriais por meio da música, da contação de histórias e da valorização da diversidade. Em entrevista, Tio Jovis fala sobre a proposta do grupo, o impacto da arte no desenvolvimento infantil e os próximos passos da JYNgle.

 

JC SOCIAL - A JYNgle tem uma proposta que vai além do entretenimento, o grupo trabalha com inclusão, afeto e respeito ao universo infantil. Como foi construir esse conceito e por que ele é tão importante para vocês? 

JOVILSON RAMOS - Exatamente, estes são pilares que fazem parte da nossa missão. Promover uma proposta musical brincante infantil que acolha todas as crianças, sem distinção, tem sido desafiador em todos os sentidos. Esse conceito nasceu com o nascimento da nossa filha Yarin e se ampliou com a chegada da nossa sobrinha Bianca, que nos apresentou ao universo das crianças PCDs e neurodivergentes. Enquanto vivíamos essas experiências, também evoluíamos como educadores. Me especializei em Educação Musical e, mais adiante, na Musicoterapia. A JYNgle foi surgindo nesse processo, como extensão do que somos: pais, educadores e artistas que acreditam no poder da música para o desenvolvimento infantil. 

JC SOCIAL - A música é parte central do trabalho da JYNgle, inclusive com um olhar para a musicoterapia e o desenvolvimento sensorial das crianças. Como vocês pensam e criam essas experiências nos espetáculos? 

JR - Nós defendemos o lema da musicalidade inerente ao ser humano. Todos temos, desenvolvemos e expomos nossa musicalidade na vida. Não é preciso saber cantar ou tocar, basta viver a música com o corpo, os sentidos e as emoções. A música é multissensorial e ativa lembranças, sentimentos e até o nosso ritmo cardíaco. Por isso, nas apresentações da JYNgle, usamos brinquedos musicais, karaokê, brincadeiras como a dança da laranja e desafios como o “Qual é a música?”. São atividades que podem parecer simples brincadeiras, mas é pensado para estimular habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais. Valorizamos a cultura popular e usamos essas atividades de forma educativa, sempre com muito afeto e diversão. 

JC SOCIAL - O grupo já participou e promoveu eventos inclusivos, ações em escolas e apresentações que envolvem crianças com diferentes perfis. Como tem sido esse contato direto com o público infantil e suas famílias? 

JR - Tem sido uma experiência incrível. As crianças são sempre acolhedoras e suas famílias são muito participativas. São muitos os relatos de famílias que estimam os encontros para partilhar da musicalidade envolvente, alegre e inclusiva do jeito JYNgle de ser. Ficamos muito satisfeitos ao receber as devolutivas de clientes e de instituições e empresas que confiam em nosso serviço. 

JC SOCIAL - A JYNgle também valoriza muito a cultura local, com canções e personagens que dialogam com o cotidiano das crianças sergipanas. De que forma vocês enxergam a arte como ferramenta de educação e identidade? 

JR - Dentre as potencialidades da música, estão a capacidade de ensinar, formar opinião e educar. Temos um olhar atento para a riqueza rítmica brasileira e valorizamos essa diversidade, buscando apresentá-la às crianças com muito cuidado, especialmente no que diz respeito às letras. Acreditamos que a mensagem de uma canção pode influenciar sentimentos, pensamentos e comportamentos. Por isso, prezamos pela formação integral do ser por meio da arte. Na prática, a JYNgle não canta nem toca músicas que desrespeitem os direitos humanos, mesmo aquelas que fazem parte da tradição popular. Em nossas apresentações, fazemos questão de incluir cantigas do Cancioneiro Popular Infantil em ritmos nordestinos como xote, forró, baião, axé, ijexá, samba-reggae, frevo, entre outros, promovendo, desde cedo, identidade e senso de pertencimento. 

JC SOCIAL - E para os pequenos fãs que já acompanham o grupo, quais os novos projetos da JYNgle? 

JR - 2025 está sendo um ano muito especial para nós. Em janeiro, lançamos nossa mascote, criada para representar tudo o que a JYNgle acredita. Já em fevereiro, apresentamos nosso primeiro videoclipe totalmente animado, com a participação dela. Em abril, realizamos o Show de Musicalidade no Parque, um evento gratuito e aberto ao público no Parque da Sementeira, com diversas atrações artísticas. Ao longo do ano, seguimos com novos lançamentos: vem aí um EP e um álbum com 14 canções autorais inéditas. Entre agosto e setembro, vamos lançar um livro que narra de forma mágica o nascimento da JYNgle. Também estamos produzindo um curta-metragem animado com uma canção especial sobre inclusão, inspirada na vida da Bibi, uma de nossas personagens. Todos esses projetos estão sendo desenvolvidos com muito afeto. Além disso, seguimos com a agenda aberta para eventos particulares e esperamos integrar as programações da Semana da Criança e das festas de fim de ano em Aracaju.