13/10/2025 as 09:48

ENTREVISTA

A trajetória da chefe Letícia Matos

Para ela, a gastronomia é uma diplomacia silenciosa, capaz de aproximar pessoas e culturas por meio dos sabores.

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A trajetória da chefe Letícia Matos é marcada pela força transformadora da cozinha. Formada em Gastronomia pela Universidade Tiradentes, com especializações pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (senac), Letícia construiu uma carreira sólida ao longo de 12 anos de experiência, sempre movida pelo desejo de transformar o ato de cozinhar em algo que vai além do prato: uma forma de diálogo e partilha. Para ela, a gastronomia é uma diplomacia silenciosa, capaz de aproximar pessoas e culturas por meio dos sabores. Inspirada pelas tradições regionais e pelas técnicas da alta gastronomia, a chefe sergipana acredita que cada receita carrega histórias e cria laços. Hoje, morando na capital dos Estados Unidos, leva consigo não apenas os temperos e influências de sua terra natal, mas também a certeza de que cozinhar é uma arte que une, emociona e constrói pontes entre diferentes mundos.

JC SOCIAL -  O que motivou você a fazer essa temporada de aperfeiçoamento nos Estados Unidos?
LETÍCIA MATOS - Um dos principais motivos foi a qualidade técnica e o acesso a tecnologias que pudessem ampliar meu conhecimento. Quis encontrar um lugar onde pudesse vivenciar meu desejo de trabalhar com ‘comfort food’ em um espaço de alta gastronomia, mas que ainda me permitisse alcançar e conectar com muitas pessoas.

JC SOCIAL - Como tem sido a experiência de conhecer outras culturas gastronômicas de perto? Alguma te surpreendeu?
LETÍCIA MATOS - Ultimamente, venho cozinhando muito pratos do Oriente Médio e aprendendo sobre novas especiarias. Fiquei surpresa ao perceber a conexão direta entre a cultura nordestina brasileira e o Oriente Médio. Descobrir minha história por meio de outro povo tem sido uma experiência incrível.

JC SOCIAL  - De que forma você tem levado a culinária sergipana e nordestina para fora do Brasil?
LETÍCIA MATOS - Tenho tido oportunidades de participar de eventos em que posso cozinhar comida brasileira em fusão com outras culinárias. Recentemente, colaborei com o La Shukran, nomeado Melhor Restaurante dos Estados Unidos pelo NY Times, e o CANA, ambos em Washington DC, criando um cardápio que misturava pratos brasileiros com influências do Oriente Médio.

JC SOCIAL - Qual prato regional você mais gosta de apresentar para estrangeiros — e qual a reação deles?
LETÍCIA MATOS - Apesar de clichê, adoro apresentar brigadeiro! As reações são sempre muito boas. Uma vez fiz caruru para um coreano, que disse nunca ter provado nada igual na vida. É incrível observar como os sabores despertam curiosidade e encantamento em pessoas de culturas diferentes.

JC SOCIAL - Como essa vivência internacional tem influenciado sua forma de cozinhar e criar novos pratos?
LETÍCIA MATOS - Minha base é brasileira, mas venho cozinhando fora do país há cerca de sete anos, mais da metade da minha experiência profissional. Essa vivência me fez me tornar ainda mais regionalista: como nordestina, sinto a responsabilidade de reidentificar nossos sabores e levá-los ao mundo. Hoje, entendo que é importante que o mundo conheça e valorize a riqueza da culinária do Nordeste.

JC SOCIAL - Quais são seus planos ao voltar para o Brasil? Algum projeto novo à vista?
LETÍCIA MATOS  - A curto e médio prazo, não tenho planos de voltar ao Brasil. Atualmente, tenho projetos nos Estados Unidos e oportunidades surgindo a partir dessa vivência internacional, que ainda estou explorando.