05/04/2019 as 10:54

Governo

Construtoras do MCMV ameaçam fazer 50 mil demissões no País

Recado foi dado pela CBIC ao governo federal, que não pagou o financiamento este ano. Dívida já estaria em R$ 450 milhões.

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Construtoras do MCMV ameaçam  fazer 50 mil demissões no País

As construtoras que realizam o Programa “Minha Casa, Minha Vida” (PMCMV) comunicaram Ônix Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, que, a partir do mês de abril, iniciarão um programa de demissões generalizado nos canteiros de obras. Os empreendimentos estão paralisados, segundo os empreiteiros, por falta de pagamento.

Os atrasos tiveram início no começo deste ano, após o novo governo assumir. Os empresários receberam de Lorenzoni, ainda em janeiro, a promessa de que a situação seria regularizada em questão de dias, mas os empresários aguardaram até março, sem nenhum resultado.
Sem dinheiro, o conjunto de empresas do “Minha Casa, Minha Vida” poderá dispensar até 50 mil empregados nos próximos dias. A dívida do governo já estaria em R$ 450 milhões.

Porta-voz dos construtores junto ao ministro, José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), também comunicou as decisões do setor aos ministérios do Desenvolvimento Regional e da Economia. Disse, em poucas palavras: “Não consigo mais segurar o pessoal”. Preocupante. Segundo posição conjunta dos dois ministérios, há esforço para antecipar limites para os próximos meses.

Vale destacar que de acordo com os números apresentados, as obras do MCMV significam dois terços do mercado imobiliário brasileiro. O setor da construção, que chegou a empregar 3,4 milhões de pessoas, hoje, emprega 2 milhões.

Caixa financia
Apesar dos atrasos nos repasses dos recursos, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, disse que o MCMV continua sendo financiado pela instituição, ao mesmo tempo em que o Banco irá ampliar o financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE). “O “Minha Casa, Minha Vida” é um programa de Estado, e a Caixa vai continuar prestando serviço para a sociedade”, disse. Vale lembrar que esse “funding” vem do Orçamento Geral da União (OGU) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “No faixa 1, executamos a coordenação da obra e vamos continuar a partir de uma estratégia do Estado”, afirmou.
A faixa 1 atende às famílias mais pobres, com renda mensal de até R$ 1,6 mil, e conta com subsídios originados no Orçamento Geral da União (OGU), que cobrem até 90% do valor dos imóveis. Houve um contingenciamento de recursos no começo deste ano para o MCMV, que já voltou a funcionar, com exceção da faixa 1, onde ainda o setor sente restrições.

Do ponto de vista de SBPE, onde são utilizados recursos do próprio Banco para o financiamento, Guimarães afirmou que a instituição pública quer crescer mais, lembrando ter havido retração nos últimos três anos. “É um crédito importante e temos um conhecimento histórico do mercado de crédito que tem de ser aproveitado. Vamos voltar a crescer nessa linha, sem mudança das taxas”, disse. “A ideia é desburocratizar o processo no SBPE, para que possamos concorrer com os demais Bancos no mercado e sermos, inclusive, protagonistas nesse financiamento”, acrescentou Jair Mahl.

O saldo da carteira de crédito habitacional cresceu 3,0%, para R$ 444,7 bilhões em dezembro, sendo R$ 265,2 bilhões com recursos FGTS e R$ 179,4 bilhões com recursos Caixa/SBPE. O Banco público segue na liderança do segmento, com 68,8% de participação, ganho de 0,6 p.p em 12 meses. Os contratos pela Caixa de “Minha Casa, Minha Vida” somaram R$ 62,5 bilhões, ou 505.494 novas unidades habitacionais, das quais 21,1% na faixa 1 do programa.