Estudo revela indicadores sociais de moradia em Sergipe

Com o objetivo de subsidiar governos e a sociedade civil com informações estruturais sobre as condições de vida da população brasileira, o IBGE realizou um estudo com informações sobre as características domiciliares no que se refere às condições de abastecimento de água, existência de banheiro e adensamento domiciliar em Sergipe, referentes ao ano de 2019.

Estes dados poderão ser utilizados na construção de cenários e no monitoramento das políticas públicas voltadas ao combate da pandemia causada pela COVID-19. Em 2019, mais de 550 mil pessoas no estado viviam em domicílios sem abastecimento diário de água.

Em Sergipe, a distribuição de pessoas residindo em domicílios por abastecimento diário de água pela rede geral e que conta com estrutura de armazenamento é de 48,1%. Este percentual está acima do registrado na região Nordeste (41,1%), mas é abaixo do percentual nacional de 62,2%. Com isso, Sergipe apresenta o 4º maior percentual do Nordeste. O primeiro está no Ceará, com 50,6% e o menor, em Pernambuco, com 21,4%.

Na região metropolitana de Aracaju, este percentual sobe para 70,3%. Na capital, o percentual é de 80,9%, sendo o 2º maior do Nordeste, atrás de Natal, com 82,9%. Ainda em relação à rede geral de distribuição de água, também existem as pessoas que vivem em domicílios onde, apesar deste abastecimento ser diário, não existe uma estrutura para armazenar a água. No estado este percentual é de 12,3% e em Aracaju, de 12%. No Nordeste, o maior percentual está no Piauí, com 33,2% e o menor em Pernambuco, com 5,4%.

Na análise, o IBGE investigou também as pessoas que estão distribuídas em domicílios onde não existe o abastecimento diário de água. O percentual encontrado em Sergipe foi de 24,3% e na capital, de 6,3%. Para o estado, isso representa cerca de 558.660 pessoas. Levando em conta que uma das formas de prevenção à Covid-19 é por meio da higienização das mãos com água e sabão, estas pessoas podem ter sido afetadas pelo fato de residirem em domicílios onde este abastecimento não é diário.

¼ das pessoas em situação de pobreza vivem em domicílios com 5 pessoas em Aracaju. A pesquisa também investigou a distribuição de pessoas residindo em domicílios, por número de moradores em cada domicílio. Em Sergipe, o maior percentual de pessoas vivem em domicílios com 3 moradores (27,8%), seguido de 4 moradores (25%) e 2 moradores (16,9%). Ainda, 10,7% das pessoas moram em domicílios com 6 pessoas ou mais.

Em Aracaju, 29,3% das pessoas vivem em domicílios com 3 moradores, seguido de 22,8% com 4 moradores. Em relação às pessoas que vivem em domicílios com renda domiciliar per capita menor que US$ 5,5, ou seja, que são consideradas como em situação de pobreza, 28,5% moram em um domicílio com 4 pessoas. Em Aracaju, 25,2% das pessoas nesta condição vivem em um domicílio com 5 moradores.

Este dado é importante na análise, já que no caso de isolamento domiciliar, a pessoa precisa ter um único cômodo para uso, com o objetivo de evitar a infecção de outros moradores do domicílio.

Em Sergipe, mais de 85 mil pessoas viviam em domicílios sem banheiro. A pesquisa investigou a distribuição de pessoas que moram em domicílios, levando em conta as condições de adensamento, ou seja, o número de moradores por cômodo utilizado como dormitório. Em Sergipe, o maior percentual de pessoas vive em um domicílio em que em um dormitório dorme até dois moradores (63,3%).

No estado, 4,5% das pessoas estão distribuídas em domicílios onde as pessoas dormem com mais de três moradores em um único cômodo. Isso representa 103.455 pessoas. No caso das pessoas em situação de pobreza, que são consideradas assim por viverem em domicílios com rendimento domiciliar per capita menor que US$ 5,5, 59,4% vivem em um domicílio onde dormem até dois moradores por cômodo, seguido de 24,3% de dois a três moradores por cômodo.

Ainda, 3,7% das pessoas vivem em domicílios sem banheiro, o que representa mais de 85 mil pessoas em todo o estado. Apesar disto, este percentual é menor em Sergipe, na comparação com a média nordestina, que é de 5,5%. Ainda, é uma questão com menor incidência na região metropolitana de Aracaju, onde 0,5% das pessoas moravam em domicílios sem banheiro. Na região Nordeste, o maior percentual registrado foi no Maranhão, com 15,5% das pessoas em domicílios sem banheiro. Este dado traz a reflexão acerca das limitações de ações básicas de higienização que estas pessoas podem ter, sobretudo, em um período pandêmico.

No caso dos domicílios que possuem banheiro, a pesquisa buscou identificar o uso do banheiro de forma exclusiva. Em Sergipe, o maior percentual de pessoas (24,2%) vive em um domicílio onde o banheiro é utilizado por mais de 3 moradores, sendo que somente 12,9% utilizam o banheiro de forma exclusiva. Vale ressaltar que o percentual de pessoas que não tem banheiro em seu domicílio é maior no caso de pessoas que moram em domicílios com rendimento domiciliar per capita menor que US$ 5,5, chegando a 7,1% e 54,9% das pessoas nesta condição dividem o banheiro com mais de três pessoas.

A composição etária por domicílio, indicam que maior parte das pessoas vivem com adultos e crianças Em relação à distribuição das pessoas, por composição etária do domicílio onde vivem, a pesquisa apontou que 2,4% das pessoas vivem em locais que têm dois ou mais idosos. Este percentual é de 2,9% em Aracaju. Ainda, 22,5% das pessoas moram em domicílios que têm dois ou mais adultos, um percentual de 23,7% em Aracaju. Em relação à composição etária dos domicílios, o maior percentual das pessoas (49,2%) vivem em domicílios com adultos e crianças, o que é acima da média nordestina de 45,7%. Na capital, este percentual é um pouco menor (42,9%).

Os resultados também mostraram que 11,7% das pessoas vivem com idosos e adultos, sendo 14,8% em Aracaju.

Foto: Ana Lícia Menezes