12/11/2018 as 09:14

ENTREVISTA

“O povo foi me pegar em casa e disse que eu precisava voltar”

Há um verbete que diz que na política bons nomes não entram por convite, mas por convocação. E como convocação é algo que não se recusa, para o ex-prefeito de Tobias Barreto, Dilson de Agripino (PPS), voltar à vida pública, após um adeus, foi apenas uma questão de tempo. “Imaginava que após meu último mandato iria me afastar da política. Até tentei. Mas o povo foi me pegar em casa e disse que eu precisava voltar para servir e dar dignidade à cidade”. Eleito para deputado estadual com 18.038 votos, Dilson foi o mais votado em Tobias Barreto e deixou para trás, com mais de quatro mil votos de diferença, a sua adversária política, esposa do atual prefeito da cidade e também eleita deputada estadual, Diná Almeida (PODE).

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“O povo foi me pegar em casa e disse que eu precisava voltar”Foto: Divulgação

JC MUNICÍPIOS - Você foi o candidato a deputado estadual mais votado em Tobias Barreto, com 14.530 votos só na cidade, de um total de 18.038, deixando uma diferença de mais de 4.000 votos para a sua adversária no município, a esposa do atual prefeito e também eleita deputada estadual, Diná Almeida (PODE). A que você atribui essa votação expressiva?
DILSON DE AGRIPINO - Atribuo essa votação à trajetória que percorri durante os anos que estive como prefeito e ao pensamento que construí junto ao povo, que era importante eleger um deputado estadual da cidade. E a votação que se espalhou pelo estado foi justamente pela repercussão que o nosso trabalho dentro de Tobias Barreto tomou, pois foi durante os meus dois mandatos que Tobias Barreto cresceu em termos de estrutura e economia.

JC MUNICÍPIOS - O município de Tobias Barreto passou os últimos 20 anos sem um representante na Assembleia Legislativa. Como você avalia a importância da sua eleição?
D.A - Sair eleito deputado estadual de Tobias Barreto é o resgate do sonho da cidade, que era ter novamente uma cadeira legislativa, demonstrando que foi cumprido o sonho do povo. Eu imaginava que após meu último mandato de prefeito eu iria me afastar da política. Até tentei. Mas o povo foi me pegar em casa e disse que eu precisava voltar para servir e dar dignidade à cidade. Eu ouvi e assim fiz. Então, resumo a importância da minha eleição ao cumprimento do sonho do povo, que foi ver Tobias Barreto sendo vista por todo o estado e, principalmente, na luta por mais investimentos.

JC MUNICÍPIOS - O pleito deste ano demonstrou um forte acirramento político no município, que praticamente polarizou a população, gerando muita discórdia e desinformação. Mesmo com o resultado positivo para os dois grupos políticos, você acredita que este clima ainda vai durar até as eleições de 2020? Você pensa em voltar um dia para prefeitura?
D.A - O acirramento político é normal em todas as cidades, em todos os estados do país. O nosso grupo político sempre prezou pelo respeito e humildade. Porém, o mais importante é registrar que ao nosso lado estão pessoas que desejam ver Tobias Barreto crescer e avançar com honestidade. Quanto ao retorno um dia para a prefeitura, eu não posso dizer “dessa água não beberei”, pois da última vez que fiz isso, que foi quando saí da prefeitura e, conseqüentemente, da política, acreditei que não concorreria mais a cargo algum e hoje estou eleito deputado estadual. Estou à disposição do povo, como sempre estive. Porém, o meu desejo e o projeto do nosso grupo é que eu permaneça na Assembleia Legislativa pelos próximos quatro anos para cumprir, de fato, o sonho do nosso povo que é ter um representante na ALESE que lute por mais investimentos na qualidade de vida do nosso povo.

JC MUNICÍPIOS - No primeiro turno, você apoiou a eleição de Eduardo Amorim (PSDB) para governador. Já no segundo turno, manteve-se neutro. Na Assembleia Legislativa, você vai continuar neutro ou fará oposição?
D.A - No segundo turno optei pela neutralidade. Já na Assembleia, eu vou fazer apenas o papel de legislador que o povo a mim confiou. Eu voltei à política por causa do povo e estarei na ALESE aprovando projetos que o beneficie. Fui votado em mais de 60 cidades e já estou caminhando por todas elas, ouvindo os anseios da população. O direcionamento que o povo me der, será o direcionamento que irei tomar na Assembléia durante meu mandato a partir de fevereiro.

JC MUNICÍPIOS - Após passar 15 anos no Partido dos Trabalhadores (PT), onde foi prefeito de Tobias Barreto por dois mandatos consecutivos, você decidiu, neste ano, mudar de partido e de lado político para disputar as eleições como deputado estadual. O que o motivou trocar o PT pelo PPS?
D.A - O Partido dos Trabalhadores foi o partido que eu estive durante toda minha vida e que junto com ele, Lula e Dilma, consegui promover desenvolvimento para Tobias Barreto e conquistar diversas obras estruturantes e avanços na área social. Porém, quando começamos a montar nosso projeto de chegar à Assembleia Legislativa, tive um problema que foi o da chapinha e o chapão. E assim, em comunhão com meu agrupamento, como também do próprio presidente do Partido dos Trabalhadores de Sergipe, o senador eleito Rogério Carvalho, decidi sair do PT, e após fazer aliança com o deputado federal André Moura e o senador Amorim, decidi construir uma aliança com Clóvis Silveira e o PPS.

JC MUNICÍPIOS - A aproximação do antigo grupo do qual você integrava ao grupo do atual prefeito de Tobias Barreto, Diógenes Almeida, seu principal adversário político, contribuiu para a sua mudança de lado?
D.A - Não, principalmente porque eu não mudei de lado. Eu mudei de partido unicamente pelas condições mais favoráveis à minha vitória, como expliquei da chapinha e chapão.

JC MUNICÍPIOS - Por que, mesmo trocando de partido, você manteve seu apoio político às candidaturas de Rogério Carvalho (PT) para o senado e Fernando Haddad (PT) para presidência?
D.A - Mantive meu apoio político a Rogério Carvalho por dois motivos: primeiro, por acreditar em Rogério e na sua coerência e honestidade. Segundo, porque Sergipe devia a Rogério o cargo de senador desde 2014, por tudo que Rogério já fez pelo nosso Estado e pela grande visão que ele tem. Em relação ao apoio político a Haddad (PT), mantive por acreditar no projeto de governo que iniciou com o ex-presidente Lula, que está preso injustamente – fruto de uma perseguição política, e por gratidão a tudo que o PT fez pelo nosso Nordeste e principalmente por Tobias Barreto, pois foi com o apoio dele que conseguimos construir 1.200 casas populares, mais de 75 mil metros de esgoto, a construção de uma sede do Instituto Federal, 33 quadras e ginásios de esportes, dentre diversos outros avanços para o povo.

JC MUNICÍPIOS - Qual foi a sua principal contribuição, como gestor, ao município de Tobias Barreto durante os dois mandatos em que esteve à frente da prefeitura?
D.A - Minha maior contribuição foi fazer políticas dignas, respeitando a todos, não importando condições financeira, gênero ou cor. Eu parava minha moto, bicicleta onde eu estivesse, para atender um irmão que estivesse precisando de ajuda. Minha casa sempre esteve de portas abertas, sempre atendi a todos cumprindo minha missão que foi e é de servir a Deus e servindo o povo dele na política. Claro que eu não sei fazer mágica ou milagre, mesmo assim construímos diversas obras (umas delas já citei acima). Mas em resumo, a maior obra que desenvolvi em Tobias Barreto foi de estar ao lado do povo que mais precisa.

JC MUNICÍPIOS – Nesta semana, o município de Tobias Barreto elegeu a nova mesa diretora da Câmara de Vereadores. Por oito votos a cinco, a nova presidência vai ficar com a oposição. Oposição essa que iniciou a legislatura com quatro vereadores e hoje já está com oito. Como você avalia essa vitória da oposição ao prefeito Diógenes Almeida?
D.A - Nossa vitória na câmara de Tobias Barreto, apesar de ser algo administrativo, demonstrou a união e coerência dos nossos vereadores e da nossa população, que não suportava mais ver a forma que o legislativo estava sendo conduzido pelos atuais gestores. Dos oito vereadores que votaram favoráveis à nova presidência, seis deles tiveram meu apoio nas eleições de outubro de 2016. Os outros dois vieram junto com o atual vice-prefeito, Gal de Filo, que rompeu com o atual prefeito e hoje faz parte do nosso agrupamento.