22/06/2020 as 09:26

CULTIVO

Agropecuária vai segurar a balança comercial em SE

Deputado Zezinho Sobral e presidente da Faese Ivan Sobral analisam o comportamento da agricultura sergipana durante a pandemia

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Durante o debate virtual ‘Agricultura: impactos e ações em 2020,’ realizado essa semana pelo deputado estadual Zezinho Sobral (Pode) com a participação de Ivan Sobral, presidente do Sistema Faese/ Senar, foi feito um panorama da atividade agrosilvopastoril em Sergipe este ano, especialmente durante a pandemia do coronavírus. “Percebemos que a atividade agropecuária será responsável pelo saldo positivo da balança comercial no Brasil, mais uma vez, neste ano de 2020. Isso significa que vendemos mais do que compramos, trazendo riqueza para o nosso povo e esperança para a nossa economia”, destacou Zezinho.

Na opinião do presidente do Sistema Faese/Senar, o agronegócio reforça o seu papel na economia e traz grandes perspectivas para Sergipe. “Neste momento de pandemia, o agro tem dando sustentação e segurança alimentar em um período de tanta dificuldade enfrentada pela população, e segurança na economia, fortalecendo a balança comercial, tendo em vista que outros setores estão em uma decrescente muito grande. O agro desempenha essa função de equilibrar a economia e tem segurado o Brasil”, ressaltou Ivan Sobral, destacando a relevância do setor no pós-pandemia. “Enxergamos que a economia vai depender muito do agro, tendo em vista que as atividades do agro estão ‘normalizadas’ justamente para garantir a segurança alimentar. Em Sergipe, tem crescido cada vez mais a importância do agro no PIB e no desenvolvimento. Estamos em uma janela de plantio do milho (de abril ao final de junho) que representa muito para a economia. Este ano, temos 180 mil hectares plantados. 90% da safra já está plantada, com índices pluviométricos satisfatórios, e expectativa de crescimento e aumento da produção, algo em torno de 800 mil toneladas para 2020.

A estimativa de Valor Bruto de Produção (VBP) do milho é de R$ 540 milhões para este ano em Sergipe, um dos maiores índices. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem uma expectativa de aumento de 5% do território plantado de milho”, pontuou. De acordo com o presidente da Faese/Senar, a agricultura sergipana promete boas novas para 2020 e os números são promissores para outras vertentes. “Após a colheita, boa parte da produção fica no mercado interno. Dados da Faese mostram que 150 mil toneladas de milho são absorvidas e o que é superavitário é colocado em outras praças. Temos grande expectativa de produção de leite, tanto para o mercado interno quanto externo. A produção de laranja também terá saldo positivo este ano, com expectativa para VBP de R$ 313 milhões. A safra da cana-de- -açúcar também promete bons resultados”, sinaliza Ivan Sobral. Zezinho e Ivan também comentaram sobre o mercado e a bacia leiteira de Sergipe. Para o presidente do Senar, o Estado possui grandes plantas, grandes laticínios que são referência em todo o país e com uma boa receptação. “Sergipe produz hoje algo em torno de um milhão de litros de leite e vem se destacando na produção de leite, na inserção de tecnologia na produção rural.

O produtor rural tem aceitado cada vez mais a assistência técnica e tem se destacado também no melhoramento genético de rebanho. O preço do leite teve uma queda, o consumo foi afetado. Mas, temos tudo para fazer essa escalada novamente e resgatar o preço digno para os nossos produtores. O leite é o terceiro maior VBP com R$ 259 milhões estimados para 2020, o que demonstra a importância dessa atividade para Sergipe”, pontuou. Zezinho Sobral questionou a Ivan sobre a Lei que regulamenta a produção e a comercialização dos queijos artesanais em Sergipe, a Lei das Queijarias, sancionada no ano passado. Através dela, é possível regulamentar a fiscalização da produção de queijos artesanais, permitindo a ampliação da oferta e a comercialização fora de Sergipe, obedecendo regras, fortalecendo o mercado, incentivando a produção e agregando renda aos pequenos produtores. Sergipe foi o quarto estado do Brasil que regulamentou as queijarias artesanais. O diferencial é que a Lei sergipana envolve todas as 250 queijarias, com licenciamento diferenciado e exigências mais adequadas, mantendo a identidade do queijo local. Ivan informou que o Senar vem fazendo a capacitação das pequenas agroindústrias, profissionalizando o pequeno produtor. “Estamos a pleno vapor na assistência técnica aos produtores sergipanos, porém tivemos a cautela nessa pandemia. Voltamos no dia 1º de junho. Atualmente, temos 60 vagas dedicadas às agroindústrias e trabalhamos a parte técnica e gerencial.

Os pequenos produtores são importantes para equilibrar o preço do leite. A Lei das Queijarias vem fazendo a diferença na regulamentação das pequenas plantas para que obtenham o selo, aprimorem a produção e ampliem a comercialização”. Outro assunto abordado no debate foi a tradição da Casa de Farinha. Com o objetivo de valorizar e proteger o produtor, o deputado estadual Zezinho Sobral apresentou um Projeto de Lei que declara como Patrimônio Cultural e Imaterial de Sergipe a Casa de Farinha e o processo de produção desde o plantio da mandioca, em tramitação na Assembleia Legislativa. “A Casa de Farinha é base da agricultura familiar e da alimentação do nosso povo. Todo o processo de produção é familiar. Ela proporciona um produto responsável pelo sustento e a sobrevivência de muitas famílias em todas as regiões”, afirmou. O parlamentar citou ações de fiscalização e exigências que não condizem com o porte pequeno e a característica familiar das casas de farinha e solicitou ao Senar contribuição para atender e proteger a atividade tradicional. O presidente do Senar se mostrou sensibilizado com o pleito e lembrou que praticamente todos os municípios produzem farinha. “Ela é um grande patrimônio do estado de Sergipe e tem que ser tratada como tal, assim como a mandioca que tem um número de produção muito relevante e somos referência. Além dessa importância social e econômica, há o aspecto cultural da produção de farinha. Diante desse pedido, podemos buscar em nosso calendário para oferecer assistência técnica e acompanhamento às Casa de Farinhas, pois sabemos a importância dessa atividade para nosso estado”, respondeu Ivan Sobral.