13/03/2023 as 09:37

ASSISTÊNCIA MÉDICA

Porto da Folha x Gararu: impasse entre municípios deixa população sem atendimento médico

Prefeita de Gararu fez o corte no convênio e gestor de Porto da Folha revidou mandando suspender assistência

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Na última semana, o relato de populares sobre um imbróglio existente entre os municípios de Porto da Folha e Gararu, no tocante ao atendimento da área de saúde, chamou a atenção para o papel do Poder Público em identificar problemas de gestão e garantir o direito de acesso integral aos cidadãos que precisem de auxílio médico. Um parlamentar do município de Gararu, que preferiu não se identificar, afirma que populares da sua cidade tiveram uma negativa de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município de Porto da Folha.

O motivo seria após a circulação de um comunicado interno estabelecendo mecanismos para que cidadãos gararurenses não pudessem ser atendidos no município vizinho. “A Prefeitura de Porto da Folha logo depois colocou um documento que dizia que o atendimento a pacientes oriundos da cidade de Gararu estaria suspenso, se não enquadrado em amarelo e vermelho. Segundo o relato do prefeito de Porto da Folha, estava tendo uma despesa muito grande, em média de R$ 300 mil com o município de Gararu”, disse o vereador.

Em carta aberta, em nome do prefeito Miguel de Dr. Marco, de Porto da Folha, foi confirmado que há uma motivação financeira por trás do fim do convênio com a gestão de Gararu. Segundo o documento, as despesas dos pacientes gararurenses não são referentes apenas ao pagamento dos médicos, mas também a insumos, alimentos e transporte, e por isso, seria necessária uma contrapartida. “Cerca de 1/3 dos pacientes da UPA são de Gararu e nós queremos continuar cuidando do povo desse querido município, porém precisamos da ajuda da prefeita que pagava uma equipe com médico, enfermeiro e um técnico de enfermagem um dia por semana, sendo que o ideal é sempre ter duas equipes para melhorar o atendimento.

A prefeitura de Gararu arcaria um dia na semana com duas equipes e Porto da Folha custearia os outros seis dias. Infelizmente, o convênio não foi renovado, pois a prefeita não aceitou nossa proposta, deixando o custo para nós”, diz a carta. O documento expõe ainda que o valor gasto com saúde em Porto da folha extrapola em quase R$ 600 mil o montante destinado pelo governo federal para essa área, que neste caso é de R$ 700 mil. “Não concordo com essa situação. Preciso de atendimento e sempre tive em Porto da Folha, mesmo morando em Gararu. A gente até entende que eles lá têm custo e a prefeitura daqui sempre pagou. Ela (a prefeita) tá errada de não querer pagar, ela tem que zelar por nós que votamos nela, não deixar a gente morrer aqui”, desabafou a moradora Rosângela de Souza.

A secretária de Saúde do município de Porto da Folha, Creunice Vieira, também se manifestou sobre o caso e esclareceu que, mesmo com a não renovação do convênio, o atendimento na UPA nunca foi suspenso. “A UPA 24h de Porto da Folha atenderá qualquer paciente que necessitar, desde que seja classificado como urgência e emergência, conforme preconiza a portaria do Ministério da Saúde”, disse por meio da assessoria. Ainda sobre a pauta, o prefeito de Porto da Folha, Miguel de Dr. Marco, anunciou nas redes sociais um encontro que teve com o secretário da Casa Civil, Jorginho Araújo, onde apresentou um pedido de solução para a parceria entre Porto da Folha e Gararu no tocante à saúde. Enquanto isso, a população segue na bronca e sem a assistência plena.