20/11/2023 as 10:05

LIXÃO

Um mês após fechamento de lixão, município se torna uma lixeira a céu aberto

Prefeitura reconhece problemática, fala em adequação com as finanças públicas e garante que a coleta está em fase de correção

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Um mês após fechamento de lixão, município se torna uma lixeira a céu aberto

O encerramento de lixões faz parte do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, Lei nº 14.026/2020, que determina o gerenciamento correto dos resíduos sólidos. Em Sergipe, muitos deles ainda estão em atividade e representam risco grande à saúde da população. Porém, com ações incisivas de órgãos fiscalizadores, a atividade tem prazo para ser extinta, neste caso até agosto de 2024. Alguns municípios já fecharam seus lixões, mas um em especial chama a atenção.

A cidade de Boquim, mesmo tendo o seu lixão fechado a pouco mais de um mês, sofre com uma verdadeira lixeira a céu aberto e de forma generalizada, ou seja, em todos os cantos da cidade. “Com o fechamento do lixão, o município não se estruturou com antecedência, continua com os mesmos dois caminhões coletores que, devido à distância do aterro que é em Itaporanga, o serviço de coleta está comprometido. Com isso, a população está colocando os dejetos em locais diversos. Infelizmente, o prefeito de Boquim e o Conscensul, que é um consórcio que contempla as 16 cidades da região sul, não se prepararam para o fechamento do lixão, que já era esperado. E aí, quando o Ministério Público Estadual determinou o fechamento, o município está mais reclamando do que apresentando solução”, explica o vereador Nivaldo da Bala.

Para o parlamentar, esses dois veículos coletores não estão dando vazão da quantidade de lixo produzido na cidade e, por conta disso, muita sujeira está sendo despejada na rua: “Nós tínhamos um caminhão compactador de coletar lixo, pequenininho, só pega quatro toneladas, e outro maior. O maior quebrou, está encostado, vai ser leiloado, e o município locou outro. Então, continuam os mesmos dois caminhões de antes. Porém, a limpeza pública agora não pega qualquer material que é colocado, e além disso o aterro sanitário da Torre fica a aproximadamente 80 a 90 quilômetros de Boquim, ida e volta”.

O relato do vereador pode ser comprovado através de fotos e vídeos enviados à equipe de reportagem do JORNAL DA CIDADE. A imundície não se resume apenas na sede da cidade de Boquim, várias estradas vicinais e povoados estão tomados pelo lixo. “Fora, as fossas das pessoas que estão enchendo, e antes o município jogava no lixão esses dejetos das fossas, e agora não está mais fazendo esse recolhimento, porque não tem onde botar, que era colocado de forma errada no lixão, tinha que ter um lugar apropriado. Também tem a questão de móveis velhos, televisões velhas que não levam e estão ficando nas portas das casas, nas estradas. A gente quer uma solução. A população de Boquim está vivenciando um caos na questão, infelizmente, da coleta de lixo, por falta de o município não ter se estruturado para essa determinação que é antiga”, lamenta Nivaldo.

O morador do Povoado Olhos D´Água, Nildo do Beco do Gajão, clama para que o Ministério Público (MP) notifique a prefeitura. “Essa questão do lixo é que o prefeito não tem capacidade e responsabilidade de estar coletando o lixo. Para recolher o lixo, tem que colocar nas redes sociais, cobrar, sendo que é uma responsabilidade. O MP tem que notificá-lo. A incapacidade é muito grande e a população está sofrendo. A avaliação é péssima, horrível, catastrófica. Eu avalio a gestão dele, do prefeito Eraldo de Andrade, como a pior da história de Boquim, ganhando até para a de Luiz Fonseca, que também foi horrível”, compara.

O vereador e professor, Jonas Vidal, também se compadece da triste situação em que estão vivendo os boquinenses e alerta que é preciso uma política de conscientização ambiental para os moradores. “Não tem uma campanha para informar a população sobre a coleta seletiva. Não foram adquiridos mais veículos para o transporte do lixo até Itaporanga. Não possui projeto que trate de que forma esse serviço será prestado. Hoje o serviço está sendo prestado de forma precária e a população descarta na rua aquilo que não é recolhido. Por ser presidente do consórcio, acredito que o prefeito deveria ter dado prioridade na solução do problema, pois já era sabido que o fechamento era uma realidade”, critica.

RESPOSTAS
Questionado para falar sobre o assunto, o prefeito Eraldo de Andrade enviou uma nota informando que a coleta de lixo nos últimos dias, após o fechamento do lixão, está passando por várias adequações. “ O fato é que como o veículo coletor necessita realizar diversas viagens até o aterro sanitário, localizado no município de Itaporanga D’ajuda, há um intervalo de tempo maior na coleta que já está em fase de correção, adaptando com as finanças municipais já que traz impacto neste sentido”, detalha.

A gestão informa também que, inclusive, recentemente, recebeu denúncia, via Ministério Público, que tratava do mesmo tema, o qual foi esclarecido e resultou no arquivamento do procedimento. “A Prefeitura de Boquim preza sempre pelo zelo pela coisa pública e responsabilidade, agindo com total transparência, bem como realizando educação ambiental nas escolas municipais em parceria com os professores, além de capacitação com os agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, em parceria com o Conscensul, por meio do ‘Conscensul Itinerante’, e ainda junto à Coleta Seletiva, através da Cooperativa de Reciclagem”, finaliza.