“Eu faço política de forma diferente, sem acordos com corruptos”, Alessandro Vieira

O senador Alessandro Vieira (MDB) foi direto ao mencionar que o ex-deputado André Moura (União), condenado por corrupção, só não está preso por acordos judiciais. Ele deixou claro que, para ele, é impossível dividir palanque com alguém de tal histórico, e alertou os eleitores de Aracaju sobre as implicações políticas de apoiar a candidatura da deputada Yandra (União), associada a Moura. “A verdade é essa, todos na política e na imprensa sabem disso, mas não falam abertamente por algum tipo de receio”, disparou vieira. Em um tom desafiador, Alessandro reafirmou seu compromisso com a transparência e a verdade, destacando que, apesar das diferenças, não se opõe às parcerias de seus aliados com moura. “Vivemos numa democracia e as pessoas são livres para construir suas relações e parcerias. Eu nunca fiz parceria ou acordo político com André Moura”, disse. Para quem não lembra, André foi condenado pelo supremo tribunal federal a oito anos de cadeia por peculato, desvio e apropriação de recursos públicos, além de associação criminosa, com base em denúncias de graves irregularidades na prefeitura de Pirambu. Nesta entrevista, o delegado também não mediu palavras ao abordar diversos temas de grande importância para Sergipe. Entre os tópicos discutidos, destacou-se a alocação de r$ 34,8 milhões em emendas para o fortalecimento da saúde pública nos 55 municípios sergipanos, ressaltando o impacto positivo na infraestrutura, equipamentos e redução de filas de espera nos serviços de saúde. Além disso, o senador falou sobre suas contribuições significativas ao hospital de cirurgia, que já somam r$ 13 milhões, e como esses recursos têm transformado a instituição em uma referência para cirurgias de média e alta complexidade no estado. “O cirurgia é um exemplo claro de como uma gestão honesta e eficiente muda a realidade das pessoas”, afirmou Alessandro. Confira a entrevista completa abaixo:

JC MUNICÍPIOS - Recentemente, o senhor destacou a importância do investimento de R$ 34,8 milhões na saúde pública para fortalecer o sistema de saúde em Sergipe. Como avalia o impacto dessas emendas individuais na melhoria dos serviços de Atenção Primária à Saúde e Assistência Hospitalar nos 55 municípios sergipanos beneficiados?
ALESSANDRO VIEIRA - Quando você anda pelos municípios, a maior demanda da população é por melhorias na área da saúde. Os R$ 34,8 milhões das nossas emendas destinados para fortalecer o sistema de saúde em Sergipe têm diversos impactos positivos na melhoria dos serviços oferecidos pelos 55 municípios beneficiados, como o aprimoramento da infraestrutura, já que parte desse investimento pode ser direcionado para a construção, reforma ou ampliação de unidades básicas de saúde e hospitais, melhorando o acesso da população aos serviços de saúde básicos e especializados. Também podem ser direcionados para aquisição de equipamentos médicos, ambulâncias, materiais hospitalares e medicamentos, garantindo que as unidades de saúde estejam bem equipadas para atender às necessidades da população. Com mais recursos disponíveis, os serviços de saúde podem reduzir as filas de espera por consultas, exames e procedimentos médicos, garantindo um atendimento mais rápido e eficiente para a população. Além disso, os investimentos em programas de prevenção e promoção da saúde podem ajudar a reduzir a incidência de doenças e melhorar a qualidade de vida da população, contribuindo para a redução dos gastos com tratamentos médicos.

JC MUNICÍPIOS - O senhor tem sido um importante parceiro do Hospital de Cirurgia, contribuindo com R$ 13 milhões em emendas para melhorias significativas na instituição. Diante das recentes inaugurações e dos avanços na reestruturação do hospital, como o senhor vê o papel dessas contribuições para o futuro da saúde em Sergipe?
AV - O Hospital de Cirurgia é uma referência no atendimento da população de todo o Estado, quando o assunto é cirurgias de média e alta complexidade. Fico feliz em ver os investimentos das nossas emendas dando frutos. Nosso mandato já investiu mais de 13 milhões de reais, e hoje vemos o trabalho realizado, as coisas funcionando, a população sendo bem atendida. O Cirurgia é um exemplo claro de como uma gestão honesta e eficiente muda a realidade das pessoas. No passado era um hospital destruído pela corrupção e hoje é referência na saúde pública. Com os recursos que destinamos, dentre outras coisas, o Hospital adquiriu um microscópio cirúrgico, o melhor do estado, e iniciou o processo de construção da UTI Pediátrica. Dessa forma, Sergipe passa a ter um hospital especialista na realização de neurocirurgias e cirurgias cardíacas também para crianças. 

JC MUNICÍPIOS - Qual a sua avaliação sobre o desempenho do governo federal em relação às políticas e investimentos destinados a Sergipe, sobretudo pelo PAC?
AV - O governo federal vem destinando recursos significativos para Sergipe, mas nosso papel como parlamentar é garantir a liberação desses valores e cobrar ainda mais apoio. Somos gratos, é da natureza do sergipano, mas é preciso apontar a urgência na conclusão da duplicação da BR 101 e o início das obras do Canal de Xingó, por exemplo.

JC MUNICÍPIOS - E sobre o desempenho do Governo do Estado nesses quase 1 ano e meio da gestão de Fábio Mitidieri, qual a sua análise?
AV - A avaliação é amplamente positiva. É um governo dinâmico e com marcas próprias, como o investimento forte no turismo, a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres e a proximidade com a população em todos os municípios. Evidente que ainda existem muitos desafios, especialmente em áreas importantes como Educação e Saúde, mas se percebe um esforço muito claro para melhorar a vida dos sergipanos. Temos uma parceria positiva com o governador, que sempre reconhece nossa condição de parlamentar que mais traz recursos para Sergipe.

JC MUNICÍPIOS - O senhor, como delegado de polícia, tem uma atuação bastante focada no combate à corrupção e à criminalidade. Como essa experiência tem influenciado a sua atuação no Senado?
AV - A experiência permite apontar quais são os pontos frágeis da legislação e também fazer um trabalho forte de fiscalização e recuperação de recursos que seriam desviados. A economia para os cofres públicos que garantimos já é de bilhões, mas ainda tem muito a melhorar. O Brasil ainda sofre muito por conta da corrupção entranhada nos poderes.

JC MUNICÍPIOS - Recentemente, o senhor fez duras críticas ao ex-deputado André Moura. Existe alguma possibilidade de vocês estarem no mesmo palanque nas eleições deste ano? Por quê?
AV - Eu penso e faço política de uma forma absolutamente diferente da praticada pelo ex-deputado. O que é entendido como crítica dura na verdade é apenas a exposição da verdade, que muitas vezes é ocultada pela força do dinheiro. André Moura é um cidadão que foi condenado por corrupção pelo STF e só não está preso por conta de acordos que fez com os ministros Gilmar Mendes e Kassio Marques. Ele confessou os crimes que cometeu, não tem nenhuma dúvida sobre isso. E como a eleição se aproxima, eu tenho a obrigação de explicar para o eleitor de Aracaju que votar na deputada Yandra significa colocar André Moura politicamente no comando da prefeitura da capital dos sergipanos. E isso não é machismo, é uma constatação da realidade política, porque a deputada é uma jovem que tem suas qualidades e está se desenvolvendo como liderança, mas o líder político, o gestor maior do trabalho dela é André Moura. A verdade é essa, todos na política e na imprensa sabem disso, mas não falam abertamente por algum tipo de receio. Mas o meu posicionamento não afeta as construções políticas de quem quer que seja, ou seja, se algum político quer ter o ex-deputado como parceiro eu não tenho direito de vetar, vivemos numa democracia, mas isso nunca vai mudar o meu compromisso em dizer a verdade para as pessoas.

JC MUNICÍPIOS - O senhor afirmou que não apoiaria uma candidatura que entregue os cofres de Aracaju a um político como André Moura. O senhor não vê como uma contradição o fato de estar no mesmo bloco político que ele? O senhor acredita que, com tantos confrontos previstos dentro do próprio agrupamento nas eleições em diversos municípios, os resultados podem configurar algum tipo de racha?
AV - É como respondi anteriormente, vivemos numa democracia e as pessoas são livres para construir suas relações e parcerias. Eu nunca fiz parceria ou acordo político com André Moura, mas não tenho o direito de constranger aliados que já tinham parceria com ele a romper ou coisa parecida. Uma das vantagens de viver num estado tão pequeno é que fica fácil confirmar isso. Vários prefeitos e parlamentares tinham parceria com André e hoje tem com Alessandro. Por um lado é positivo, pois a comparação fica fácil e as diferenças são claras.

JC MUNICÍPIOS - Nesta semana, o TRE- -SE declarou não prestadas as contas do diretório sergipano do PSDB durante o período em que o senhor comandava a sigla, resultando na obrigação de devolver R$ 939.298,77 ao erário. Como o senhor responde a essa decisão, e quais medidas acredita que podem ser tomadas para resolver essa questão e assegurar a transparência financeira no partido?
AV - Recebi com surpresa a notícia da reprovação das contas de 2022 do PSDB, motivada pela não apresentação da documentação necessária. Esclareço que deixei o PSDB em junho de 2023 e todos os documentos estavam disponíveis para a nova direção partidária. Creio que no processo de troca, que passou pelo grupo do deputado Thiago de Joaldo e depois chegou ao grupo do ex-senador Amorim, ocorreu uma falha burocrática. Conversei com os dois e tenho certeza que atuaram de boa fé. Os documentos já foram apresentados, não existe nenhuma despesa irregular e certamente essa situação será corrigida.

JC MUNICÍPIOS - Para finalizar, gostaria que o senhor comentasse sobre outra decisão do TJ/SE, que saiu esta semana, na qual o deputado Rodrigo Valadares foi condenado a indenizá-lo por danos morais. Como o senhor se sente?
AV - É uma situação superada, a justiça foi feita com relação aos excessos praticados pelo deputado. Eu desejo que ele siga sua carreira política da melhor forma possível, pois é jovem e recebeu a confiança de uma parcela relevante dos eleitores sergipanos. A crítica e a divergência podem ser duras e devem ser públicas, mas sempre dentro dos limites da lei.