20/01/2021 as 07:56

VACINAÇÃO

Prefeito fura a fila da vacina e deve responder na Justiça

Governo do Estado protocolou representação no Ministério Público

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Foi amplamente divulgado o início da distribuição das vacinas contra a Covid-19, que devem ser aplicadas nos chamados grupos prioritários – incluídos aí idosos e profissionais na linha de frente do combate à pandemia. Mas parece que o prefeito de Itabi, Júnior de Amynthas (DEM), não entendeu bem. Das 31 doses recebidas ontem pelo município, uma foi aplicada nele mesmo.

O ato, segundo o gestor, teria sido uma forma de estimular a população a participar da vacinação, mas o vídeo com a ação circulou pelas redes sociais, gerou polêmica e até o governo estadual se manifestou, apresentando uma representação no Ministério Público Estadual contra o prefeito. No vídeo o prefeito aparece sendo aplaudido, após receber a injeção com a vacina. Mas, aos 46 anos, ele não está incluído no público-alvo da fase inicial de vacinação.

Um dia antes, o governador Belivaldo Chagas havia declarado que não iria furar a fila para receber a vacina – e reiterou que não deixaria autoridades fazerem isso. “Não vou furar fila nem vou permitir que ninguém o faça”, havia dito o governador. Em seu perfil no Instagram, o prefeito justificou o ato e divulgou uma nota da Secretaria Municipal de Saúde. Ele explicou que seria uma forma de incentivar a população a tomar a vacina e descartou qualquer intenção política: “O prefeito Júnior de Amynthas foi imunizado, em um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da vacina, para incentivar a população Itabiense a vacinar- -se, tendo em vista os receios existentes a esse respeito – o que não configura um ato de caráter político, como tem sido equivocadamente interpretado e taxado, mesmo porque chefes do Executivo em outros municípios e estados também têm sido imunizados, embora alguns não registrem em fotos e vídeos para tornar público e transparente esse incentivo à imunização”, publicou.

Até o fechamento desta matéria, Itabi tinha registrado um caso de morte em decorrência de complicações geradas pela Covid-19 e 51 casos confirmados, de acordo com as informações da Secretaria Estadual de Saúde. MPE e MPF O Estado de Sergipe informou, por intermédio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que apresentou, junto ao Ministério Público de Sergipe, uma representação para apurar possível ilícito penal e ato de improbidade administrativa praticado pelo prefeito. “Os planos de vacinação seguem a lógica de proteção à saúde humana e estratégia de enfrentamento à doença, com prioridade fixada para, de um lado, proteger os mais sensíveis e, de outro, resguardar os profissionais que atuam na linha de frente. Quando nos deparamos com a situação narrada, da odiosa figura do ‘fura-fila’, caso confirmada, não se estimula apenas a transgressão, mas reforça uma agressão moral a toda sociedade que deve ser duramente reprimida”, comentou o procurador geral do Estado, Vinicius Oliveira. O Ministério Público Federal (MPF) pediu garantias de que a ordem de prioridades na vacinação não seja novamente descumprida e cobrou explicações ao gestor, que terá 24 horas para se justificar.

|Da redação do JC
||Foto: Divulgação