13/07/2018 as 08:11

Eleições 2018

Metade do eleitorado sergipano não se interessa pelos candidatos

Votos nulos, brancos ou indecisos chegam a 50%, apontam pesquisas.

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Metade do eleitorado sergipano  não se interessa pelos candidatos

Metade do eleitorado sergipano não está interessada nos candidatos, até então apresentados, que irão disputar as eleições deste ano para o cargo de governador do Estado. A observação foi feita através das pesquisas de intenção de votos que apontam alto índice de registro de votos nulos, brancos ou indecisos. “Esse cenário atual está atípico, chega com índice entre 45% e 50%”, apontou Ronaldo Joaquim dos Santos, do Instituto Padrão, que possui quase 30 anos trabalhando na área.

De acordo com a análise de Ronaldo Joaquim, baseado nas últimas pesquisas divulgadas, o índice é considerado preocupante, pois faltam apenas três meses para ocorrer o dia da eleição – que será realizado 7 de outubro. “No passado, nesse mesmo período já estava tudo muito quente. O ‘pau quebrando’ (SIC), como dizem. E agora só conseguimos ver as manifestações nas redes sociais. Tem essa questão do curto tempo eleitoral, já que agora são só 45 dias de campanha”, explicou.

Atualmente, no sistema eleitoral brasileiro o voto é obrigatório. Contudo, caso não fosse, em Sergipe daria para imaginar como seria a presença do eleitorado nas urnas. “Não temos o voto facultativo. Isso é preocupante. Até agora nada está definido”, acrescentou Ronaldo Joaquim.

Segundo Ronaldo Joaquim, a situação é ainda pior quando se realiza pesquisa de intenção de voto para o cargo de deputado. “Se fizer a pergunta ‘você vai votar em quem?’ encontra no máximo entre dez e 12 pessoas decididas. Ou seja, do ponto de vista técnico, apenas 2% está decidido”, disse.

FATORES

Para o JORNAL DA CIDADE, Ronaldo Joaquim acredita existir alguns fatores que norteiam ou justificam o alto índice de nulos, brancos e até indecisos. “Tem o cenário político ruim, onde ocorrem muitos escândalos, como a Operação Lava Jato. E ainda tem a questão financeira que tem atrasado as campanhas”, diz.

Além da Lava Jato, num âmbito nacional, em Sergipe ainda ocorreram os episódios da Operação Indenizar-SE, Caça-Fantasma e o caso das verbas das subvenções que foi julgado recentemente pelo Tribunal Superior Eleitoral. Conforme analisou Ronaldo Joaquim, o clima atual tem influência direta no registro dos votos e na satisfação de se envolver na política.

ELEIÇÃO PASSADA

Ainda com o JC, Ronaldo Joaquim mencionou como exemplo o perfil do eleitorado na última eleição municipal. “Na eleição entre Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Valadares Filho (PSB), por exemplo, o índice foi de 38,5% entre brancos, nulos e indecisos. Já é considerado um número muito alto. E agora, este ano, está mais ainda”, pontuou.

PODE AUMENTAR 

Por fim, Ronaldo Joaquim acredita que, conforme as pesquisas estão apontando, os índices poderão ser maiores. “Isso favorece também as pessoas que já possuem os seus colégios eleitorais, por exemplo, os grandes caciques. Eles têm condições de controlar mais isso”, concluiu.

Mayusane Matsunae/Equipe JC