01/10/2019 as 10:34
DEU O RECADOGovernador dá ultimato e afirma que enquanto houver impasse entre categorias não enviará projeto à Alese
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Após mais de uma semana da saída do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol/SE) da mesa de negociação e com a esperança ainda mantida pelo envio do projeto que cria o cargo de Oficial de Polícia Civil (OPC) à Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), parece que o governador Belivaldo Chagas deu um ultimato para a categoria.
Em entrevista concedida à radialista Magna Santana nesta segunda-feira, 30, Belivaldo foi categórico. “O que eu quero deixar bem claro e tenho colocado isso para o secretário da Administração, coloquei na semana passada também isso para o secretário da Segurança Pública, que eu não vou encaminhar projeto nenhum para a Assembleia Legislativa enquanto tiver essa discussão de medir forças, quem quer mais e quem quer menos. Minha preocupação é com a segurança como um todo, porque com isso, eu tenho que ter preocupação com a sociedade”, disse o governador.
E explicou os seus motivos: “Eu não vou encaminhar um projeto que crie problema para outro. Eu quero primeiro que todos tenham juízo, sentem, diga o que é que cada um quer, o que cada um tem o direito de reivindicar. Sentem, passem, como diz a história, a régua, vejam o que é que está precisando resolver de uma única vez no item Segurança Pública e tragam para mim. Aí você resolve problema dos delegados e cria problema com o policial civil, ou vice-versa. E a segurança como é que fica? E a população como é que fica? Estou com toda boa vontade do mundo para ouvi-los, ouvirei tantas e quantas vezes forem necessárias, agora eu não vou encaminhar projeto que crie polêmica”, ratificou Belivaldo.
Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Sergipe (Adepol/SE), o delegado Isaque Cangussu, a decisão do governador demonstra sensatez. “O governador Belivaldo Chagas é um homem sensato. Não se envia projeto para criar problemas, e sim para criar soluções. A Adepol nunca se furtou a conversar. Quem abandonou a mesa de negociação foi o Sinpol, que ainda a classificou como enganação e autoritária. Nós somos testemunhas da lisura dos trabalhos da comissão. O Secretário George Trindade e os demais membros do governo que compunham a comissão sempre agiram com muita ética e transparência. Ocorre que há coisas que não são possíveis de realizar”, afirma Isaque.
O delegado aponta ainda para a inconstitucionalidade do projeto e os riscos para o concurso pública e a carreira de Delegado de Polícia. “O Sinpol insiste numa proposta já declarada inconstitucional duas vezes pela PGE e que atenta contra a carreira de Delegado de Polícia e o interesse público. Prova disso é que o presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia veio a Sergipe acompanhar de perto essa questão. Os delegados, diferentemente dos agentes e escrivães, estão dispostos a entrar num consenso por pontos que interessam a todos, deixando as polêmicas de lado, mas sem se negar a continuar conversando sobre os interesses de parte a parte”, pontua o presidente da Adepol.
Já o presidente do Sinpol, Adriano Bandeira, recebeu com surpresa a declaração do governador. Ele garantiu que nunca houve divergências de projeto. “Nossa categoria recebeu com muita surpresa e cautela essa declaração do governador Belivaldo Chagas, tendo em vista que o Projeto Oficial de Polícia Civil (OPC) é um projeto que teve o aval do secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy de Menezes; da delegada geral Katarina Feitoza; e contou com o comprometimento pessoal do próprio governador. Nunca houve divergência entre projetos, há o projeto que é melhor para o desenvolvimento da Segurança Pública em Sergipe e que otimizará o trabalho nas delegacias dos 75 municípios sergipanos", pontuou Adriano.
Ele convoca ainda a sociedade para um ato de alerta que acontecerá no dia 15 de outubro na Praça Fausto Cardoso. "Esse é o Projeto Oficial de Polícia Civil (OPC), que modernizará a Polícia Civil sem escravizar nenhum profissional integrante da instituição. Nossos agentes, escrivães e agentes auxiliares continuarão aguardando a aprovação do projeto convidando toda a sociedade para participar do nosso grande Ato de Alerta Geral no próximo dia 15 de outubro, a partir das 7h, na praça Fausto Cardoso, próximo à Assembleia Legislativa. A Adepol sabe o projeto revoltoso que apresentou na Mesa de Negociação com o Governo. Eles que ativaram esse gatilho, agora terão de lidar com todas as consequências de um desajuste institucional interno que não sabemos como terminará. Nossa categoria permanece unida e decidida a não parar de lutar. Cabe ao governador decidir os rumos da Polícia Civil em Sergipe”, finaliza Adriano Bandeira.