20/03/2020 as 08:38

Saúde

Dieese: R$ 11 mi para combate ao coronavírus em Sergipe é ‘merreca’

Economista também afirma que haverá grande queda na arrecadação do Estado

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“Os R$ 11 milhões que o governo anunciou é uma merreca diante da necessidade que o Estado poderá ter”, opinou o economista e dirigente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luís Moura, acrescentando que a economia em Sergipe tende a se agravar.


Na edição de ontem do JORNAL DA CIDADE, o governador Belivaldo Chagas (PSD) havia explicado que nos próximos 90 dias Sergipe vai precisar de R$ 11 milhões para insumos e equipamentos, visando a contenção do novo coronavírus (Covid-19). Com a assertiva do gestor, o economista Luís Moura comentou que, diante do novo cenário, a possibilidade de paralisia total da economia estadual é real.


“Basicamente o que vai funcionar é supermercado. Alguns locais estão paralisando os bancos. As transações de compra pela internet ou em shoppings, tudo vai diminuir ou paralisar. Isso vai ter um efeito enorme sobre a arrecadação do Estado”, afirma o economista.


Conforme Moura aponta, a Petrobras está reduzindo o preço dos combustíveis e isso deverá ser repassado para o consumidor. O que significa que a arrecadação do imposto do combustível tenderá a ser afetada. “Em alguns locais essa arrecadação representa 30% do total para um Estado. Em Sergipe, o governo já está com problemas de caixa, então, a situação poderá se agravar”, disse.
Sobre a quantia declarada pelo governador, o economista avalia que, pensando para além da saúde, essa conta é muito maior. “Os R$ 11 milhões que o governo anunciou é uma merreca diante da necessidade que o Estado poderá ter”, afirmou Moura. Ainda segundo o economista, o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a principal arrecadação dos estados e municípios, também serão afetados. “A indústria vai produzir menos, o imposto de renda vai diminuir, consequentemente a arrecadação do FPE e FPM vai cair. A própria arrecadação do ICMS atinge municípios”, aponta.


Transparência
Para ele, nesse momento, o mais importante é o Governo de Sergipe agir com transparência, liberando, inclusive, todo acesso ao extrato da execução orçamentária. “Numa situação dessas, o governo vai ter que fazer escolhas entre pagar servidores ou fornecedores, ou entre pagar fornecedor A ou fornecedor B. Se isso não tiver transparência, vai haver especulações. O que não deveria. Para isso acabar, o Estado tem que liberar o acesso a todo tipo de informação que ele puder. Ao mesmo tempo, os governadores deveriam sim pleitear uma ajuda de recurso do Governo Federal, não só para a saúde, mas também para a manutenção dos serviços públicos, sob pena de travar toda a economia”, acredita o economista.


Moura aponta ainda que o número do desemprego tende a subir nesse momento, ao mesmo tempo em que o consumo e arrecadação diminuem. “Nesse momento precisamos cuidar da saúde pública do país, do povo brasileiro, mas também devemos cuidar da saúde econômica dos estados, municípios e União. E também das empresas”, reforça.