07/07/2020 as 09:07

MUNICÍPIO

CDL de Itabaiana não vê lockdown como solução

Ainda com o JC, Fábio Moura Oliveira criticou a estrutura para atender pacientes com alta complexidade

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“Não vejo lockdown como solução”, rebateu o presidente da Câmara de Dirigentes (CDL) de Itabaiana, após o governador Belivaldo Chagas (PSD) ter comentado ontem durante entrevista no programa de rádio “Jornal da Fan” sobre uma possibilidade de implantar a medida no município, que vem registrando alto índice de disseminação do coronavírus. Para o JORNAL DA CIDADE, o presidente da CDL de Itabaiana, Fábio Moura Oliveira, contou que irá buscar o prefeito Valmir de Francisquinho (PR) para tratar da possibilidade de lockdown mencionada pelo governador. “Ficamos preocupados com isso tudo”, disse, acrescentando que o diálogo dos comerciantes com a prefeitura vem ocorrendo de forma satisfatória durante o período de crise da pandemia.

Segundo Fábio Moura, era previsto que Itabaiana poderia ter um alto índice do coronavírus – conforme o último relatório da Secretaria Estadual da Saúde, até o fechamento desta matéria, o município aponta 1.479 casos confirmados, o terceiro com maior número infectados em Sergipe. Porém, como registrou o presidente da CDL, não existe uma maneira de quem está no comércio projetar com exatidão o cenário da pandemia. “A gente não tem essa obrigação de saber quando vai ser. Quem tem os estudos são os governantes. Eles deviam ter se preocupado mais, se preparado mais. Vamos fechar que resolve e não resolveu até agora”, frisou.

Ainda com o JC, Fábio Moura Oliveira criticou a estrutura para atender pacientes com alta complexidade. “Precisam ter mais atitude. Os leitos aqui em Itabaiana são poucos e sempre foram assim. Aí vem um problema grave como esse... É preocupante. Podia ter feito mais. Mas quem sou eu para julgar porque não tenho as informações”, desabafou.

Fábio Moura lembra também que Itabaiana é referência como a “cidade do caminhão”. “Os caminhoneiros rodam o Brasil. É um pessoal que gira muito. Os pequenos comerciantes vivem levando os materiais de cidade em cidade, tem os atacados de hortifrutigranjeiros que abastecem todo o Estado. Então, é uma cidade extremamente comercial. A gente sabia que iria acontecer um pico, só não sabia quando”, disse o presidente da CDL.

O preço Sobre a pandemia em Itabaiana, Fábio Moura Oliveira entende que o freio do vírus não está relacionado com a abertura e fechamento de lojas. “Eu não vejo lockdown como solução. Eu vejo que o comércio está pagando um preço que não é dele. Por exemplo, hoje [ontem], tem um banco particular, que não vou citar o nome, que está com filas que dobraram quarteirão e com gente aglomerada. Aí, quer dizer, sempre é o comércio que é o culpado. Não sei o porquê. A gente vê tanta coisa errada e nós que pagamos o preço?”, desabafou.

De acordo com Fábio Moura Oliveira, vale lembrar um exemplo de lockdown que não obteve sucesso e conta sobre Caruaru, em Pernambuco. “Soube que lá teve e só conseguiu diminuir a circulação em 42%. Então, o resto do povo se movimentando e viajando para outra cidade. Não resolveu nada lá. Então, vai resolver em Itabaiana? A pergunta é essa. Caruaru está para Pernambuco como Itabaiana está para Sergipe. São cidades muito parecidas. Lá não resolveu quase nada”, reforça. A equipe de reportagem do JC entrou em contato com o prefeito Valmir de Francisquinho, mas até o fechamento dessa matéria nenhum retorno foi dado.

|Por Mayusane Matsunae
||Foto: Divulgação