31/08/2020 as 08:04

ENTREVISTA

Alessandro Vieira: ‘Voto favorável às proposições do Executivo em mais de 90% dos casos’

Alessandro também falou da sua relação com o Governo Federal, afirmando manter uma “Independência Respeitosa”

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Esta semana a câmara dos deputados pode colocar em votação o tão falado projeto que visa combater as chamadas Fake News. Nesta entrevista, o autor da proposta, senador Alessandro Vieira (Cidadania), explicou ao Jornal da Cidade quais são os principais pontos da proposta – e negou que ela seja uma Lei da Mordaça”.

Alessandro também falou da sua relação com o Governo Federal, afirmando manter uma “Independência Respeitosa”. Ele também falou sobre a candidatura de Danielle Garcia à Prefeitura e sobre os planos do partido para 2022 – que incluem ter candidatos disputando o governo e cadeiras no congresso. Confira abaixo a conversa de alessandro com o JC.

JORNAL DA CIDADE – A Câmara deve colocar em votação em breve o projeto de sua autoria, que visa combater a disseminação das chamadas fake news na internet. Quais são os pontos principais desta proposta?
ALESSANDRO VIEIRA
- Os principais pontos da proposta aprovada no Senado são a proibição de contas falsas e de redes artificiais não identificadas (redes robôs). Também é muito importante a exigência de transparência no tocante à publicidade e impulsionamento. É preciso saber quem financia a produção de mensagens em série e garantir para o usuário comum a consciência de estar interagindo com máquinas disfarçadas de pessoas.

JC - Os simpatizantes do presidente Bolsonaro apelidaram o projeto de “Lei da Mordaça”. Se aprovada da forma que está, a proposta limita o uso das redes sociais, de alguma forma? As pessoas não poderão mais opinar e defender pontos de vista sobre política, nas redes?
AV - Não existe absolutamente nenhuma restrição ao uso das redes sociais pelas pessoas comuns, até porque elas obviamente não usam contas falsas ou redes de robôs. E muito importante: o texto da lei não fala em nenhum ponto sobre conteúdo, ou seja, as pessoas vão continuar postando livremente. O que a lei regula são ferramentas usadas para a prática de crimes.

JC - Outra questão sempre colocada é: quem irá definir o que é fake news ou não, em cada caso específico? Como a lei poderia ser aplicada em um momento como o atual, em meio a uma pandemia, onde há constantes mudanças de posicionamento da ciência, inclusive? AV - Não existe nenhum dispositivo que trate da definição de fake news. Como já disse, focamos nas ferramentas maliciosas, como contas falsas. Ninguém vai sofrer absolutamente nenhuma restrição na sua livre expressão.

JC - Falando em eleitores simpáticos ao presidente, parece que o setor mais radical do bolsonarismo não está contente com a sua atuação parlamentar. Na recepção ao presidente um grupo chegou a chamá-lo de traidor. Como o senhor encara essas críticas?
AV - Eu não estive no aeroporto para receber o presidente, estive com ele apenas na própria termoelétrica. Me parece que um grupo pequeno, com interesses eleitorais, tentou criar um factóide. Aceito as críticas com naturalidade, uma parcela da população está acostumada com dois tipos de políticos: o da oposição radical e o da “bancada do amém”. Não sigo essas condutas, adoto uma independência respeitosa com o Executivo. Assim, voto favorável às proposições do Executivo em mais de 90% dos casos, mas rejeito aquelas que são, na minha opinião, equivocadas. A análise é sempre da qualidade do projeto, não da origem política, e estamos em constante colaboração com vários ministérios, como Economia, Cidadania e Justiça.

JC - Qual sua avaliação sobre o governo Bolsonaro até o momento? Quais foram os principais acertos e os principais erros, na sua opinião?
AV - O governo Bolsonaro tem apresentado avanços nas áreas da economia, infraestrutura e agricultura, mas ainda está devendo muito em áreas como educação e saúde.

JC - Enquanto senador, como é o seu diálogo hoje com a Prefeitura de Aracaju e com o governo do Estado?
AV - Sou opositor do governador Belivaldo e do prefeito Edvaldo, faço muitas críticas às suas gestões, mas o diálogo é sempre respeitoso e republicano. Me coloco constantemente à disposição para buscar soluções para os problemas que afligem os sergipanos.

JC - Qual será a sua participação na campanha da pré-candidata Daniele Garcia? Vocês estudam uma espécie de afastamento tático, por conta do seu desgaste frente a eleitores do presidente Bolsonaro?
AV - Fazemos parte do mesmo agrupamento político, que vem se estruturando desde 2018. Todas as ações do grupo são transparentes e claras, não faz o menor sentido tentar diminuir ou esconder a participação de qualquer uma das suas lideranças. E o principal: uma campanha decente se faz falando a verdade para os eleitores. Eles precisam saber quem forma o grupo e quais são os compromissos assumidos. No nosso caso, todos os líderes concordaram com uma coalizão programática, sem nenhuma possibilidade de loteamento político de cargos ou toma- -lá-dá-cá.

JC - O seu grupo, que terá a delegada Danielle como candidata, corre o risco de perder o discurso da renovação, após a aliança com partidos e grupos políticos tradicionais do Estado?
AV - Não. O nosso objetivo é mudar de forma efetiva práticas que estão enraizadas na política sergipana, levando uma gestão técnica e profissional que efetivamente entregue os serviços que o cidadão precisa. Sem politicagem, desperdício ou corrupção. Um desafio desse tamanho não é missão para heróis solitários. Pelo contrário, ele exige a humildade de deixar de lado projetos personalistas e reunir forças em um projeto coletivo focado no interesse público. Quando líderes tradicionais decidem apoiar um novo nome, dentro de regras claras, dão um belo exemplo de amor a Sergipe.

JC - Como está o Cidadania no interior de Sergipe? Possui quantos diretórios municipais? Terá quantos candidatos a prefeito, vice, vereadores?
AV - Nós temos 36 diretórios municipais atuantes. Deveremos apresentar de 25 a 30 candidaturas majoritárias e cerca de 600 candidaturas de vereadores.

JC - Seu projeto de disputar o Governo do Estado em 2022 é dependente do resultado das urnas este ano?
AV - Não existe um projeto pessoal de disputar o governo em 2022, mas estamos construindo um projeto coletivo forte para tirar do poder essa turma que vem destruindo Sergipe há décadas. Nomes serão tratados mais adiante, não só para a chapa majoritária, mas também para garantir uma necessária renovação na bancada federal. Sergipe precisa de gente disposta a trabalhar para o povo, longe do carreirismo político tradicional.

JC - Parece que o senhor inaugurou uma tendência na política sergipana, ao chegar ao Senado… Por que tantos delegados estão agora demonstrando interesse na política?
AV - Vejo com naturalidade, precisamos de cada vez mais gente capacitada, independente e honesta participando da política, não importa a sua profissão de origem.

Por Max Augusto
Foto: Divulgação