14/09/2020 as 10:12

ENTREVISTA

Valadares Filho: ‘A oposição precisa estar mais unida’

Jornal da Cidade conversou com Valadares Filho, que após disputar duas vezes a prefeitura da capital sai aliado a um nome novo na política, a delegada Danielle

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

A disputa eleitoral pelo comando de Aracaju este ano ganha contornos diferenciados, com uma forte presença dos vices. Tem a delegada que vai acompanhada de um político experiente, para enfrentar um político experiente acompanhado de uma delegada. Assim, o Jornal da Cidade conversou com Valadares Filho, que após disputar duas vezes a prefeitura da capital sai aliado a um nome novo na política, a delegada Danielle. Confira a conversa dele com o JC. 

                                                  

JORNAL DA CIDADE – Por que o senhor aceitou ser vice na chapa encabeçada por Danielle Garcia?
VALADARES FILHO - Por entender que a oposição precisa estar mais unida, com a missão de derrotar o sistema corrompido que se encontra na Prefeitura de Aracaju há mais de uma década. Num passado recente, cometemos o equívoco de nos dividir e isso não nos ajudou. Ser vice de Danielle é uma forma de mostrar à população que estamos unidos de verdade, e não apenas apoiando o projeto do Cidadania. Esse projeto é nosso, do Cidadania, do PSB, do PSDB, do PL e de todos que se sintam representados nesse agrupamento de oposição.

JC - A delegada possui experiência para administrar a cidade? Ela conhece bem a capital?
VF - Danielle é uma pessoa diferenciada. Desde quando a conheci, admiro a sua coragem e determinação em, mesmo sendo perseguida, enfrentar com muito equilíbrio o mecanismo da corrupção em Sergipe. Por outro lado, em todos os cargos que ela passou, seja no Deotap, seja no Ministério da Justiça, Dani sempre demonstrou capacidade de liderar, de atingir metas e de gerir os projetos e ações do departamento que comandava. Portanto, vejo ela como mais completa do que os demais candidatos, pois além de firme e determinada, ela é uma líder e gestora.

JC - Quais as principais qualidades que o senhor visualiza na candidatura e na pessoa de Danielle?
VF - Além do que mencionei acima, vejo uma qualidade que diferencia Dani de todos os demais candidatos: a perseverança. Mesmo com tantos obstáculos contra ela, com perseguições, com acusações levianas, com ameaças a sua família, ela nunca desistiu de fazer o trabalho que tinha que fazer. E, agora, busca ampliar sua atuação, fazendo ainda mais no campo da política. Certamente, Danielle tem todas as condições para acabar com a corrupção que existe em Sergipe e nos abrir novos horizontes no desenvolvimento econômico e social da nossa gente.

JC - Sua participação na chapa, além do apoio de partidos como o PSDB e PL, é apontada pelos adversários como evidência de que não se trata de uma proposta de renovação. Como o senhor encara isso?
VF - Os adversários vão inventar um monte de histórias, de situações e de mentiras para tentar desqualificar nossa candidatura e o apoio dos nossos aliados. Imaginem que Edvaldo se apresenta como renovação há anos, como experiente, mas mesmo estando 16 anos na administração da cidade não resolveu a maioria dos nossos problemas. Pela primeira vez na história recente um outsider entra na disputa pela Prefeitura de Aracaju, e une a oposição, que há pouco tempo atrás estava dividida, em prol de uma candidatura de transformação. Se não podemos chamar isso de renovação, então o que seria renovação? Eleger Edvaldo? Eleger o representante de Jackson Barreto e Belivaldo Chagas?

JC - O fato de ser um ex-deputado federal com vários mandatos, representar uma família tradicional na política e ter disputado a prefeitura e governo faz com que muitos avaliem que o senhor não permaneça muito tempo como vice. O senhor tem planos para 2022?
VF - Tenho muito orgulho de toda a história que construí, seja pela tradição na política da minha família, seja pelos três mandatos como deputado federal, e mais ainda pelos milhares de votos que obtive nas eleições de 2016 e de 2018. A política é muito dinâmica e a cada momento estamos nos reinventando e recomeçando. Nesse momento estou focado em ajudar a eleger Danielle Garcia a nova prefeita de Aracaju, para, juntos, construirmos um novo tempo de desenvolvimento para nossa capital. No futuro existem inúmeras possibilidades, que naturalmente estão no meu radar, mas nada que tire meu foco do atual momento. 

JC - O acordo político fechado com o Cidadania passa pela eleição de 2022? Há um compromisso em apoiar a candidatura do senador Alessandro para o governo? Ou de ele te apoiar?
VF - Não firmamos acordo político com o Cidadania, firmamos, sim, um compromisso pela transformação de Aracaju, uma aliança leal e longe de acordos ou negociações políticas futuras. O que queremos é um novo tempo para nossa cidade. Naturalmente que estamos cada vez mais próximos e alinhados com pensamentos e ideais e isso pode provocar no futuro novas alianças e compromissos. Mas, no momento, todas as atenções estão voltadas para o enfrentamento duro que teremos pela frente, principalmente com o candidato que se diz imbatível e que descaradamente usa a máquina pública a seu favor, se valendo de mentiras e uso abusivo do poder econômico e político.

JC - O senhor acredita em uma aliança com todos vários partidos que fazem oposição ao prefeito Edvaldo, no segundo turno?
VF - Tenho a esperança de que num eventual segundo turno contra Edvaldo possamos reunir todos da oposição em prol da candidatura de Danielle e, assim, consagrar a vitória em cima desse sistema a base de poder que foi construído nos últimos anos. Entretanto, estamos trabalhando firme para mostrar a população Aracajuana que é preciso mudar, e mudar de verdade, e temos uma boa expectativa de alcançarmos a vitória já no primeiro turno.

JC - Como político que sempre se posicionou mais à esquerda, o senhor está à vontade numa coligação posicionada mais à direita? Isso deve incomodar seus eleitores?
VF - Ideologicamente o PSB sempre foi um partido de centro-esquerda, portanto estamos longe da extrema esquerda, assim como o Cidadania está muito longe da extrema direita. O nosso diálogo é a peça mais importante desse cenário. Possuímos muitos pontos em comum, como a busca pela melhoria de vida das pessoas, o desenvolvimento econômico, a urbanização adequada da cidade, entre outros. Posso afirmar que temos muito mais pensamento em comum do que contrários. Já no lado do prefeito Edvaldo é que a incoerência é bem acentuada, com uma mistura da esquerda com a direita em um jogo de interesses políticos e que só pensa na eleição de 2022.

Por Max Augusto
Foto: Divulgação