09/11/2020 as 08:32

ENTREVISTA

Danielle Garcia: “Estou pronta para ser prefeita”

Ela se coloca como a principal adversária dos demais candidatos, o que explicaria a série de críticas que vem sofrendo

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Nesta entrevista ao Jornal da Cidade, a delegada Danielle Garcia explica aos leitores os seus projetos para a cidade, caso saia vencedora da eleição deste ano. Além de prometer combate à corrupção e a realização da licitação do transporte público, ela garantiu que irá implementar uma reforma administrativa, com diminuição de secretarias e cargos comissionados.

Outra proposta é a formação de quatro comitês que atuarão na gestão da cidade: eficiência e transparência; cidade sustentável, inclusão e dignidade; desenvolvimento, emprego e renda. Ela se coloca como a principal adversária dos demais candidatos, o que explicaria a série de críticas que vem sofrendo – mas garante que está pronta para administrar a cidade e que é chegada a hora de Aracaju ter a sua primeira prefeita mulher. Confira a entrevista:

JORNAL DA CIDADE - O que fez Danielle Garcia decidir entrar para a política e disputar a Prefeitura de Aracaju?
Danielle Garcia - A inquietação do tanto que a corrupção afeta a vida das pessoas foi o que me trouxe para a política. Mas hoje, mais do que isso, o que me move é a indignação de ver pessoas morando tão mal, na lama, sem saneamento básico, sem acesso à escola, à saúde. E é o desejo de mudar isso que vai me fazer lutar até o fim com toda minha força. Talvez por eu não ser política eu me indigne mais com essa situação.

JC - A senhora disputa pela primeira vez um mandato político. Como tem sido a receptividade da população?
DG - Tem sido a melhor possível. As pessoas me acolhem, batem no peito e dizem: ‘delegada, eu vou votar em você’. Tudo isso com a esperança nos olhos. Mais do que me encher de alegria, me traz responsabilidade. Vou retribuir todo essa energia com muito trabalho.

JC - Um dos argumentos que o atual prefeito tem citado a favor dele é a questão da experiência para administrar a cidade. A senhora se sente preparada para ser prefeita?
DG - Estou preparada, sim e por isso sou candidata. Sei da minha capacidade de administrar a nossa cidade, resolvendo os antigos problemas e promovendo as mudanças necessárias. Tanto que, ao invés de apresentar promessas que depois não serão cumpridas, elaboramos um plano de governo com compromissos. São propostas reais, elaboradas, acima de tudo, por meio do diálogo com a população. Com o auxílio de profissionais técnicos competentes em cada área para tirar do papel cada uma delas. Na polícia sempre tive que gerir times, definir estratégias, desenvolver e executar planejamentos, traçar metas e indicadores de sucesso. Tenho todas as habilidades para fazer uma gestão eficiente. Além disso, reconheço a importância do diálogo, de escutar a população e as diversas entidades para fazer o que é realmente necessário. Estou pronta para ser prefeita. w

JC - As críticas de seus adversários incomodam?
DG - Pelo contrário, isso significa que eu sou a adversária mais forte. Se não fosse, não seria atacada como sou. Todas as minhas falas e atitudes são questionadas pelos adversários. Eles se preocupam tanto comigo que ficam me desafiando para o debate ao invés de desafiar o atual prefeito, que está no poder há 16 anos. Só tenho uma coisa a dizer: as críticas só me fortalecem, pois são mais uma prova de que estou no caminho certo rumo à vitória.

JC - A senhora ganhou notoriedade por seu trabalho como delegada da Polícia Civil, especialmente por conta das operações de combate à corrupção enquanto esteve à frente da Deotap. O que essa sua bagagem trará de benefício para a gestão?
DG - O combate à corrupção será umas das marcas da minha gestão. Sem corrupção, muitos recursos sobram para serem utilizados, efetivamente, na prestação de serviços ao cidadão. Implantaremos um amplo sistema de controle e transparência na administração pública. Prevemos uma secretaria específica para cuidar desta área em que realizaremos a revisão dos contratos e implantaremos o sistema de compliance. Se eu tanto combati a corrupção e foi exatamente isso que me fez vir para a política, eu não posso permitir que nenhum ato de corrupção ocorra em uma gestão minha.

JC - Seu plano de governo está dividido em quatro eixos que serão transformados em comitês estratégicos para administrar a capital. Como funcionará essa forma de gestão?
DG - Serão quatro comitês: da Eficiência e Transparência, da Cidade Sustentável, da Inclusão e Dignidade e do Desenvolvimento, Emprego e Renda. Dentro deles estão todas as áreas de atuação da administração municipal. Serão comitês integrados para solucionar os problemas de forma conjunta. Hoje, vivemos numa realidade em que os problemas são complexos e precisamos que as soluções sejam eficazes. Acredito que passa pelo trabalho integrado das secretarias e isso vai acontecer através destes comitês.

JC - A atual estrutura da Prefeitura de Aracaju em relação às secretarias será mantida?
DG - Uma das primeiras ações da nossa gestão será a reforma administrativa. A partir de uma análise responsável e criteriosa, vamos reduzir o número de secretarias e cargos comissionados, otimizando a administração para acabar com os excessos. É inadmissível que se gaste tanto com cargos comissionados e servidores requisitados enquanto os servidores públicos amargam quase quatro anos sem reajuste.

JC - Falando nisso, como será a relação de Danielle Garcia com os servidores públicos municipais?
DG - Muito respeito e diálogo permanente para ouvir suas demandas. Em relação aos salários, a reposição inflacionária é o mínimo que tem que ser dado todo ano. Esse é um compromisso nosso. Quanto aos reajustes, nós vamos precisar estudar as finanças do município. Eu jamais vou falar o que não pode ser cumprido. Por isso, vamos enxugar a máquina pública, pois do jeito que está ela não suporta qualquer reajuste. Mas é uma questão de escolha. A atual gestão escolhe pagar R$ 7 milhões a cargos de comissão em detrimento do servidor público efetivo. A verdade é essa. Mas à medida que a gente for enxugando a máquina, vamos transformar isso em benefício para o servidor público. Outro compromisso com os servidores é o pagamento do piso salarial, que tem força de lei e deve ser cumprido. Para mim, o não pagamento significa rasgar a lei. O que justifica o atual prefeito não pagar, não cumprir a lei? Eu jamais conseguiria atuar descumprindo a legislação.

JC - Uma promessa que sempre aparece nas eleições para a Prefeitura de Aracaju é a licitação do transporte público, uma dos compromissos que constam em seu plano de governo. A senhora realmente vai realizar ou mais uma vez ficará apenas no discurso?
DG - Tanto a licitação do transporte público como a licitação do lixo serão realizadas. A Lei de Licitações deve ser cumprida. Eu não entendo o motivo dessas licitações serem adiadas por tantos anos. Fico me perguntando a quem interessa não fazer essas licitações e manter as mesmas empresas atuando por meio de contratos precários? Nós vamos fazer e corrigir isso imediatamente. A gente tem a oportunidade de abrir para outras empresas prestarem o mesmo serviço e com a mesma qualidade, mas com o preço mais barato.

JC - Um dos maiores gargalos das gestões públicas é a Saúde. Quais suas propostas para essa área essencial?
DG - Vamos fortalecer a atenção básica, ampliando o número de Equipes do Programa Saúde da Família para melhor atender a população, inclusive restabelecendo a presença de pediatras em número suficiente na rede. Criaremos um Centro de Referência para o Atendimento da Mulher e da Primeira Infância, que funcionará na maternidade do 17 de Março. Por meio de convênios com clínicas particulares vamos zerar a fila de exames em 90 dias. Também implantaremos o Centro de Diagnóstico por Imagem para a realização de exames mais complexos, a maior demanda. Na Zona de Expansão, será implantada uma UPA. Atuaremos diuturnamente para garantir um atendimento de qualidade nas unidades de saúde do município.

JC – Como avalia o desemprenho de Aracaju no Ideb? O que pretende fazer para melhorar a educação dos alunos da rede municipal?
DG - Somos a pior capital do Nordeste no Ideb por três ciclos consecutivos, ou seja, por seis anos seguidos. Faremos um choque de gestão na Educação. Entre as nossas propostas para mudar este quadro está o investimento na capacitação dos professores e gestores de escolas. Vamos implantar um sistema de bonificação que estimule a competição entre as escolas e melhore o desempenho dos alunos. Disciplinas que desenvolvam o empreendedorismo serão incluídas na grade curricular e aproximaremos o Esporte e a Cultura da Educação. Queremos tornar a escola um ambiente acolhedor e atrativo para os alunos. Iremos também investir no fortalecimento do ensino de português e matemática nas séries iniciais e na ampliação de vagas para o ensino em tempo integral. Uma das inovações que trazemos é o Agente da Educação, profissional da assistência social que fará a ponte entre a casa e a escola buscando entender a real necessidade dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e colaborando com o desenvolvimento das medidas corretivas na casa e na escola.

JC - Quais ações serão implementadas em sua gestão para alavancar o turismo?
DG - Essa é uma área importante economicamente falando, mas infelizmente as secretarias de Turismo têm sido usadas de forma política. Vamos fazer diferente, a começar pela escolha do secretário que será um técnico com capacidade de verificar as estruturas, a exemplo da nossa Orla que está deteriorada, e definir os investimentos necessários, além de estabelecer nossos atrativos. Iremos investir na reforma e qualificação dos pontos turísticos, na formação dos profissionais que atuam nestas áreas através de um Centro de Hospitalidade Municipal, num calendário de eventos e na promoção do destino Aracaju.

JC - Qual a mensagem que a senhora deixa para os aracajuanos?
DG - Aracaju tem o potencial para ser referência nacional. Somos um povo criativo e determinado. Temos um litoral belíssimo e capacidade para inovar. Falta gestão e investimento. Tenham certeza que toda essa minha determinação e força será utilizada para cuidar dos aracajuanos, devolver a dignidade a quem precisa e investir no desenvolvimento da nossa cidade. Chegou a hora da coragem para fazer o que é certo e necessário. Chegou o momento de termos a primeira mulher prefeita de Aracaju.