11/11/2020 as 08:16

SAÚDE

STF dá prazo para Anvisa explicar veto à CoronaVac

Órgão suspendeu estudos clínicos de vacina em decisão polêmica

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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de 48 horas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preste informações sobre a suspensão dos estudos clínicos da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Na decisão, o ministro determina que a Anvisa explique os critérios adotados para a decissão e também que informe o estágio de aprovação dessa e das demais vacinas contra a doença sendo testadas no Brasil.

As bancadas do Psol e do PSB na Câmara protocolaram nesta-terça-feira (10) requerimentos de convocação do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, para que ele dê explicações no plenário da Câmara dos Deputados sobre a suspensão das pesquisas da Coronavac, vacina contra covid-19 produzida em parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac. A suspensão aconteceu após a morte de um homem de 33 anos que era voluntário nos testes da vacina. Segundo dados do IML, o homem se suicidou, portanto o Instituto Butantã defende que não há relação direta entre os testes e a morte do voluntário.

No requerimento, os deputados do PSOL destacam que o governo Bolsonaro, além de ocultar dados e alterar metodologia em pleno curso da pandemia, viola o dever de transparência pública e contraria as orientações técnicas e científicas. “Como é nítido, sem amparo em medidas científicas e desrespeitando autoridades sanitárias nacionais e internacionais, na linha do Presidente da República, uma possível gestão frente à Anvisa que desrespeite às orientações das autoridades sanitárias pode levar a uma tragédia sem precedentes no nosso país”, dizem os parlamentares.

Já o líder do PSB na Câmara Alessandro Molon, afirmou que a presença do presidente da Anvisa na Câmara é importante para averiguar se há eventual interferência política na autarquia. “É estarrecedor que o presidente da República venha a público nas redes sociais comemorar a morte de um voluntário e o que um suposto fracasso de uma vacina destinada a enfrentar uma pandemia tão terrível. É também inaceitável que a Anvisa se preste ao papel de fazer parte deste jogo político baixo. Para prestar esclarecimentos ao Poder Legislativo sobre este absurdo, estou apresentando um requerimento de convocação do ministro da saúde e do presidente da Anvisa”. Para ser aprovada a convocação, o requerimento deve ser aprovado em plenário.

Psol e PSB convocam diretor da Anvisa Morte de voluntário de vacina foi suicídio A morte de um voluntário que participava dos testes da vacina Coronavac aconteceu por suicídio, e não por reações adversas à vacina. A informação é do Jornal da Tarde, da TV Cultura, ligada ao governo de São Paulo, que também é responsável pelo Instituto Butantan, parceiro do laboratório Sinovac na produção da vacina.

A informação, segundo o Jornal da Tarde, foi confirmada pelo laudo do Instituto Médico Legal (IML). “O que os médicos não podem dizer em nome da ética medica mas nós, jornalistas, devemos dizer em nome do interesse público e do combate às informações falsas é o seguinte: o evento adverso, que como explicado na coletiva de imprensa [do Instituto Butantan], é uma forma da literatura médica se referir a acontecimentos não relacionados ao que está em testes, não tem necessariamente relação com a vacina, diz respeito a um voluntário que tirou a própria vida”, disse o âncora do jornal, Aldo Quiroga.