17/05/2021 as 08:51

EMTREVISTA

Washington Cerqueira: ‘Fechar bar e restaurante no fim de semana não resolve’

Proprietário de uma churrascaria em Aracaju, Washington Cerqueira é um empresário preocupado com o momento que o setor atravessa

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Proprietário de uma churrascaria em Aracaju, Washington Cerqueira é um empresário preocupado com o momento que o setor atravessa. Seu sobrenome de batismo pode não ser tão conhecido, mas o ex-jogador de futebol Washington “Coração Valente” é lembrado por todos. Depois de pendurar as chuteiras, ele vive na capital sergipana e avalia disputar um mandato de deputado federal ou senador pelo estado. “Pela minha história no futebol consigo ter acesso livre no congresso e ministérios, e isso pode facilitar na captação de recursos para Sergipe se um dia for eleito deputado federal ou senador”, avalia.

Nesta conversa com o Jornal da Cidade ele aponta erros e acertos dos governos federal, estadual e municipal durante a pandemia. E fala sobre o setor em que atua: “Fechar bar e restaurante no fim de semana não resolve. Ou fecha tudo durante 15 dias para controlar o vírus ou mantém aberto com algumas restrições, mas do jeito que está é enxugar gelo”. Confira a seguir.

JORNAL DA CIDADE - Após pendurar as chuteiras, você veio para Sergipe e investiu em uma churrascaria. Como empresário deste setor, qual a sua avaliação sobre o momento atual?
WASHINGTON CERQUEIRA - Resido em Aracaju desde 2017 após inúmeras viagens para visitar meus pais na capital sergipana. Passei alguns anos pensando em abrir um negócio e então decidi investir numa churrascaria com características do tradicional churrasco gaúcho. Abrimos em novembro de 2019 e quatro meses depois fomos surpreendidos com a pandemia, que naturalmente resultou em prejuízos econômicos para nós e todos que atuam no setor. Infelizmente alguns fecharam as portas. A Paisano precisou adequar o cardápio para evitar demissões, e felizmente com essa medida estamos sobrevivendo e aguardando dias melhores. 

JC - O governo erra ao fechar restaurantes e bares? É possível manter esses estabelecimentos abertos, de forma segura?
WC - Sim, entendo que o Governo de Sergipe comete erros quando pune quem adota as medidas sanitárias e cumpre à risca todas as recomendações do decreto estadual. Se alguns desobedecem, não podemos pagar a conta. Ora, já reduzimos a capacidade de clientes com afastamento de mesas, funcionários usam máscaras, disponibilizamos álcool em gel e outras ações para evitar o vírus, portanto, temos um ambiente seguro.

JC - Como fazer para ajudar esse setor e evitar mais fechamentos?
WC - Primeiro, tenho que dizer que Sergipe é o único Estado com bares e restaurantes fechados. Esta é uma informação da Abrasel. Diante disso, a categoria entende que o governo estadual precisa editar um novo decreto e autorizar a abertura do setor nos fins de semana, pois sábado e domingo representam 70% da nossa receita. Claro, entendemos toda a situação delicada da pandemia, mas tem muita gente vacinada, e como disse antes, adotamos todas as medidas de combate ao coronavírus. Além disso, o governo deve possibilitar a abertura de créditos com taxas e juros acessíveis, bem como promover isenção de impostos e outros tributos.

JC - Você chegou a integrar o governo do presidente Bolsonaro. Como avalia a atuação dele durante a pandemia?
WC - Fui secretário Nacional de Esportes durante sete meses e trouxe recursos para Sergipe, na ordem de R$ 1,5 milhão para Aracaju, R$ 350 mil para Simão Dias e Itaporanga, totalizando R$ 2,2 milhões, e o repasse só não foi maior porque outros municípios não estavam com a documentação em dia. Sobre Bolsonaro, se eu disser que ele acertou em todas as medidas durante a pandemia estarei mentindo, porém outras atitudes merecem destaque, como o pagamento do auxílio emergencial, o plano de manutenção de empregos e o repasse de milhões de reais para socorrer os estados. Isso merece ser ressaltado.

JC - E em relação a Sergipe, qual a sua avaliação sobre o trabalho do governo e das prefeituras no combate ao coronavírus? O resultado é positivo?
WC - Avalio que a Prefeitura de Aracaju acertou quando resolveu instalar o Hospital de Campanha e errou quando encerrou as atividades antes do tempo. De outro lado, o Governo do Estado acertou em alguns decretos e errou alguns pontos. Fechar bar e restaurante só no fim de semana não resolve. Ou fecha tudo durante 15 dias para controlar o vírus ou mantém aberto com algumas restrições, mas do jeito que está é enxugar gelo.

JC - Esta semana você visitou a direção estadual do DEM. Você pode filiar-se a este ou outro partido? Tem dialogado com outras siglas?
WC - Já estive conversando com José Carlos Machado algumas vezes, mas com a senadora Maria do Carmo foi a primeira vez. Na verdade, o DEM me fez o convite para disputar algum cargo em 2022. Atualmente estou sem partido e vou analisar a proposta do DEM. Contudo, já recebi convites de outros grupos políticos e é preciso calma para fazer a escolha certa.

JC - Você pretende disputar uma vaga na Câmara Federal no próximo ano? Já iniciou as articulações, já se apresentou ao público sergipano?
WC - Na verdade estou muito focado na atividade empresarial, mas confesso que a política sempre me atraiu, tanto que fui o vereador mais votado em Caxias-RS em 2012, e depois fiquei como suplente de deputado federal, assumindo interinamente o cargo durante três meses de mandato. Confesso que foram boas experiências e pude ajudar muita gente. Sobre concorrer a algum cargo político em Sergipe, estou recebendo mensagens positivas e posso colocar meu nome à disposição sim.

JC - Quais as propostas que você pretende apresentar ao eleitorado sergipano?
WC - Bem, minha vida está ligada ao futebol e minha bandeira é a inserção social através do esporte. Trata-se de uma ferramenta importante para formar cidadãos do bem. No entanto, estou empresário e pretendo militar na defesa da classe sergipana também, se por acaso assumir algum cargo político no futuro.

JC - Como o pequeno Estado de Sergipe poderia crescer no esporte?
WC - Olha, pela minha história no futebol consigo ter acesso livre dentro do Congresso Nacional e dos ministérios em Brasília, e isso pode facilitar na captação de recursos para Sergipe, acaso seja eleito para deputado federal ou até senador. Ademais, o fato de ser o menor Estado da federação facilita o crescimento por si só. É preciso investir no desporto estudantil, estimular a prática esportiva na escola para colher o fruto mais tarde. Um bom atleta é formado no ambiente estudantil, com educação e com o aprimoramento das habilidades esportivas.

|Por Max Augusto
||Foto: Divulgação