03/11/2025 as 08:42

ENTREVISTA

“A oposição sairá unida, colocando um nome único à disposição”

O deputado também aborda o futuro da federação entre Cidadania e PSB, defendendo que seu partido assuma o comando e permaneça na oposição.

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A menos de um ano das eleições de 2026, o deputado estadual Georgeo Passos, e presidente do diretório do Cidadania em Sergipe, reafirmou seu compromisso com a oposição ao governador Fábio Mitidieri e projeta uma frente única para disputar o comando do estado. Em entrevista ao Jornal da Cidade, o parlamentar contou que chegou a convidar o prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho (PL), para o cidadania no início do ano, deixando as portas abertas para que ele seja o candidato da oposição ao governo estadual. Georgeo, que busca a reeleição para a assembleia legislativa, avalia que Mitidieri “não está tranquilo” e demonstra impaciência ao ser questionado sobre pesquisas de aprovação. O deputado também aborda o futuro da federação entre Cidadania e PSB, defendendo que seu partido assuma o comando e permaneça na oposição. Confira o conteúdo completo a seguir:

JORNAL DA CIDADE - Deputado, nos últimos dias circulou a informação de que o senhor teria oferecido a ficha de filiação do Cidadania ao prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, atualmente no PL. De fato houve essa conversa? Qual seria o objetivo político dessa possível aproximação?
GEORGEO PASSOS – Na verdade, o contato que eu tive com Valmir foi no início do ano, quando fizemos esse convite. Naquela oportunidade, ele não me deu nenhuma resposta. Também convidei para o Cidadania o ex-prefeito de Itabaiana, Adailton Sousa. Porém, recentemente, não tenho dialogado com Valmir sobre essa questão. Valmir é um grande quadro da oposição sergipana e, sem dúvida, é importante em qualquer partido. Mas, como mencionei, não tive contato com ele recentemente com esse objetivo. }

JC – Caso essa movimentação se confirme, o Cidadania poderia ser o destino político de Valmir para uma eventual candidatura em 2026?
GP – Mas é lógico que, se Valmir tiver disposição, o nosso partido está de portas abertas. Temos essa questão da federação, que ainda será decidida em Brasília, mas, com certeza, o Cidadania abriria as portas para que ele fosse o candidato da oposição contra o governador Fábio Mitidieri. Mas repito: recentemente eu não tive diálogo com Valmir com esse objetivo. Como mencionei anteriormente, tratei desse assunto com ele apenas no início do ano.

JC – Como o senhor avalia o atual cenário político que começa a se desenhar para as eleições de 2026 em Sergipe?
GP – Lógico que, mal terminou a eleição municipal do ano passado, já se iniciaram os debates e as conversas sobre a eleição do próximo ano. O que me chamou muita atenção foi a antecipação do processo eleitoral de 2026. Com relação à oposição, a gente vem dialogando e conversando. Com certeza teremos uma candidatura de oposição contra o atual governo. O cenário político, por enquanto, ainda é de muito bastidor, com cada grupo político tentando se fortalecer ao máximo para a disputa. Sabemos que, na verdade, as coisas vão acelerar um pouco mais depois do Carnaval do próximo ano. Até lá, é muita movimentação nos bastidores: os partidos definindo quem vai para qual legenda. Mas, com certeza, a oposição sairá unida, colocando um nome único à disposição para que a população faça a sua avaliação, comparando com o candidato à reeleição, que é o atual governador. Não vejo o governador tranquilo neste momento. Pelo tom das suas respostas, ele demonstra impaciência quando questionado. Com certeza, ele não está satisfeito com os números que aparecem nas pesquisas. O governador gostaria de estar em outro patamar, mas percebe que mais da metade da população sergipana não aprova o governo dele.

JC – Na Assembleia Legislativa, o senhor tem se posicionado como uma das vozes mais críticas à atual gestão estadual. Quais são hoje as principais pautas que o senhor pretende priorizar até o fim do mandato?
GP – Com certeza, nós iremos continuar mantendo o foco nas fiscalizações do uso do recurso público, porque essa é uma marca do nosso mandato. Algumas áreas exigem uma atenção ainda maior, porque impactam diretamente a vida das pessoas. Em especial, a saúde, na qual ainda recebemos muitas reclamações. Também seguimos atentos à educação, como no caso de Itaporanga d’Ajuda, onde a reforma de uma escola não avança e prejudica os alunos. Na infraestrutura, como as rodovias, apesar de o governo Fábio afirmar que está fazendo muita coisa, até agora vemos principalmente fotos de ordens de serviço; as entregas, de fato, ainda não aconteceram. Por isso, até o fim do nosso mandato, vamos continuar focando nessas e em outras pautas importantes, como o combate às Organizações Sociais. Sou contra a atuação das OSS tanto no âmbito estadual quanto no municipal. Defendemos o concurso público, e essa é uma cobrança que vamos manter. Além disso, seguimos defendendo outras bandeiras, como a ampliação da visibilidade do futebol feminino em Sergipe e o fortalecimento do empreendedorismo, para que os nossos jovens tenham condições reais de acessar o mercado de trabalho. Essas e outras pautas continuarão sendo tratadas com a seriedade que a população merece.

JC – Deputado, o senhor já confirmou que pretende disputar a reeleição para a Assembleia Legislativa em 2026. O que o motiva a buscar mais um mandato como deputado estadual?
GP – O meu projeto inicial é, sim, disputar a reeleição. Quero levar novamente para a Assembleia a experiência e a forma propositiva com que atuamos, para que a população avalie se merecemos continuar ou não. Nosso propósito é seguir fazendo aquilo em que acreditamos: lutar por políticas públicas que realmente transformem a vida das pessoas e exercer, com responsabilidade, o papel de fiscalização que sempre desempenhamos. Vamos continuar atentos às mudanças da sociedade, cumprindo nosso dever dentro da Assembleia Legislativa e defendendo ações que tenham impacto real na vida dos sergipanos. 

JC – O senhor já definiu quem pretende apoiar nas eleições majoritárias, especialmente para o Governo do Estado?
GP – Com relação ao candidato ao governo no ano que vem, deixo claro que o meu candidato será aquele que estiver contra o governador Fábio Mitidieri. Reafirmo isso sem qualquer dúvida. O deputado Georgeo não estará no palanque de Fábio Mitidieri. Caberá à oposição, com tranquilidade, união e sabedoria, definir o nome que iremos apoiar e pelo qual vamos lutar nas próximas eleições. 

JC – Como o senhor enxerga o papel do Cidadania nas próximas eleições — o partido tende a lançar candidatura própria ou deve se alinhar a outro grupo?
GP – Com relação ao Cidadania, é necessário aguardar primeiro o desfecho da federação, que está sendo tratada em Brasília pelas presidências nacionais do Cidadania e do PSB. Em Sergipe, eu trabalho para que o Cidadania continue fazendo oposição ao governo Fábio Mitidieri. Dentro dessa conjuntura, o Cidadania seria um partido apto a apoiar uma candidatura majoritária contra Fábio Mitidieri, mas dependemos do que vai acontecer na federação em Brasília. Sabemos que, quando há federação, as regras vêm de cima para baixo, e nós respeitamos isso. Também sabemos que o PSB aqui tem uma posição contrária à minha, mas iremos defender que o partido permaneça na oposição e que o comando da federação fique com o Cidadania.