19/06/2018 as 13:24

Saúde

Falta medicamento para pacientes oncológicos em SE

No Huse, a falta de medicamento para tratamento de câncer é recorrente.

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A notícia parece já ter sido vista há poucos dias em alguns noticiários do Estado. Mas, infelizmente, não se trata de uma repetição, e sim de mais um clamor feito pelos pacientes oncológicos que necessitam dos serviços do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).

Em um período de pouco mais de um mês, foi recorrente a falta de medicamentos oncológicos no Huse. No dia 7 de maio, quem precisava da Ocreatininaa, de 30 mg, medicamento para câncer no fígado, viu o seu tratamento ser interrompido devido à falta da substância.

Já no meio do mês de maio, foi a vez do Taxol, utilizado para o câncer de mama e, agora, é a vez do Iressa, indicado para os pacientes com câncer no pulmão.

Quem faz uso dessa medicação é a aposentada Veronícia Alves, de 65 anos. A paciente luta há alguns anos contra a doença e com a utilização do Iressa, que tem como principal substância a gefitinibe, foi possível obter uma melhora considerável, que pode retroceder com a falta da medicação.

De acordo com a filha de Veronícia, Elaine Alves, a mãe já está há 18 dias sem fazer uso do Iressa, que é imprescindível para prolongar os seus dias de vida.

“É desesperador, porque é uma doença que a gente sabe que o prognóstico é ruim e no caso dela está avançado. Com o uso do Iressa ela melhorou bastante. Ela começou a apresentar um quadro de desorientação, de não conseguir falar e ler. Graças a Deus, com o tratamento ela não está mais assim”, afirma Elaine.

Ela pontua também o quanto a mãe depende da medicação. “As plaquetas estão melhorando e até o médico disse que era devido ao Iressa. O medicamento é imprescindível e não pode deixar de tomar um dia sequer, pois atua como proteção. As células cancerígenas estão na corrente sanguínea e, para evitar a evolução, é preciso tomar essa medicação”, alerta a filha.

O Iressa 250 mg é uma medicação de alto custo, um tipo de quimioterapia oral que é utilizado para diminuir a possibilidade da doença se instalar em outro órgão. No caso da paciente Veronícia, já existe um diagnóstico da presença da doença no cérebro.

A filha da paciente já perdeu as contas de quantas vezes nesses 18 dias vem tentando uma solução para o caso de sua mãe, junto à direção do Huse, sem sucesso.

“Quando entrei em contato com o hospital eu fiquei sabendo que houve um problema com o fornecedor e não se conseguiu comprar o medicamento. Foi aí que solicitaram uma compra emergencial, só que não é tão rápido quanto a gente precisa. A Secretaria ainda está aguardando chegar o empenho e o fornecedor tem um prazo de 15 dias para enviar o medicamento”, narra Elaine.

Na manhã de hoje, Elaine Alves irá até o Ministério Público Estadual (MPE) a fim de garantir a medicação e tentar prolongar a vida de sua mãe. “Não me resta alternativa a não ser pedir socorro ao Ministério Público. É preciso judicializar a questão”, lamenta Elaine.

Questionada pela reportagem do JC, a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que sinalizou urgência para o fornecedor do medicamento Iressa, que tem um mínimo de 15 dias para realizar a entrega. Ainda segundo a assessoria, o problema está resolvido.

Por Diego Rios/Equipe JC