18/10/2018 as 08:35

Saúde

50 mil morrem todo ano no país devido insuficiência cardíaca

Segundo o médico cardiologista e professor da UFS, Antônio Carlos Sousa, a insuficiência cardíaca pode ser descrita com uma ação: o coração está falhando.

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50 mil morrem todo ano no país devido insuficiência cardíacaFoto: Jadilson Simões/Equipe JC

Estudo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostra que 50 mil pessoas morrem todo ano no Brasil por complicações cardíacas. A estimativa é que 100 mil novos casos são diagnosticados a cada ano no país. E, apesar de ser bastante recorrente, 62% da população brasileira desconhece uma condição crônica da doença: a insuficiência cardíaca. É o que aponta pesquisa inédita da Ipsos, encomendada pela Novartis.


De acordo com o médico cardiologista e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Antônio Carlos Sousa, a insuficiência cardíaca pode ser descrita com uma ação: o coração está falhando. Por isso, a insuficiência é uma condição normalmente crônica, progressiva e irreversível. Ela surge quando o músculo do coração enfraquecido não é capaz de bombear todo o sangue suficiente.


“A insuficiência cardíaca é a via final de uma cardiopatia, qualquer que ela seja: um infarto mal tratado, uma hipertensão que não foi tratada, um problema na válvula do coração que não teve o tratamento adequado etc. Tudo isso resulta em uma falência do coração e, em consequência, em uma insuficiência cardíaca. Ela pode ser consequência ainda de uma doença de chagas, por exemplo, uma miocardiopatia alcoólica ou uma miocardiopatia pelo efeito de quimioterápicos em pessoas que estão se tratando de câncer”, explicou.


Sousa então reforça que doenças como hipertensão, cardiopatia, valvopatia, miocardiopatia e as doenças congênitas, a depender do grau, a pessoa vai ter a insuficiência cardíaca. Para diagnosticar o problema, é necessário ficar atento aos sinais frequentes, mas que podem passar despercebidos, como por exemplo falta de ar e inchaço dos membros.


“A falta de ar começa insidiosa. Primeiro, o indivíduo começa a sentir falta de ar quando faz um esforço grande, depois moderado, depois leve até a chegar a limitação.

Mas ele vai deixando passar isso. Por exemplo, se ele mora no segundo andar e sobe todo dia de escada e nota que está cansando, ele então começa a ir de elevador e, consequentemente, vai acabar se cansando menos. Outro sinal é o edema, o inchaço nos pés e nas pernas. O problema disso é que os sinais podem ser confundidos com outras doenças. Como asma, enfisema etc.”, esclareceu.


O cardiologista chama ainda atenção para outro sinal: os pacientes que têm a doença, quando vão se deitar, sentem falta de ar e sensação de sufocamento, a chamada dispneia paroxística noturna. “Muitas vezes o paciente está sentindo isso e fica colocando almofadas nas costas para conseguir dormir sem sentir falta de ar”, explica o professor, acrescentando ainda que, quando há suspeita, o médico precisa responder a quatro perguntas: é mesmo insuficiência cardíaca? Qual a etiologia? Qual o fator precipitante? E qual a capacidade que o paciente tem de esvaziar e encher o coração de sangue? “Esses questionamentos fazem parte do escore de risco de Framingham, onde podemos monitorar com base na avaliação preliminar as principais causas de fator precipitante”.


O médico pontua ainda que a insuficiência cardíaca é uma doença tão grave que se sabe “de cara” que 50% das pessoas acometidas estarão mortas em cinco anos. Ela possui mortalidade maior que o câncer. E se for levar em conta a morte hospitalar, aquela que o paciente está no hospital, é de até 30 dias. Além disso, esses são os pacientes que mais voltam para o hospital para se internarem, num prazo de seis meses, chega a 40% ou mais.


“Já temos uma série de medicações que significativamente baseada em estúdios reduzem a mortalidade. No entanto, não temos controle sobre qual o percentual está usando essa medicação. Muitos acabam deixando por efeitos culturais e porque já tomam muitos remédios. Por isso, prevenir a doença cardíaca ainda é a melhor saída.

E para aqueles que já estão acometidos com ela, é preciso tratar. Tratar a hipertensão, o diabetes. Fazendo a prevenção evita-se as doenças que podem levar a insuficiência cardíaca”, concluiu o cardiologista Antônio Carlos Sousa.