05/11/2018 as 10:52

Combate

Câncer de próstata e os avanços tecnológicos no tratamento cirúrgico

Especialista diz que para reduzir os índices alarmantes os homens precisam ficar atentos à prevenção

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Câncer de próstata e os avanços tecnológicos no tratamento cirúrgico

O mês mundialmente conhecido pela campanha novembro azul, dedicado ao combate do câncer de próstata teve início em 2003 na Austrália, e com o passar dos anos a ação ganhou adeptos ao redor do mundo. No Brasil a campanha é realizada desde 2008, com o apoio da Sociedade Brasileira de Urologia.


O câncer de próstata é o tipo de tumor mais comum no homem. Estima-se que a cada 40 minutos um homem morre por conta desta doença no Brasil. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), são esperados mais de 68 mil novos casos de câncer de próstata somente no ano de 2018 no Brasil e, para o estado de Sergipe, 700 novos casos.


De acordo com Dr. André Yoichi, urologista, membro da Sociedade Brasileira de Urologia, membro da Confederação Americana de Urologia e da Associação Europeia de Urologia, para reduzir os índices alarmantes os homens precisam ficar atentos à prevenção. “A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é de que os homens realizem exames periódicos a partir dos 50 anos para a população em geral e a partir dos 45 anos para aqueles com histórico familiar, afrodescendentes e obesos. Esta recomendação vale para o exame de rotina de avaliação da próstata, é importante frisar sobre a necessidade de acompanhamento periódico do homem com um profissional da área de saúde durante toda a sua vida para a prevenção de outras doenças”, explica.

Se o câncer de próstata for detectado no início, com os métodos de tratamento disponíveis atualmente as chances de cura chegam a 90%, porém infelizmente 25% dos pacientes ainda morrem em decorrência desta doença.

Tratamento cirúrgico e avanços tecnológicos
As alternativas de tratamento para o câncer de próstata aumentam a cada ano, os avanços da medicina beneficiam os pacientes através da implementação da tecnologia na cirurgia, na radioterapia e no desenvolvimento de novos medicamentos. Quando o paciente tem o diagnóstico do câncer de próstata, passa por outras avaliações complementares para definir o grau (estadiamento) da doença para entender qual seria o tratamento mais adequado para cada paciente.


No tratamento cirúrgico do câncer de próstata as cirurgias minimamente invasivas têm revolucionado a área. “O princípio da cirurgia minimamente invasiva é realizar uma intervenção cirúrgica de forma menos traumática e mais confortável possível ao paciente, mas o suficiente para resolver o problema. São intervenções que evitam as grandes incisões das cirurgias tradicionais. Entre os benefícios estão: cicatriz cirúrgica reduzida, menos dor no pós-operatório, menor taxa de complicações, recuperação mais rápida, alta hospitalar precoce, retorno mais rápido às atividades habituais e maior conforto do paciente”, afirma Dr. André Yoichi.
Cada vez mais aplicado em todas as áreas cirúrgicas da medicina, na urologia e especificamente no tratamento do câncer de próstata a cirurgia vídeo laparoscópica e a cirurgia robótica já é uma realidade e uma rotina nos grandes centros de saúde, que praticamente não realizam mais a técnica tradicional aberta.


“Na videolaparoscopia, a cirurgia é realizada através de pequenos furos na pele, de 5 a 12 milímetros em média, onde são introduzidas materiais super delicados através dos quais o cirurgião realiza o procedimento. Na cirurgia robótica o mesmo princípio é aplicado, porém os instrumentos são movimentados pelo robô, sob o comando do cirurgião”, conta.

Entendendo a próstata
A próstata é uma glândula exclusivamente masculina, que faz parte do aparelho reprodutor do homem. Localizada abaixo da bexiga e acima do reto, ela envolve a parte inicial da uretra, o canal pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata colabora com a produção do fluido seminal que ajuda a carregar os espermatozoides durante a ejaculação, e tem mais ou menos o tamanho de uma noz (castanha).


Com o processo de envelhecimento do homem, é comum a glândula prostática ser acometida por dois tipos de problemas: a hiperplasia benigna e/ou o câncer de próstata.

A hiperplasia prostática benigna é muito comum em homens adultos. Ela é caracterizada pelo crescimento nodular de uma das regiões da próstata, que geralmente se inicia a partir dos 40 anos. Quando isso acontece, a próstata aumenta de tamanho e gradativamente comprime a uretra, diminuindo o seu calibre e dificultando ou impedindo a passagem da urina. Assim o indivíduo passa a ter sintomas relacionados à micção, como:
- Jato urinário fraco e intermitente (com interrupções).
- Esforço para urinar.
- Dificuldade ou demora em iniciar a micção.
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
- Aumento da frequência urinária.
- Necessidade de acordar várias vezes à noite para urinar.
- Presença de sangue na urina.
- Dor e sensação de queimação no ato de urinar.
- Necessidade urgente de urinar.
Este problema pode afetar até 80% dos homens dependendo da sua faixa etária. Portanto, o indivíduo que apresenta um ou mais desses sintomas deve procurar seu urologista para buscar o correto diagnóstico.
Para o diagnóstico, além dos sintomas relatados pelo paciente, realizamos também o exame de toque da próstata, além de exames como PSA, ultrassonografia, urofluxometria, entre outros, para confirmar a suspeita e afastar outras doenças da próstata.
Após esta avaliação o médico saberá se o paciente apresenta hiperplasia prostática benigna e se há necessidade de tratamento.
O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico e a escolha do melhor tratamento será feito em conjunto com o paciente tendo em vista as condições de saúde, o tamanho da próstata, os danos causados ao aparelho urinário, a gravidade dos sintomas, a presença de complicações relacionadas à hiperplasia prostática benigna e a preferência do paciente.

As causas do câncer de próstata
Ninguém sabe exatamente o que causa o câncer de próstata, mas há uma relação clara entre a idade e o aumento de sua incidência, sendo incomum antes dos 45 anos e apresentando uma frequência progressivamente maior conforme a idade do paciente.


O histórico familiar também é relevante, se um parente de primeiro grau (pai ou irmão) já desenvolveu a doença, o risco é maior. Possuir 01 parente de 1º grau aumenta em 2 vezes a chance de doença e a presença de 02 parentes o risco é 6 vezes maior.

Acredita-se que a questão racial possa ser importante no desenvolvimento do câncer de próstata. Nos Estados Unidos, a doença é mais comum entre afrodescendentes, no Brasil também os afrodescendentes possuem o risco 1,5 vezes maior. Mas isso não se repete necessariamente em outros países.

No Oriente, de forma geral, é menos frequente. No entanto, essa baixa incidência pode não ter exclusivamente o fator racial como justificativa, já que orientais que migram para o Ocidente e adquirem hábitos locais apresentam risco de câncer de próstata progressivamente maior nas gerações subsequentes, o que aumenta a evidência de que os hábitos alimentares também podem contribuir no risco. Alguns estudos mostram que uma dieta rica em carne e gordura animal aumentam o risco de doença.

Entendendo os exames necessários
O exame periódico para detecção precoce consiste na realização do exame da próstata pelo toque retal e da coleta de um exame de sangue, o PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico). Até 20% dos casos de câncer de próstata podem ser suspeitados exclusivamente pelo exame de toque, em geral, feito pelo urologista, que dura poucos segundos e é indolor.

O PSA é mensurado no sangue e cabe ao urologista interpretar o resultado, já que também pode estar alterado em outras doenças da próstata, como na hiperplasia benigna da próstata e na prostatite (infecção e inflamação da próstata). A confirmação da doença é feita através da biópsia de próstata, um procedimento em que fragmentos da próstata são retirados para análise laboratorial. Outros exames também podem ajudar e são requeridos de acordo com a necessidade, como tomografia, ressonância e cintilografia.