24/04/2019 as 08:45

Cuidados

Casos de diabetes crescem 94% em 11 anos no Estado

Entre 2010 e 2016, o diabetes já vitimou quase 6 mil pessoas na capital.

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Casos de diabetes crescem 94% em 11 anos no EstadoFoto: Jadilson Simões

Dados do Ministério da Saúde apontam crescimento de 93,9% em casos de diabetes nos últimos 11 anos entre a população masculina de Sergipe. Somente no ano de 2017, 6,4% dos homens foram diagnosticados com diabetes na capital aracajuana. Em 2006, o percentual de diagnósticos em homens com a doença era de 3,3% e agora o índice passou para 6,4%. Entre mulheres, os índices também aumentaram. Foram 56,5% a mais no mesmo período. Em Aracaju, 6,9% da população vive com diabetes.

Na comparação com as demais capitais, os homens de Aracaju (6,4%) apresentaram uma das maiores taxas de diagnóstico médico de diabetes, em 2017. Já entre as mulheres, a capital sergipana foi a 12ª com o menor percentual da doença, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

Entre 2010 e 2016, o diabetes já vitimou 5.782 pessoas em Aracaju. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o número cresceu 14,7% no período, saindo de 737 mortes para 846 no ano de 2016. Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) apontam que a quantidade de internações também cresceu 17,1%: foram 996 em 2010 e 1.167, em 2016. O diabetes é responsável por complicações, como a doença cardiovascular, a diálise por insuficiência renal crônica e as cirurgias para amputações dos membros inferiores.

De acordo com a endocrinologista Dra. Zulmira Freire Rezende, o diabetes é classificado em tipo 1 e tipo 2. O primeiro acomete pessoas mais jovens, como crianças e adolescentes, enquanto o tipo 2 atinge adultos. Apesar de os sintomas serem semelhantes, Dra. Zulmira explica que as causas são diferentes. O tipo 2 é o que tem representado o maior crescimento e ele está relacionado principalmente aos índices de obesidade.

“Enquanto o tipo 1 é causado pela deficiência da insulina, com a perda das células produtoras da insulina no pâncreas e a resposta imunológica alterada, no tipo 2 isso está preservado, no entanto a insulina não exerce a função corretamente em função da presença da gordura visceral. Como o paciente aumenta o peso, aquilo interfere na ação da insulina. E aí vem outras alterações e aparece a diabetes”, explica a especialista.

“O sobrepeso tem provocado o aumento do diabetes. Na composição do corpo da pessoa com obesidade as gorduras prevalecem e a massa regular para insulina fica abaixo do normal. É quando surge a alteração principal, e vem a doença”, ressalta a doutora.
Ainda de acordo com Dra. Zulmira, é possível evitar a diabetes corrigindo o peso, a alimentação e incluindo a prática de atividade física à rotina. “O diagnóstico precoce do diabetes, antes das manifestações clínicas, é muito importante. Porque quando elas aparecem, significa que o diabetes já está bem instalado. O ideal é o diagnóstico precoce. Temos alguns casos em que os pacientes diagnosticados voltam ao normal. Usam a medicação inicialmente, fazem atividades física, e estabelecem os índices. Mas quando tem a doença instalada é também muito importante levar a sério o tratamento, para não ter complicações”, ressalta.


Segundo ela, as amputações não acontecem por acaso e também não têm a ver com sorte. “É a evolução natural da doença. O diabetes se manifesta pela alteração do açúcar, leva em conta alteração das gorduras. Não é por acaso que as amputações ocorrem no início da doença”, disse.

Ainda conforme Dra. Zulmira, antigamente o diabetes era uma doença que assustava muito. “Era mais chocante porque implicava numa mudança muito grande na vida das pessoas, e os medicamentos não ajudavam. Mas hoje os profissionais estão mais bem preparados, o trabalho está muito mais seguro, com métodos de detecção muito avançados, e por consequência, condições muito melhores de tratamento. Todo médico que trabalha na área e atende o paciente diabético sabe que aquele que se cuida, evolui. O fato de estar diabético não deve espantar a pessoa. A questão da mortalidade não é a preocupação maior. As pessoas estão vivendo mais, mas a qualidade de vida é que deve ser buscada por eles, e ela é possível na condição atual”, conclui.

Tratamento do Diabetes no SUS
Para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica – porta de entrada do SUS –, atenção integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. Para monitoramento do índice glicêmico, ainda está disponível nas unidades de Atenção Básica de Saúde reagentes e seringas.


O programa Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas.